Notícia
Cuidado com os gorilas
Aí vai uma dica de um mágico que ensina empresários: há que estar atento aos gorilas ou "um dia passa um e leva-nos o negócio todo". Depois de um maestro, a Associação Nacional de Jovens Empresários e a Academia das Emoções...
02 de Abril de 2009 às 16:04
Aí vai uma dica de um mágico que ensina empresários: há que estar atento aos gorilas ou "um dia passa um e leva-nos o negócio todo". Depois de um maestro, a Associação Nacional de Jovens Empresários e a Academia das Emoções convidou um ilusionista para um encontro com uma plateia vinda do mundo dos negócios. Detalhe final: este mágico é um engenheiro
Um ilusionista a ensinar empresários: que sentido é que isto faz? Vamos já lá.
Em poucos segundos, fica-se a saber que Jomaguy também faz magia com recurso ao computador. Vira-se para a assistência, maioritariamente composta por jovens empresários, e diz que vai passar um vídeo. Antes de o fazer, explica que as imagens vão mostrar um jogo com duas equipas, uma vestida de preto e outra de branco. Cada uma destas equipas terá uma bola, que só é passada entre os próprios elementos: ou seja, a equipa de branco vai estar a passar a bola entre os seus elementos e, simultaneamente, a equipa de preto vai fazer o mesmo. Jomaguy pede a parte da assistência para contar o número de passes que a equipa branca vai fazer entre si e outra parte da plateia fica responsável por contar o número de passes da equipa preta.
Após o vídeo terminar, o mágico pergunta o número de passes que cada equipa fez. Os presentes vão apresentando a sua contabilidade, mas cedo se percebe que os passes interessam pouco a Jomaguy. "Não notaram nada de estranho no vídeo?", questiona o mágico. Quase de imediato, alguém diz que viu "um macaco a passar entre as equipas". Pelo contrário, houve quem não visse o símio. Jomaguy tinha chegado onde queria.
"Uma das ferramentas da magia é a 'misdirection': o mágico concentra a atenção dos espectadores num determinado ponto, para que estes não se apercebam do lugar onde está a decorrer verdadeiramente a ilusão", contextualiza Jomaguy. "Eu pedi-vos para contar o número de passes entre cada uma das equipas. Desviei a vossa atenção para esse ponto e muitos de vós não viram o macaco a passar. É muito importante estarmos atentos à nossa volta, mesmo quando estamos focados num ponto. É que um dia passa um gorila e leva-nos o negócio todo", explica Jomaguy à audiência.
Estava evidenciado o propósito da sessão - mostrar as paridades entre a actividade de um mágico e o trabalho de um empresário. E ninguém quer gorilas a destruir negócios.
"O impossível é possível"
"O espírito com que partimos para esta iniciativa é simples: empresas mágicas, pessoas mágicas", diz ao Negócios João Abreu, da Academia das Emoções, empresa que tem levado à ANJE formadores de empresários pouco convencionais. Já houve uma acção com um maestro, houve esta com magia e vem aí uma com um músico. "Queremos motivar os trabalhadores e gerar resultados através de um modelo de formação comportamental baseado em áreas tradicionalmente pouco ligadas ao mundo empresarial", acrescenta João Abreu.
Se a acção com o maestro despertou o "desenrascanço" musical - ao que se consta, a sessão acabou com os presentes, qual orquestra, a fazer música com o que estava à mão -, Jomaguy conseguiu deixar uma mensagem que teria feito muito bem aos leões futebolísticos. É que à mesma hora em que o mágico fazia das suas na ANJE, o Sporting estava a ser goleado pelo Bayern. E sabem qual foi o pedido de Jomaguy durante a sessão? "Quero que saiam daqui com uma ideia: o impossível é possível".
"É essencial ter a mente aberta" Carla Carneiro foi uma das empresárias presentes no "workshop" de Jomaguy. "Queria tentar perceber até que ponto a magia se envolve com o mundo dos negócios. Na minha área, é essencial termos a mente aberta para novas ideias, novos conceitos e aliar a magia às empresas é, sem dúvida, uma novidade", sustenta Carla Carneiro, tem uma empresa de produção de eventos, a "No Tecto do Mundo". Mozilla. "A magia ajuda a ver diferente" Joaquim Carvalho foi igualmente um dos empresários que compôs a audiência de Jomaguy. "Achei a ideia interessante. Ajuda-nos a ver pontos de vista diferentes", diz Joaquim Carvalho, que dirige uma empresa de informática, a CMI. Além de estar à descoberta dos pontos em comum entre a magia e os negócios, o empresário foca a ideia de que "é necessário estar atento a objectivos que seriam descurados à partida, pois podem ser esses objectivos que ajudam a empresa a progredir no mercado".arla Carneiro foi uma das empresárias presentes no "workshop" de Jomaguy. "Queria tentar perceber até que ponto a magia se envolve com o mundo dos negócios. Na minha área, é essencial termos a mente aberta para novas ideias, novos conceitos e aliar a magia às empresas é, sem dúvida, uma novidade", sustenta Carla Carneiro, tem uma empresa de produção de eventos, a "No Tecto do Mundo". Mozilla. |
Perfil Jomaguy não é apenas um mágico. Quando despe o seu alterego ilusionista, passa a ser José Manuel Guimarães, engenheiro que trabalhou no mundo empresarial ao longo de mais de 30 anos. Quando tomou conhecimento da Academia das Emoções, que aposta em acções de formação em contextos artísticos e mais interactivos, foi o próprio que propôs a apresentação que efectuou há umas semanas na ANJE. "Apesar de não haver solução mágica para as empresas combaterem a crise actual, a magia transmite uma energia positiva e apela ao sentido de criatividade e ousadia", conta José Manuel Guimarães. "A magia também pode apelar ao sentido de inovação dos jovens empresários. Quer na magia, quer nos negócios, têm que se assumir riscos, mas a dedicação tem que estar sempre presente. Com este 'workshop', quero passar a ideia de que o impossível é possível - só temos que nos adaptar às situações e saber lidar com elas." "Surpreender" é a palavra-chave para o mágico-engenheiro. "Mais que apresentar novos truques, um mágico tem que surpreender na forma como os mostra. Os jovens empresários podem seguir esta ideia: em vez de surpreender no produto, podem surpreender na apresentação e na comunicação do produto." José Manuel Guimarães conta que pretende "fazer a ponte entre a área artística e a empresarial e passar a mensagem de que é interessante aplicar conceitos da magia noutras áreas, inclusive na dos negócios". Os jovens gestores têm, segundo o mágico, que "ter a capacidade de concentrar, de forma constante, a atenção dos seus clientes". A terminar, dá um retoque proverbial. "A magia é a alma do segredo do negócio", conclui José Manuel Guimarães. |