Notícia
Cell2b - Como enganar o corpo humano
Daniela Couto, Pedro Andrade, Francisco Santos e David Malta querem enganar o corpo humano. O objectivo é que cada órgão transplantado seja bem-vindo à nova casa.
16 de Agosto de 2012 às 11:19
David Malta, 27 anos, não hesita. "Não existe nenhum produto no mercado que faça o mesmo que o nosso." De que fala o jovem doutorado pelo MIT (Massachusetts Institute of Tecnology)? Do fármaco que a Cell2b desenvolveu para tratar doentes que apresentam sinais de rejeição após transplantes de medula óssea. E os promotores do projecto querem expandir a área de actuação do seu produto. Na mira, encontra-se o tratamento de doenças do foro imunológico e oncológico.
Os quatro empreendedores vão dando conta do negócio, sendo que apenas dois estão dedicados à Cell2b a 100%: David Malta e Daniela Couto. Pedro Andrade e Francisco Santos estão a fazer um pós-doutoramento na área, mas a equipa vai ter de crescer. "Em breve, vamos ter de expandir a empresa", conta David Malta. Mais de um ano e meio depois de a empresa ter sido criada, os quatro sócios-fundadores precisaram de um aumento de capital de 600 mil euros para poderem avançar com os testes de eficácia e segurança a que o regulador obriga. O investimento chegou de "business angels" interessados no projecto.
"Já temos o produto inicial desenvolvido com resultados em seis doentes portugueses. Temos a prova de que funciona e precisamos de efectuar os testes de segurança e eficácia para avançar com a comercialização", acrescenta David Malta.
Colaboração entre médicos e engenheiros
Desde 2007 que a equipa da Cell2b colaborava com o IPO apenas com uma autorização do Comité de Ética. Segundo o jovem, se não fosse esta colaboração entre "médicos" e "engenheiros", que anteriormente não existia, não teriam conseguido avançar para a Cell2b. Aquilo que parecia um entrave, tornou-se uma mais-valia. "Tivemos de começar a pensar como é que esta terapia poderia ajudar quem mais precisa e concluímos que seria através de um projecto empresarial. Em Maio de 2010 fizemos o plano de negócios para concorrermos a um concurso de empreendedorismo do MIT Portugal, mas não vencemos. Isso motivou-nos a começar a empresa a sério, porque achámos que o júri não estava certo sobre o nosso produto", conta.
Para David Malta, não existem doenças que as grandes farmacêuticas não tentem solucionar, por isso estão cientes da concorrência. Contudo, não o assusta. Acrescenta que o produto que inventaram já está patenteado e não existe outro no mercado que faça o mesmo. A prova de conceito foi realizada na doença do enxerto contra o hospedeiro, a rejeição que está associada aos transplantes de medula óssea. "O que a nossa terapia faz é dizer ao corpo que aquele órgão transplantado, que ele não reconhece, é benéfico para ele, apesar de ser um elemento externo."
Além da medula óssea, a inovação da Cell2b pode tratar transplantes de fígado, coração, doenças do foro imunológico, como a doença de Crohn (patologia crónica inflamatória intestinal) e artrite inflamatória. O tratamento para cada uma destas doenças deve ser testado antes de ir para o mercado. David Malta acredita que em 2016 a empresa está pronta para comercializar a terapia para o transplante de medula óssea. As restantes dependem do investimento que o projecto conseguir angariar.
Dez milhões de euros para testes
"Só para fazermos os testes clínicos da doença do enxerto precisamos de cerca de dez milhões de euros", diz David Malta. Os 600 mil euros conseguidos através de "business angels" permitem obter a autorização para se iniciarem os ensaios. "Andamos a conversar com investidores nacionais e internacionais para termos o resto do financiamento no final de 2013. Estive duas semanas nos Estados Unidos da América a apresentar o projecto e o 'feedback' foi muito positivo", diz.
Confessa que sempre foi seu objectivo estar envolvido em projectos que tivessem um carácter inovador, mas não estava à espera de algo como a Cell2b. David Malta foi o elo de ligação entre os vários membros do grupo. Partilhava o laboratório com Pedro Andrade e Francisco Santos e conhecia Daniela Couto do MIT. Daniela Couto é especialista no modelo de negócio desta área de actividade e venceu a categoria Start do prémio "Mulher Empresária", da ANJE (Associação Nacional de Jovens Empresários) quando a empresa tinha apenas cinco meses de vida.
Até à data, o grande desafio tem sido levantar o financiamento necessário para levar avante o desenvolvimento tecnológico da terapia celular que inventaram.
Bilhete de identidade
Fundadores David Malta, Daniela Couto, Pedro Andrade e Francisco Santos
Área de actividade Desenvolvimento e comercialização de terapias celulares avançadas
Início de actividade Janeiro de 2011
Investimento inicial 30 mil euros
Sede Instituto Superior Técnico
Prémios dão visibilidade
Desde que criaram a empresa, os quatro fundadores somam galardões. Cinco meses depois, Daniela Couto foi distinguida na categoria Start do Prémio Mulher Empresária, promovido pela ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários. Foram vencedores da edição de 2011 do concurso BES Inovação, na área da saúde, do programa Arrisca C, da Universidade de Coimbra e foram um dos três finalistas do ACES, um concurso europeu de empreendedorismo, na categoria de Empreendedorismo Jovem. "Os prémios são sempre fantásticos por dois motivos: porque nos dão reconhecimento e porque dão visibilidade ao projecto, permitindo que conversemos com investidores", conta David Malta. Outro dos benefícios é o facto de esta visibilidade lhes permitir chegar a associações de doentes e saber quais as suas necessidades e que impactos têm os produtos que desenvolvem na vida dos pacientes, segundo o empreendedor.
