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Novo Banco despacha rei dos cogumelos

Credor de mais de metade dos créditos de 60 milhões de euros sobre a Sousacamp, o herdeiro do BES acabou por não meter este ativo na carteira de malparado que vendeu. O maior produtor ibérico de cogumelos foi alienado a um fundo da capital de risco CoRe Capital.

Há três anos, Marcelo Rebelo de Sousa utilizou cogumelos para falar de estabilidade política, numa visita à Sousacamp, empresa fundada por Artur Sousa (à direita, na foto). José Coelho/Lusa
29 de Novembro de 2019 às 10:19
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O grupo Sousacamp, o maior produtor ibérico de cogumelos, que emprega cerca de 450 pessoas e estava no corredor judicial da insolvência há dois anos, foi retirado à última hora do Nata 2, a carteira de ativos tóxicos que o Novo Banco vendeu ao fundo norte-americano Davidson Kempner.

 

Depois de ter rejeitado planos de recuperação da Sousacamp, e após o falhanço da sua venda a investidores internacionais, o Novo Banco acabou por acordar a venda do grupo ao fundo CoRe Equity, que é gerido pela capital de risco Core Capital.

 

Ao deter 57% (mais de 34 milhões de euros) do total de créditos da empresa (60 milhões de euros), era ao Novo Banco que cabia decidir o destino da Sousacamp. O segundo maior credor é o grupo Caixa Agrícola Mútuo, com 15,9 milhões de euros.

 

Seguem-se três entidades estatais - o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP), que reclama a devolução de 4,4 milhões de euros de apoios financeiros, o Fisco, que tem a haver mais de 2,4 milhões de euros, e a Segurança Social, a quem foram reconhecidos créditos de 881 mil euros.

 

A falência do BES, no verão de 2014, marcou o início da queda da Sousacamp. O Novo Banco "fechou a torneira" ao grupo e vendeu à Armilar Venture Partners - que têm a Sonae como um grande investidor - , em 2016, os fundos de capital de risco ES Ventures, que detinham 39,1% do capital da produtora de cogumelos.

 

A acumular prejuízos, o grupo aderiu, no final de 2017, ao Processo Especial de Revitalização (PER), o qual, depois de chumbado um primeiro plano de recuperação, foi convertido num processo de insolvência, que vinha a arrastar-se desde então.

 

"É o chamado duplo cogumelo - cogumelo gigante, presidencial, isto é o cogumelo presidencial com este tamanho. Não, tem de ser, este é o Presidente da República e este é o Governo que é mais pequenino. Solidariedade institucional, o Presidente para aguentar o Governo por uns tempos."

 

A 5 de julho de 2016, Marcelo Rebelo de Sousa, em visita à fábrica da Sousacamp, em Vila Flor, Trás-os-Montes, proferia a sua mais conhecida metáfora sobre estabilidade política, enquanto olhava para os dois fungos que tinha nas mãos, que acabou por provar. 

 

Nessa altura, o grupo liderado por Artur Sousa apresentava-se como o maior produtor europeu de cogumelos e um dos maiores do mundo, com cinco fábricas em Portugal e duas em Espanha, empregando mais de 500 pessoas e uma faturação da ordem dos 50 milhões de euros.

 

Fundada por Artur Sousa, que tinha 61% da empresa, a Sousacamp fechou o exercício de 2017 com uma faturação da ordem dos 17 milhões de euros.

 

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