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Administração do DN proíbe publicidade do CM sobre caso Sócrates

A administração do Diário de Notícias ordenou que o jornal retire a publicidade do Correio da Manhã sobre o impedimento de publicar notícias relativas ao processo judicial que envolve José Sócrates. O Expresso avança que esta foi uma decisão tomada por Proença de Carvalho, ex-advogado de Sócrates.

04 de Novembro de 2015 às 20:36
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A administração da Global Media decidiu impedir o Diário de Notícias (DN) de voltar a publicar a publicidade do Correio da Manhã (CM) relativa à decisão judicial que impede o jornal de noticiar o processo judicial contra o ex-primeiro-ministro José Sócrates.

 

De acordo com a notícia avançada pelo jornal Expresso, esta decisão terá sido tomada por Daniel Proença de Carvalho, presidente não executivo da Global Media, dona de publicações como o DN e o Jornal de Notícias (JN), e comunicada ainda na tarde da passada sexta-feira. Aquela publicação adianta que esta versão foi desmentida pela comissão executiva da Global Media.

 

O Expresso acrescenta que nesse mesmo dia 30 de Outubro, mas ainda durante o período da manhã, uma decisão idêntica havia sido tomada pelo director do Jornal de Notícias, Afonso Camões, reconhecidamente um amigo pessoal de Sócrates.

 

Apesar do desmentido da comissão executiva da empresa, José Carlos Lourenço, Chief Operations Officer da Global Media, explica que esta decisão foi tomada porque "achámos que aquilo era uma campanha de publicidade ao CM e não uma campanha sobre a liberdade de imprensa".

 

Já o director do CM, Octávio Ribeiro, em declarações ao Expresso, sustenta que "o que está em causa nesta situação de proibição de noticiar o processo de Sócrates é a defesa do bem comum". Nesse sentido, Octávio Ribeiro diz que "lamenta a posição assumida por esses dois jornais".

 

"Não consigo separar essa tomada de decisão da figura de Proença de Carvalho que foi advogado de José Sócrates e ainda o é nalguns processos", acusa o director do CM.

 

Já André Macedo, director do DN, afiançou ao Negócios que "este assunto não chegou a ser assunto para a direcção editorial e não tinha de ser". Ao Expresso, André Macedo notou ainda que "a decisão de publicar ou não, neste caso, é anterior a mim, (…) não é editorial ou jornalística, é da comissão executiva da empresa que tem autoridade para o fazer".

 

Macedo confirmou que não teve conhecimento prévio do conteúdo da publicidade que a agência de meios da Cofina reservou, junto do departamento comercial da Global Media, na tarde da última quinta-feira. O Expresso refere que as páginas para a publicidade do CM ficaram reservadas mas a necessitar de aprovação. Assim, o director do DN explica que apenas tomou conhecimento de que o anúncio que já estava no plano da edição não iria ser publicado.

 

Sobre a explicação dada por André Macedo, Octávio Ribeiro nota, num tom irónico, que "se a decisão do DN não foi da direcção, esse é um bom sinal para o projecto jornalístico subjacente a um jornal que é centenário".

 

Já em afirmações proferidas ao Negócios, o director do CM lamenta a decisão editorial do JN de não publicar "um manifesto a favor da liberdade de imprensa", algo "só explicável se for tomada por alguém que não sabe o que é jornalismo e que não sente o apelo de informar". Octávio Ribeiro deixa ainda outro recado à direcção editorial do JN, garantindo que se este jornal alguma vez "vir cerceado o seu dever de informar, contará sempre com o CM a seu lado".

Este caso foi originado com a decisão tomada, na semana passada, pelo Tribunal da Comarca de Lisboa que deferiu a providência cautelar interposta pela defesa de José Sócrates e que tinha como objectivo impedir o grupo Cofina de divulgar notícias sobre o processo Operação Marquês, cujo principal nome envolvido é o do ex-primeiro-ministro. 
 

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