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A vida dá trabalho aos 76 anos

Ele é um português que acha as angolanas mais bonitas que as brasileiras. O tempo (não se confunda com meteorologia) também tem a sua influência nestas decisões estéticas. Gomes de Castro leva mais de duas décadas a viver em...

14 de Maio de 2009 às 16:55
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Gomes de Castro |
Angola é o mercado em que o empresário se instalou a partir dos anos 90.

Procurou oportunidades de negócio em Angola e instalou-se no país no início dos anos 90. Fornece bens para vários sectores e prepara novos investimentos.

Ele é um português que acha as angolanas mais bonitas que as brasileiras. O tempo (não se confunda com meteorologia) também tem a sua influência nestas decisões estéticas. Gomes de Castro leva mais de duas décadas a viver em Angola e o Brasil só o teve lá por alguns anos. E é a Angola das mulheres bonitas que guarda o pequeno império empresarial do português.

É preciso recuar à década de 70 para entender melhor o que se conta. Então, Gomes de Castro, hoje com uns jovens 76 anos, decidiu ir para o lado de lá do Atlântico. Já tinha experimentado projectos empresariais em Portugal em diversas áreas, mas este homem não estava destinado a assentar no País que o trouxe à vida. Aterrou no Brasil, onde passou pela construção civil, mas os ventos acabaram por trazê-lo de volta a este cantinho europeu. Não foi desta que ficou lá fora, mas estava quase.

Já na década de 80, começa a fazer viagens sucessivas a uma outra paisagem onde o português se fazia ouvir - Angola. Faz prospecções de mercado, para perceber o que faltava nas terras das belas mulheres africanas, e toma a decisão definitiva em 1990, ano em que parte definitivamente para Angola. E por lá ficou até hoje.

Começou "por vender de tudo", porque era uma fase em que faltava tudo a um país que hoje tem quase tudo. "Desde remédio de ratos até fechaduras", Gomes de Castro lançou-se em pequenos negócios que se fizeram grandes. Pelo meio, articula a empreitada com Portugal, onde vem buscar o que precisa para vender em Angola o que era preciso. É com o conceito "vender de tudo" que se torna num importador, distribuidor e comerciante de produtos e equipamentos para todos os sectores e segmentos de actividade - construção civil, agricultura, metalomecânica, hotelaria, hospitais, entre outros, são alguns dos campos de actividade para onde fornece materiais.

Aos poucos, estrutura empresarialmente este negócio assente na importação e posterior venda em Angola. Começa por comercializar os produtos e bens de equipamento na inevitável Luanda, onde nasce a sua Maquil, e expande o conceito a Lubango (é onde está a sua Maquitel), a Huambo (sede da Maquifer) e a Lobito (casa da Romafe). Isto é, o negócio do "vender tudo" conquista quatro localidades e transforma Gomes de Castro numa espécie de "pop star" do universo empresarial angolano.

A este pequeno império somam-se ainda os retoques definitivos: a Maquil Internacional, com sede em Angola, torna-se no chapéu empresarial de toda a actividade; a Maquimar, em Namibe, centra-se exclusivamente na comercialização de produtos para a construção civil e agricultura; a Gomang, que está em Portugal, assume a exportação dos materiais que partem sobretudo da Europa e que são vendidos na Angola de Gomes de Castro; finalmente, há a novíssima Eurotubos, a nova menina do empresário, que será uma fábrica de produção de tubos e outros produtos em PVC - vai custar 25 milhões de dólares.

Responsável pelo emprego de 85 pessoas (vai criar mais 45 postos de trabalho em breve) e com um grupo que facturou 70 milhões de dólares no ano passado, é assim que o futuro surge a Gomes de Castro: "Hei-de morrer a trabalhar. Mas o que faço não é por obrigação, é por prazer".

A vida dá trabalho aos 76 anos.

A amiga Simone

Conhecemos a Simone. E quem é a Simone? Não é humana (mas podia ser).

Gomes de Castro foi à caça em meados de 90. "Não gosto de matar", disse há dias ao Negócios, e ficamos a saber toda a verdade. É que em vez de recorrer à via de tirar vida, o empresário optou pela hipótese da adopção: enquanto caçava, Gomes de Castro descobriu um chimpanzé perdido nas terras de África e decidiu ficar com o animal, que acabou por se tornar num companheiro permanente. "Foi um amigo como um humano o poderia ser. Esteve comigo 16 anos, mas tive que a entregar, porque cresceu muito. Está agora na África do Sul", conta o português.

Continuamos com a Simone. Aqui há umas semanas, e quando o Negócios se cruzou com Gomes de Castro, o empresário interrompeu o diálogo para chamar um dos seus colaboradores e pediu-lhe para ir buscar "as camisolas". Para quem está a meio de uma entrevista, não deixa de ser um pedido estranho - mas nós gostamos destes momentos estranhos. Enquanto ficamos à espera "das camisolas" que não sabemos o que são, Gomes de Castro saca umas fotografias. Numa das imagens, vê-se um pequeno chimpanzé, que enverga uma camisola muito curta e que está sentado numa cadeira qual criança. É a Simone, a tal que Gomes de Castro resgatou de uma vida mais selvagem.

Entretanto, chegam "as camisolas". E o que são? De tamanho "L", brancas, "as camisolas" não são mais do que uma homenagem à Simone, que o empresário decidiu estampar em tecido (é importante saber que parte desta texto foi escrito envergando esta camisola que mostra uma Simone vaidosa).

Gomes de Castro é assim. Terra a terra, sem grandes formalismos e um bigode irresistível que acompanha os seus actuais 76 anos de vida. Mostrou-nos a Simone, deu-nos uma fotografia e ficamos todos mais bem dispostos. Quem disse que o jornalismo económico é cinzento?
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