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Ilídio Pinho: “Um jovem ambicioso” que mudou a indústria do Norte

O livro “Uma vida. O empresário e a utilidade pública” conta a história de Ilídio Pinho, industrial emblemático do Norte que nasceu no seio de uma família industrial, mas teve que trilhar o seu próprio caminho.

Correio da Manhã
10 de Setembro de 2015 às 16:40
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"Pois então, quem vai construir a fábrica de latas, naquele pinhal que comprei em Lordelo, sou eu. Custe o que custar!". Foi assim que Ilídio Pinho saiu de uma reunião com o pai e irmãos, depois de se desentenderem quanto a uma sociedade familiar que nunca se concretizou.

E foi em Lordelo, Vale de Cambra, que o futuro empresário lançou a Colep, em 1964, sob fortes críticas do pai, que tinha ele próprio construído uma fortuna de raiz. E o que significa Colep? É "o acrónimo derivado dos seus ascendentes COsta LEite de Pinho, com as quatro primeiras letras a preto e o P a vermelho, relevando assim a homenagem que, apesar de tudo, queria prestar ao pai, exemplo e símbolo de dedicação ao trabalho".

Esta é uma das histórias contadas no livro "Uma vida. O empresário e a utilidade pública", que é apresentado esta quinta-feira, 10 de Setembro, em Aveiro, da autoria de José Manuel Mendonça, professor catedrático da Universidade do Porto.

Ilídio Costa Leite Pinho nasceu em 1938. Do lado da mãe (os Costa Leite) a família estava estabelecida na indústria do leite. O pai, Arlindo Soares de Pinho, era oriundo de uma família humilde que se lançou num negócio de oficinas durante a II Guerra Mundial, que se transformaria na Arsopi.

Formou-se no antigo Instituto Industrial do Porto, hoje ISEP-Instituto Superior de Engenharia do Porto, no curso de Eletrotecnia e Máquinas. Mas o bichinho dos negócios estava-lhe no sangue, apesar do relacionamento tempestuoso com pai.

Ilídio conseguiu financiar-se junto de familiares, nomeadamente "45 contos de um emigrado em França", conta o livro, e mais 450 contos de um tio. Começou a produzir embalagens para bolachas, biscoitos e chocolates em 1965. Parcerias com a Triunfo e a Vasco da Gama levaram-no à liderança do sector. Passou depois para as embalagens de vernizes e tintas, lubricantes e outros segmentos.

A fortuna foi crescendo assim como as participações em vários negócios diferenciados e internacionais, que passaram pelas finanças, transportes, papel, metalomecânica e lacticínios, entre outros. Mas isso não o livrou de uma tragédia pessoal, com a morte do filho e herdeiro, Ilídio Pedro, em 1990, num acidente na Suíça. O efeito no empresário foi grande. A estrutura da Colep, que tinha transformado num conglomerado de PME integrado, mudou e a empresa acabou por ser vendida. "A difícil decisão da venda foi finalmente interiorizada e tomada, desta vez após profunda reflexão e amadurecimento", lê-se no livro.

São histórias do empresário português que esta quinta-feira terá várias centenas de convidados na apresentação do livro em Aveiro. De todos os quadrantes políticos. Passos Coelho e Mário Soares são alguns dos que vão marcar presença. E, como tal, já deram o seu testemunho sobre Ilídio Pinho. Para Passos Coelho, que esteve na Fomentinveste, empresa na qual Ilídio Pinho era accionista, declara que "é um homem lutador, que tem colocado a sua energia e o seu saber também ao serviço da comunidade". Mário Soares também não poupa elogios: "É sobretudo um homem com uma visão para Portugal, com uma ideia de Portugal, o que é extremamente importante e raro mesmo nos empresários".

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