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Portugal é “chão que dá metal” no investimento estrangeiro
A metalurgia e metalomecânica, que já era o sector mais exportador da economia nacional, começam a consolidar-se como destino de investimento para empresas internacionais que fabricam desde peças para automóveis até sanitários em inox.
Só na área do fornecimento da indústria automóvel, dez novas unidades abriram neste período no Alto Minho, a maior parte delas para abastecer a fábrica da PSA (Peugeot e Citroën) em Vigo. Também a saltar a fronteira estão várias empresas de França – mercado forte nas peças técnicas de alto valor acrescentado –, incluindo de pequena e média dimensão, dedicadas à subcontratação industrial. Tal como na Galiza, a instabilidade laboral é um dos factores que tem levado algumas unidades francesas a transferir a produção.
A Joinsteel, criada em 2015 em Arouca, resultou, por outro lado, de uma parceria entre a JPM, empresa de automação e equipamentos industriais de Vale de Cambra, e a belga Timmerman, de sistemas de ventilação e arrefecimento para a indústria. Além de "joint ventures" e novas empresas, tem havido compras de estruturas portuguesas, pelo saber e reputação no mercado. Foi o que fez a francesa Delabie com a Senda, fabricante aveirense de sanitários e acessórios em inox. O próximo investimento internacional no sector, que já é o mais exportador (14.600 milhões de euros em 2016), pode chegar do Japão, sede da Denso, que já detém o grupo João de Deus & Filhos.
A par da qualificação dos trabalhadores, da ligação às universidades e da qualidade de vida das cidades, um dos factores de atractividade apontados pela associação do metal (AIMMAP) é a "qualidade, rapidez de resposta e grande versatilidade" da indústria portuguesa. Como é que ela lida com mais concorrência à porta de casa? "Sofre apenas pela questão da mão-de-obra, que já é escassa e tem de ser partilhada por mais. Faz rapidamente negócio com os estrangeiros que aqui se instalam, que são normalmente excelentes clientes", responde Rafael Campos Pereira.
E se antes "era cada um por si, a querer recolher os louros", o porta-voz da indústria identifica nos anos mais recentes "um esforço articulado – ou, pelo menos, não atabalhoado – para ganhar investimentos". Como o da Vestas, fabricante dinamarquesa de aerogeradores para parques eólicos, que se prepara para investir dez milhões de euros num centro de desenvolvimento tecnológico no Porto.
Março com recorde nas exportações
Mil quinhentos e quarenta e três milhões de euros. É este o valor mensal mais alto de sempre a ser exportado pela indústria metalúrgica e metalomecânica e foi alcançado em Março. Representou uma subida de 22% face ao mesmo mês de 2016 e contribuiu para um crescimento homólogo de 16% no primeiro trimestre. Espanha continua a ser o melhor cliente e a aumentar as compras, mas o maior destaque vai para os EUA – onde as empresas não estão a sentir o efeito Trump – e também para a Alemanha. Este, que é o segundo maior destino, interrompeu em Março um período de decréscimo que se arrastava desde o ano passado, quando algumas marcas automóveis começaram a deslocalizar fábricas para a República Checa ou Eslováquia. E "embora seja prematuro retirar conclusões", diz Rafael Campos Pereira, em Março as exportações voltaram a crescer em Angola, o que não acontecia há dois anos.
Prolongar paz social e energia mais barata
A AIMMAP, que assinala hoje o seu 60.º aniversário com uma conferência no Porto, está a listar possíveis fornecedores do Estado.
ACORDO COLECTIVO RENOVADO EM ABRIL
A AIMMAP, associação que representa os industriais metalúrgicos e metalomecânicos, fechou em Abril um acordo com o Sindicato Nacional da Indústria e da Energia (Sindel) em sede de contratação colectiva, que prevê a actualização média dos valores da tabela salarial em 1,5%, a subida do subsídio de alimentação para 4,45 euros e o aditamento da função de soldador e soldador especializado à listagem das profissões. As partes já requereram a emissão de portaria de extensão do contrato, que ainda não foi publicada.
Quase 300 empresas do sector participaram este ano no programa de compra conjunta de energia, que ascendeu a 24 milhões de euros (19 milhões na electricidade e cinco milhões no gás natural). Em termos médios, estas empresas conseguiram uma poupança de 4,5% com esta iniciativa, que é dividida por tipologias. A Galp ganhou todos os concursos na área da energia eléctrica e também o mais relevante na área do gás natural, enquanto os restantes foram ganhos pela Gold Energy.
LISTAR FORNECEDORES EM COMPRAS PÚBLICAS
Com o objectivo de substituir importações, a AIMMAP está a fazer "um esforço de sensibilização" para que o Estado inclua mais produtos nacionais nas suas compras, seja de candeeiros, tampas de saneamento ou equipamentos hospitalares. A associação está também a identificar todos os fornecedores por sector de actividade de destino para que as entidades públicas tenham "um acesso mais ágil e mais fácil a essa oferta que existe em Portugal".