A política não é um tema que desperte muito interesse aos consumidores de notícias portugueses, segundo o estudo Públicos e Consumo de Media apresentado esta terça-feira pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).

Segundo o documento, que teve como referência o questionário utilizado no projecto Reuters Institute DigitalNews Report, os portugueses são aqueles que demonstram menos interesse em notícias políticas, comparando com os outros cinco países analisados.

Dos inquiridos portugueses, cerca de 14% afirmou ter muito interesse em temas da esfera política. Números muito baixos, tendo em conta os números da Alemanha (60%), dos EUA (55%) e da Dinamarca e Itália (41%).

O baixo grau de interesse por notícias de política dos portugueses ganha ainda mais expressão quando comparado com o número de indivíduos que afirmaram não estarem nada interessados: 22% em Portugal enquanto no Reino Unido se fixa nos 8%, em Itália em 6% e nos EUA, por exemplo, em 5%.

"Estes dados sugerem que estamos perante diferentes culturas cívicas, nas quais se atribuem valores muito diferenciados relativamente à participação na vida pública e, em particular, ao papel das notícias para um exercício quotidiano da cidadania", lê-se no documento.

O estudo encomendado pela ERC conclui ainda que estes números podem sugerir duas realidades: um certo afastamento dos cidadãos em relação à vida política e um certo desinteresse sobre a forma como as notícias tendem a representar a vida política.

Analisando o interesse em ler notícias sobre esta temática por género e idade, conclui-se que os temas de política cativam mais os homens (51%) e aumenta na população com mais idade (55-64 e 65 ou mais anos).

As notícias nacionais estão no topo das preferências dos portugueses, com 92% dos inquiridos a procurar notícias sobre esta temática, seguindo-se as internacionais (75%), saúde e educação (40%), desporto (37%) e economia e entretenimento, sociedade e celebridades (28%).

No que toca às principais fontes de informação política, os jornais lideram com 64%, a rádio e televisão com 57% e as redes sociais com 40%.