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Netflix está à procura de publicitários e oferece um salário de 400 mil dólares por ano
A Netflix chamou a atenção de Hollywood ao investir milhares de milhões de dólares para tirar produtores de filmes e telespectadores de estações de televisão rivais. Mas também está a frustrar as concorrentes de outra forma, mais velada: ao caçar talentos e aumentando os salários.
A gigante do streaming atraiu dezenas de profissionais dos media oferecendo grandes aumentos salariais. Os recrutados chegam a garantir o dobro do salário, incluindo acções e outros benefícios, revelam fontes próximas do assunto.
Com 10 mil milhões de dólares para programação e marketing este ano - e uma acção que disputa novamente a liderança do S&P 500 -, a Netflix, que tem sede em Los Gatos, Califórnia, está a subverter a forma de remunerar os profissionais em Hollywood. As emissoras de televisão e os estúdios estão com dificuldades em acompanhar uma rival que investirá 300 milhões de dólares num produtor como Ryan Murphy e pagará somas generosas também no resto da cadeia alimentar.
"Com combinações de salário-base, bónus, acções e incentivos de longo prazo, as empresas de novos media estão a descobrir formas de superar os estúdios tradicionais", afirmou Neal Lenarsky, fundador da STI Management, que representa executivos da indústria de media.
A velha Hollywood está a tentar responder. Alguns estúdios desistiram de vender programas ao serviço on-line. A Walt Disney chegou ao ponto de tirar os seus filmes da empresa e lançar os seus próprios serviços de streaming. A 21st Century Fox entrou com uma acção judicial em 2016, alegando que a empresa induziu executivos a violarem os seus contratos. A Netflix contra-atacou e o caso está a arrastar-se.
Nada disto impede a Netflix de atrair publicitários com salários de até 400.000 dólares por ano e outras remunerações, aproximadamente o dobro dos seus salários anteriores, segundo fontes, que pediram anonimato por estarem a discutir dados sobre remunerações privadas. Profissionais mais experientes estão a receber aumentos semelhantes, revelou um executivo abordado pela Netflix.
Ao fazer ofertas, a Netflix estima o valor de um candidato com base na experiência e no título, segundo funcionários que pediram anonimato por discutirem a política da empresa. E então, paga ao recrutado o topo da faixa correspondente possível. A empresa também permite que os candidatos recebam 50% da remuneração em opções, revelaram as mesmas fontes. Uma mudança recente na lei da Califórnia impede os empregadores de perguntar aos candidatos qual era o seu salário anterior.
A Netflix empregava mais de 5.400 pessoas no fim do ano, menos do que as concorrentes do sector de media, e as receitas para este ano deverão ascender a 15,8 mil milhões de dólares. A CBS, proprietária das emissoras CBS e Showtime TV, tem uma folha de pagamentos de mais de 12.000 funcionários e uma estimatia de receita de 14,5 mil milhões de dólares para este ano.
Alguns analistas têm questionado os gastos da Netflix argumentando que não há hipótese de a empresa lucrar se gastar a este ritmo. Mas o CEO Reed Hastings e a sua equipa têm deixado os investidores satisfeitos reportando um crescimento recorde do número de assinantes.
"Existem cada vez menos serviços que um estúdio de TV pode oferecer a um artista ou produtor e que a Netflix não possa oferecer também", disse Anthony DiClemente, analista da Evercore ISI. "Nesta altura, os investidores de Wall Street não estão interessados em quanto a empresa gasta em conteúdo ou infraestrutura, desde que o número de assinantes continue a crescer e a ultrapassar as estimativas."
(Texto original: Help Wanted: Netflix Movie Publicist. $400,000 Including Options)