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Emigração para o Reino Unido dispara 30% antes do Brexit

Quase 25 mil portugueses entraram no Reino Unido em 2019, na véspera da saída da UE. Foi a primeira subida desde o referendo e é explicada pela regularização de alguns casos e pela antecipação dos movimentos migratórios.

EPA
27 de Fevereiro de 2020 às 12:40
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A entrada de emigrantes portugueses no Reino Unido aumentou 30% em 2019, face ao ano anterior, com os 24.593 cidadãos nacionais registados oficialmente pela Segurança Social britânica a representarem 3,2% do total de processos naquele país.

 

Depois de três anos consecutivos a cair, desde a realização do referendo para a saída da União Europeia, a emigração portuguesa para aquele destino inverteu a tendência e volta a subir na véspera da concretização do Brexit, formalizada a 31 de janeiro, embora Boris Johnson ameace abandonar as negociações em junho

O Observatório da Emigração, que cita dados do Ministério do Trabalho e das Pensões, sublinha que este aumento foi "mais marcado do que no conjunto das entradas de migrantes no Reino Unido (21%)", mas a evolução da emigração portuguesa "acompanhou a tendência geral de inversão do decréscimo das entradas em vésperas do Brexit".

 

Inês Vidigal, investigadora do organismo liderado pelo sociólogo Rui Pena Pires, considera que "além de poder incluir alguns casos de regularização de situações de emigração anterior, [este crescimento] dever-se-á provavelmente à perceção de que, depois do Brexit, poderá ser mais difícil emigrar para o Reino Unido".

 

Este crescimento (...) dever-se-á provavelmente à perceção de que, depois do Brexit, poderá ser mais difícil emigrar para o Reino Unido. INÊS VIDIGAL, INVESTIGADORA DO OBSERVATÓRIO DA EMIGRAÇÃO

Londres já anunciou que irá adotar novas regras para a imigração a partir de 2021, quando termina o período de transição, dificultando o acesso dos cidadãos da União Europeia e impondo requisitos, como falar inglês, qualificações e um salário mínimo de 25.600 libras (30.800 euros). Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, assinalou no Parlamento que essas políticas de migração são um "berbicacho".

 

Os dados dos últimos censos britânicos, realizados em 2010, mostravam que a maioria (65%) dos emigrantes portugueses naquele país desempenhava funções não qualificadas. Porém, Rui Pena Pires referiu ao Público que, desde então, a emigração "cresceu muito e houve um aumento das pessoas com uma licenciatura", estimando que essa percentagem terá encolhido para cerca de 50% dos trabalhadores ali radicados.

 

Do ponto de vista do comércio de mercadorias, em 2019, um ano que ficou marcado pelo desfecho do Brexit, as vendas de bens das empresas nacionais para o Reino Unido – o quarto maior parceiro comercial de Portugal – contraíram 0,6%. Foi a primeira vez em dez anos que diminuíram as exportações portuguesas para aquele destino.

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