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Estado vai comprar à Embraer até seis aviões KC-390
A luz verde para que se iniciem as negociações com a empresa brasileira foi dada esta quinta-feira pelo Conselho de Ministros.
O Governo aprovou esta quinta-feira, 8 de Junho, em Conselho de Ministros, o início das negociações entre o Estado e a Embraer, Defesa e Segurança para a compra de cinco aviões KC-390, uma aquisição que tem ainda a opção de compra de mais uma unidade.
O valor da transacção não foi divulgado e não deverá sê-lo para já, disse ao Negócios fonte do Ministério da Defesa, uma vez que se trata "do início de um processo negocial".
Em causa está um avião adaptado ao transporte e lançamento de cargas e tropas, reabastecimento aéreo, busca e resgate e combate a incêndios florestais. O objectivo é a substituição dos Hércules C-130 actualmente ao serviço da Força Aérea e cuja vida útil é de até 10 anos.
Com esta decisão, o Governo dá sequência à carta de intenção de compra de aeronaves desta gama, que tinha assinado tal como outros 30 países, e que já previa que pudessem ser adquiridos estes seis aparelhos.
De acordo com a mesma fonte da Defesa contactada pelo Negócios, terá lugar agora a constituição de um grupo de trabalho com representantes dos ministérios da Defesa, Finanças, Economia e Ciência e Tecnologia, que fará o contacto com o fornecedor, a Embraer.
Além deste lote de aeronaves, o Estado deverá comprar ainda um simulador de voo "para instalação e operação em território nacional", denominado "fullflight simulator CAT D".
Preço pode rondar os 70 milhões por aeronave
Em 2014, quando a força aérea brasileira encomendou 28 aviões, o preço avançado (incluindo apoio logístico, peças sobresselentes e manutenção) era de 7.200 milhões de reais o que, à cotação actual, coloca o preço por unidade a rondar os 257 milhões de reais (ou cerca de 70 milhões de euros).
Nesse cenário hipotético que considere este preço unitário, e excluindo o custo do simulador, a despesa portuguesa com os seis aviões poderia rondar os 420 milhões de euros.
Um projecto com mãos portuguesas
A OGMA, em Alverca - detida pelos brasileiros da Embraer - participa no fabrico de peças estruturais em materiais compósitos e liga metálica no âmbito do programa do cargueiro militar KC-390, o maior projecto aeronáutico português.
Foi naquelas instalações que o projecto de parceria entre Portugal e o Brasil para a produção da aeronave foi apresentado pela primeira vez, em Julho do ano passado. O ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, tinha meses antes renovado o interesse na aquisição dos aparelhos.
Há um ano, o Executivo tinha autorizado a realização de até 20,8 milhões de euros em despesa para que o país participasse em 2016 e 2017 no desenvolvimento e produção da aeronave.
De acordo com o comunicado do Conselho de Ministros, enviado às redacções, o envolvimento de Portugal, desde 2010, no desenvolvimento e produção desta aeronave esteve relacionado com a "importância estratégica" da indústria aeronáutica para o "desenvolvimento económico nacional, (...) promover o emprego qualificado e as exportações."
Embraer esperava dar a conhecer brevemente primeiro cliente internacional
Este é, segundo a Embraer, um projecto da Força Aérea Brasileira, que em 2009 contratou a companhia para desenvolver o aparelho e que fez a primeira - e até agora única - encomenda, de 28 KC-390. Além de Portugal, há ainda compromisso de fornecimento à Argentina, Chile, Colômbia e República Checa, que totalizaria 32 unidades (incluindo as seis portuguesas).
Há uma semana, em declarações ao meio Defense News, o vice-presidente executivo da companhia responsável pelo negócio com a Defesa, Jackson Schneider, dava como possível a confirmação, nestes próximos dias, do primeiro cliente internacional do avião cargueiro.
(Notícia actualizada às 16:07 com mais informação)