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O que será a ENERGIA dentro de dez anos
Produzir energia em casa e participar na gestão técnica da rede nacional, em troca de dinheiro, será algo comum no dia-a-dia dos portugueses dentro de dez anos. Perante a irreversível evidência de que o tempo da energia barata acabou, a adopção de consumo
“O consumidor passivo de energia acabou!” Esta é a realidade vaticinada por vários especialistas do sector ouvidos pelo Jornal de Negócios, para daqui a uma década, quando a produção de energia e a gestão da rede nacional estarão ao alcance de qualquer doméstico e não apenas das grandes empresas como hoje acontece. E como contrapartida por desempenharem estas novas funções, os consumidores vão ainda vai receber dinheiro. Tudo por uma boa e, incontornável, causa: a boa eficiência do sistema. “A preocupação do uso racional da energia será a preocupação central”, resume Mira Amaral, ex-ministro PSD da Indústria, com a pasta da energia.
Dar autorização para desligar a máquina de lavar roupa ou o sistema de aquecimento central, “para ajudar o operador de rede a dar resposta às necessidades de energia do mercado, vai ser uma das muitas competências que o utilizador doméstico pode assumir dentro de 10 anos”, explica João Peças Lopes, professor catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Por outro lado, quem investir na produção numa lógica de micro-geração, vai reduzir a factura energética, vendendo à rede o excedente do consumo.
Estes avanços, visíveis na adopção de um modelo de produção descentralizada – versus os grandes centros produtores actuais – vão ser possíveis através da implementação de novas tecnologias na gestão da rede de distribuição, nomeadamente, com a tão esperada telecontagem dos consumos em tempo real. As chamadas “smart grids” são o grande revolução esperada para o sector.
Mas tanto Peças Lopes, como Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa Portugal e ex-secretário de Estado PSD da Energia estão cépticos quanto a grandes mudanças num horizonte tão curto, prevendo transformações estruturais e com efeitos práticos apenas dentro de duas décadas. A inércia do sector – motivada pela exigência de fortes investimentos de capital intensivo e necessidade de inovação tecnológica, a par de alteração de comportamentos humanos – é a grande justificação apontada para a demora.
Esta evolução, que entretanto começa a sentir com novas políticas públicas e planos estratégicos empresariais, é porém irreversível. Sobretudo, porque, “o tempo da energia barata acabou”. Um dos muitos actores do sector em Portugal que defende esta tese é o presidente da EDP, defendendo que a perante isto o caminho tem de ser o do “melhor” consumo.
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