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Refinaria de açúcar DAI leiloada aos pedaços

Sem ofertas que chegassem ao valor-base de 8,1 milhões de euros para a totalidade do complexo de Coruche, o leilão da DAI, realizado esta sexta-feira, prosseguiu com a venda por lotes. Os equipamentos foram vendidos por 2,4 milhões de euros, abaixo da dívida aos trabalhadores.

Sofia A. Henriques/Negócios
07 de Dezembro de 2018 às 16:45
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Morreu esta sexta-feira, 7 de Dezembro, a esperança na reactivação da DAI - Sociedade de Desenvolvimento Agro-Industrial, a refinaria de açúcar de Coruche que está parada há mais de três anos e meio.

 

No leilão da DAI, que decorreu nas instalações da refinaria, ainda surgiram duas propostas de compra para a totalidade do complexo industrial, uma de três milhões e outra de 2,5 milhões de euros, mas a comissão de credores não aceitou, porquanto as ofertas registadas ficavam muito longe do valor-base estipulado - 8,1 milhões de euros, ainda assim abaixo do preço de 13,3 milhões de euros que tinha sido inicialmente apontado para esta hasta pública.

 

O leilão prosseguiu então com a venda dos bens em separado, tendo a totalidade dos equipamentos sido arrematada por cerca de 2,4 milhões de euros, valor que fica aquém dos três milhões de euros em dívida aos trabalhadores, credores privilegiados. 

Ficou assim por vendar o imóvel e os terrenos em que a DAI está implantada.

O desfecho do leilão da DAI acabou por confirmar a profecia do dirigente sindical Luís Gonçalves, que há um mês lamentava ao Negócios o valor-base por que a totalidade da refinaria iria a leilão: "Por dois ou três milhões, até poderia haver quem comprasse. Quem é que vai comprar por esse valor?", insurgia-se.

 

"Estávamos convencidos, de acordo com o que foi falado com o administrador de insolvência, de que o conjunto dos bens da empresa não iria a leilão por um valor tão alto. Assim, não acredito que alguém pague os tais 13,3 milhões de euros [entretanto revisto em baixa para 8,1 milhões]", afirmou, na altura, o responsável da Cofesint – Confederação de Sindicatos da Indústria, Energia e Transportes.

 

A DAI começou a laborar em Julho de 1997 e parou de produzir em Abril de 2015. Entrou em processo Especial de Revitalização (PER) em 12 de Setembro de 2016. Na altura, as dívidas somavam 5,4 milhões de euros, com o BCP a reclamar 2,2 milhões e o Montepio 1,4 milhões de euros. No total, a dívida ronda os oito milhões de euros, com os trabalhadores a verem reconhecidos cerca de três milhões. 

 

O plano de recuperação da DAI, homologado em Fevereiro de 2017, que passava pela entrada de novos investidores e uma injecção de 30 milhões de euros, nunca passou do papel.

 

Entretanto, já este ano, o grupo egípcio ACE Group, especialista na compra e venda de equipamentos industriais usados, adquiriu a DAI ao grupo italiano SFIR a posição de controlo da DAI, por cerca de 150 mil euros. Antes, a empresa tinha avançado com um despedimento colectivo dos trabalhadores.

 

O ACE Group tinha chegado a acordo com a esmagadora maioria dos ex-trabalhadores, para efeitos de pagamento de indemnizações, mas o pedido de insolvência de um dos 100 funcionários acabou por abortar a operação do grupo árabe.

 

Requerida a insolvência da DAI a 11 de Julho, o tribunal nomeou Pedro Proença, que também preside à Liga Portuguesa de Futebol Profissional, para administrador judicial.



(Notícia actualizada às 17:12)

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