Os quatro empreendedores vão dando conta do negócio, sendo que apenas dois estão dedicados à Cell2b a 100%: David Malta e Daniela Couto. Pedro Andrade e Francisco Santos estão a fazer um pós-doutoramento na área, mas a equipa vai ter de crescer. "Em breve, vamos ter de expandir a empresa", conta David Malta. Mais de um ano e meio depois de a empresa ter sido criada, os quatro sócios-fundadores precisaram de um aumento de capital de 600 mil euros para poderem avançar com os testes de eficácia e segurança a que o regulador obriga. O investimento chegou de "business angels" interessados no projecto.
Colaboração entre médicos e engenheiros
Desde 2007 que a equipa da Cell2b colaborava com o IPO apenas com uma autorização do Comité de Ética. Segundo o jovem, se não fosse esta colaboração entre "médicos" e "engenheiros", que anteriormente não existia, não teriam conseguido avançar para a Cell2b. Aquilo que parecia um entrave, tornou-se uma mais-valia. "Tivemos de começar a pensar como é que esta terapia poderia ajudar quem mais precisa e concluímos que seria através de um projecto empresarial. Em Maio de 2010 fizemos o plano de negócios para concorrermos a um concurso de empreendedorismo do MIT Portugal, mas não vencemos. Isso motivou-nos a começar a empresa a sério, porque achámos que o júri não estava certo sobre o nosso produto", conta.
Para David Malta, não existem doenças que as grandes farmacêuticas não tentem solucionar, por isso estão cientes da concorrência. Contudo, não o assusta. Acrescenta que o produto que inventaram já está patenteado e não existe outro no mercado que faça o mesmo. A prova de conceito foi realizada na doença do enxerto contra o hospedeiro, a rejeição que está associada aos transplantes de medula óssea. "O que a nossa terapia faz é dizer ao corpo que aquele órgão transplantado, que ele não reconhece, é benéfico para ele, apesar de ser um elemento externo."
Além da medula óssea, a inovação da Cell2b pode tratar transplantes de fígado, coração, doenças do foro imunológico, como a doença de Crohn (patologia crónica inflamatória intestinal) e artrite inflamatória. O tratamento para cada uma destas doenças deve ser testado antes de ir para o mercado. David Malta acredita que em 2016 a empresa está pronta para comercializar a terapia para o transplante de medula óssea. As restantes dependem do investimento que o projecto conseguir angariar.
Dez milhões de euros para testes
"Só para fazermos os testes clínicos da doença do enxerto precisamos de cerca de dez milhões de euros", diz David Malta. Os 600 mil euros conseguidos através de "business angels" permitem obter a autorização para se iniciarem os ensaios. "Andamos a conversar com investidores nacionais e internacionais para termos o resto do financiamento no final de 2013. Estive duas semanas nos Estados Unidos da América a apresentar o projecto e o 'feedback' foi muito positivo", diz.
Confessa que sempre foi seu objectivo estar envolvido em projectos que tivessem um carácter inovador, mas não estava à espera de algo como a Cell2b. David Malta foi o elo de ligação entre os vários membros do grupo. Partilhava o laboratório com Pedro Andrade e Francisco Santos e conhecia Daniela Couto do MIT. Daniela Couto é especialista no modelo de negócio desta área de actividade e venceu a categoria Start do prémio "Mulher Empresária", da ANJE (Associação Nacional de Jovens Empresários) quando a empresa tinha apenas cinco meses de vida.
Até à data, o grande desafio tem sido levantar o financiamento necessário para levar avante o desenvolvimento tecnológico da terapia celular que inventaram.
Bilhete de identidade
Fundadores David Malta, Daniela Couto, Pedro Andrade e Francisco Santos
Área de actividade Desenvolvimento e comercialização de terapias celulares avançadas
Início de actividade Janeiro de 2011
Investimento inicial 30 mil euros
Sede Instituto Superior Técnico
Prémios dão visibilidade
Desde que criaram a empresa, os quatro fundadores somam galardões. Cinco meses depois, Daniela Couto foi distinguida na categoria Start do Prémio Mulher Empresária, promovido pela ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários. Foram vencedores da edição de 2011 do concurso BES Inovação, na área da saúde, do programa Arrisca C, da Universidade de Coimbra e foram um dos três finalistas do ACES, um concurso europeu de empreendedorismo, na categoria de Empreendedorismo Jovem. "Os prémios são sempre fantásticos por dois motivos: porque nos dão reconhecimento e porque dão visibilidade ao projecto, permitindo que conversemos com investidores", conta David Malta. Outro dos benefícios é o facto de esta visibilidade lhes permitir chegar a associações de doentes e saber quais as suas necessidades e que impactos têm os produtos que desenvolvem na vida dos pacientes, segundo o empreendedor.