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Metal português sente Brexit e Trump, mas não verga nas exportações

A indústria metalúrgica e metalomecânica bateu novo máximo de vendas em 2019, aproveitando o acordo com o Canadá para quase tocar nos 20 mil milhões de euros. Só em maio exportou mais que o calçado no ano inteiro.

Paulo Duarte
18 de Fevereiro de 2020 às 12:46
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O setor mais exportador da economia portuguesa, que junta 15 mil empresas e emprega 250 mil pessoas, bateu um novo recorde de vendas no estrangeiro, com um crescimento homólogo de 7% e um valor total de 19.590 milhões de euros em 2019.

 

O aumento registado pela associação da metalurgia e metalomecânica (AIMMAP) assentou na progressão positiva das encomendas para os três principais destinos da produção industrial: Espanha (8,8%, para uma quota global de 24%), Alemanha (11,2%) e França (4,9%).

 

Em sentido inverso, o destaque negativo vai para o ligeiro decréscimo (0,2%) no Reino Unido – o primeiro depois da votação do Brexit –, mas sobretudo para o tropeção de 5,2% nos Estados Unidos, em "resultado das políticas restritivas da administração norte-americana e às consequências da guerra comercial com a China".

 

Ao Negócios, o porta-voz da AIMMAP, Rafael Campos Pereira, admite que "os cenários políticos vão continuar a condicionar" as fábricas em 2020, que já "estão a trabalhar a curto e médio prazo, [pois] a capacidade de planeamento reduziu-se consideravelmente". Ainda assim, vaticina que "estão reunidas as condições para o setor consolidar o crescimento" das exportações ao longo deste ano.

 

Diversificação e máximos mensais

 

Máquinas, equipamento de transporte automóvel e aeronáutico, cutelaria, loiça, gruas ou agulhas. Num setor que abarca tantos segmentos de atividade, a diversificação (de mercados) foi também a resposta dos empresários à flutuação das encomendas de alguns clientes tradicionais.

 

O "melhor exemplo" desse exercício foi a aposta no Canadá, que comprou 347 milhões de euros – essencialmente em componentes para a indústria automóvel e tecnologias de produção – e impressionou com uma subida homóloga de 291%. Rafael Campos Pereira reconheceu ao Negócios o empurrão dado pela "simplificação de processos e redução de tarifas" no âmbito do acordo comercial firmado com a União Europeia e que já está em vigor.
 

A associação empresarial sublinhou, numa nota divulgada esta terça-feira, 18 de fevereiro, que o ano passado ficou marcado pelo registo de cinco recordes mensais nas exportações do setor. Março, setembro, outubro e novembro entraram para o top-10 de melhores de sempre, mas nunca o setor tinha exportado tanto num único mês como em maio de 2019: 1.884 milhões de euros, mais do que a indústria portuguesa do calçado no ano inteiro.

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