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OCS recuaram nas receitas e assentam em modelo de "contenção de custos", alerta ERC

Apesar da ligeira quebra, publicidade continua a ser a maior fonte de receita do órgãos de comunicação social em Portugal.

27 de Julho de 2023 às 12:22
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A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) revelou num estudo sobre a sustentabilidade do setor que indica que, apesar de melhorias nos resultados operacionais das empresas de comunicação social, as receitas recuaram entre 2016 e 2021. A estratégia de negócio dos órgãos de comunicação social (OCS) tem assentado "na contenção de custos" e não na expansão do mercado, que a ERC considera "a base da sustentabilidade futura".

As receitas operacionais caíram 6% e foi transversal entre as empresas de todos os segmentos de media. Entre 2016 e 2021, refere a ERC, apenas a RTP apresentou um crescimento da receita entre as maiores empresas multimédia. 

Ao nível da evolução dos resultados antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) as empresas proprietárias de vários tipos de órgãos de comunicação social apresentaram quebras e os operadores de rádio resultados positivos. 

Na imprensa, os prejuízos do EBITDA agravaram-se entre 2016 e 2021 influenciados em grande parte pelos resultados do jornal Público. "Sem esta empresa, o EBITDA agregado (da imprensa) seria positivo, apesar da tendência descendente se manter", nota o estudo. 

Publicidade mantém-se como principal receita

A publicidade continua a ser a principal fonte de receita dos órgãos de comunicação social. Nos maiores grupos económicos do setor (Cofina, Global Media, Media Capital, Impresa e RTP) as receitas desceram, ainda assim, 0,5% ao ano nos último cinco anos. A entidade reguladora acredita que as "incertezas são grandes quanto às fontes de receitas futuras" e que se agravam pelo "enquadramento de pirataria e pelas divergências fiscais e regulatórias entre países dentro da União Europeia".

O relatório refere que, ainda que a televisão ainda mantenha relevância no ramo, a publicidade digital tem crescido no país, "mas o seu peso no total está longe dos níveis internacionais". Prevê-se que no médio-prazo, com as diferenças de tipo de conteúdo entre o digital e a TV, nomeadamente no consumo de vídeo, e com a migração para o digital, a transferência de investimento acabe por ocorrer, "mesmo que bastante no futuro".

Para lidar com essa possível transferência de fundos da publicidade, a televisão está a migrar também para o digital e os próprios prestadores de comunicações têm vindo a "integrar serviços streaming na mensalidade de algumas ofertas em pacote".

Sobre a migração de conteúdos jornalísticos para o digital, a ERC diz que há um aumento da procura de "conteúdos fidedignos, independentes e profissionalmente construídos" e que essas características distinguem os órgãos de comunicação social num contexto de "sobre-oferta de conteúdos online".

Excluindo a contribuição audiovisual recebida pela RTP e a indemnização compensatória da agência Lusa – que representam 28% das receitas totais dos principais grupos de media em 2021 – a venda de conteúdos, de produções e direitos de transmissão é a segunda maior fonte de receita das empresas. Entre as empresas privadas esta fonte representou 20% das receitas no ano de 2021.

O estudo conclui que a "cobertura regional é escassa" e que há dificuldade em captar públicos mais jovens. A situação agrava-se em segmentos com mais concorrentes onde as empresas "enfrentam mais obstáculos à adaptação ao digital e continuam a funcionar em estruturas tradicionais". Defende também um papel do Estado nos órgãos de comunicação social, que além de financiador, deve ser também "promotor de um setor mais livre e móvel", com papel na atualização da legislação e procedimentos.

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