Em 2011, quando tinha 43 anos,  António Tavares tira o "canudo" de Gestão e desfila lado a lado com a filha, a médica-dentista (e especialista em Ortodontia) Joana (agora com 36 anos) no cortejo da Queimas das Fitas, no Porto. Miguel, o outro filho, tem 24 anos e licenciou-se em Engenharia Informática.

Desde então, António Tavares soma duas pós-graduações e um MBA Executivo na Católica.  

Nascido em abril de 1968, em Vale de Cambra, António  tinha jeito para o futebol, chegando ainda a ganhar "algum dinheiro", mas cedo percebeu que o mundo da bola "não era para todos".

Começou a trabalhar aos 16 anos como "desenhador numa metalúrgica do ramo alimentar", onde "rapidamente" também constatou que não iria "passar disto".

Entretanto, casou e foi pai "muito novo", aos 19, e interrompeu os estudos.

E foi como desenhador que, aos 20, entrou na autarquia local, de onde saiu três anos depois, tendo passado por algumas empresas, até que, aos 24, juntamente com dois ex-colegas dos tempos municipais, criou um gabinete de Engenharia Civil.

Fundada em 1997 com dois trabalhadores

Em fevereiro de 1997 fundava a Perfinox, que começou por se dedicar ao fabrico de estruturas metálicas para a construção civil. Inicialmente com apenas dois trabalhadores, partilhava o capital com dois sócios, um dos quais era seu irmão, tendo ficado a solo em 2010.

Nessa altura, já focada no fabrico de soluções para a indústria alimentar, a metalomecânica empregava "cerca de 50 pessoas" e somava clientes nacionais e internacionais – "a nossa primeira exportação foi para Angola, por volta de 2002/03, com uma instalação para o processamento de sumos", recorda o empresário.

Tendo arrancado a sua atividade "num pavilhão alugado com 100 metros quadrados, em Oliveira de Azeméis", a Perfinox viria a fixar-se em Arouca, "na fronteira com Vale de Cambra", em 2001, onde tem vindo a investir "milhões de euros" em sucessivas compras de terrenos e ampliações do seu complexo industrial.

Entretanto, para acelerar o crescimento da empresa, viria no início de 2022 a abraçar um novo sócio, a "private equity" Explorer Investments, que injetou quatro milhões de euros na Perfinox, ficando com uma participação de 25% do capital.

Desenvolvimento de soluções e equipamentos de produção para o setor alimentar

23 de abril de 2024: "A Explorer Investments, sociedade de capital de risco com sede em Portugal, fecha operação envolvendo o promotor e a Krones AG para a alienação da sua participação de 25% no capital da Perfinox – empresa de referência no desenvolvimento de soluções e equipamentos de produção para o sector alimentar", anuncia a "private equity", em comunicado.

Através dos fundos Explorer Growth Funds II e III, a Explorer tinha entrado no capital da Perfinox  "com o intuito de reforçar a aposta da empresa em Investigação & Desenvolvimento (I&D), tendo o capital investido permitido a criação de um centro tecnológico de ponta destinado ao desenvolvimento de linhas de equipamentos próprios para o setor alimentar", realça a sociedade de capital de risco.

Com base nesta estratégia, a Perfinox "tem aprofundado a diferenciação dos seus produtos, o que lhe tem permitido posicionar-se junto de clientes internacionais de renome", afiança a Explorer.

Entretanto, em declarações ao Negócios, António Tavares avançou que a Krones soma 45% do capital da Perfinox, dos quais 25% corresponde à participação adquirida à Explorer e os remanescentes 20% por via de um aumento de capital da empresa arouquense.

Krones fatura 4,7 mil milhões, a Perfinox 14 milhões

Sediada na cidade alemã de Neutraubling, a Krones AG, que emprega cerca de 18,5 mil pessoas e fechou 2023 com uma faturação de 4,7 mil milhões de euros, apresenta-se como "líder no segmento de linhas de engarrafamento" e vê na Perfinox "a oportunidade de fortalecer a sua oferta de produtos e equipamentos".

Com este parceiro estratégico, a Perfinox "terá acesso a diversos mercados internacionais onde a Krones AG tem uma forte presença, permitindo dar continuidade a um percurso de forte crescimento", observa a Explorer.

Segundo o fundador e CEO da Perfinox, a empresa encerrou o último exercício com uma faturação "semelhante à registada no ano anterior – cerca de 14 milhões de euros", dos quais 86% foram gerados nas exportações para 14 países, com o Reino Unido, Holanda, Bélgica, Estados Unidos e a Alemanha a pontuarem como principais mercados.  

"O objetivo para 2024 é ultrapassar os 18 milhões de euros", sinalizou António Tavares.

A Perfinox tem 106 trabalhadores "efetivos", dos quais mais de 30 espalhados por vários clientes internacionais, e cerca de duas dezenas subcontratados.  

Primeiro desinvestimento de capital dos fundos Explorer Growth II e III

Para a Explorer Investments, a venda da sua participação na Perfinox  "prova o potencial do esforço realizado ao nível da Investigação & Desenvolvimento e constitui uma saída com rentabilidades muito positivas para os investidores dos Explorer Growth Funds II e III".

A venda dos seus 25% na Perfinox representa o primeiro desinvestimento de capital dos fundos Explorer Growth II e III, constituídos entre 2019 e 2020.

"Ambos os fundos encontram-se totalmente investidos, comprovando as elevadas taxas de execução da Explorer Investments", afiança a "private equity", detalhando que, "apenas no universo dos fundos Explorer Growth Funds, a Explorer Investments conta ainda investir cerca de 150 milhões de euros nos próximos quatro  anos".

(Notícia atualizada às 17:12)