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Corticeira Amorim engorda lucros e vendas em 30% com toque italiano
O crescimento dos lucros para 20,1 milhões de euros e das vendas para 263,5 milhões de euros teve, nos primeiros três meses deste ano, beneficiou bastante da consolidação da transalpina Saci, que é detido em 50% pelo grupo português desde 1 de janeiro.
O maior grupo de transformação de cortiça do mundo fechou os primeiros três meses de 2022 com uma performance à prova de pandemias e de guerras, tendo até registado um crescimento robusto mesmo sem o efeito Saci, empresa italiana de que é dono em 50% desde 1 de janeiro.
Em termos consolidados, os lucros atingiram os 20,1 milhões de euros, mais 26% do que no mesmo período do ano passado, enquanto as vendas aumentaram 32% para 263,5 milhões de euros.
Em termos comparáveis, ou seja, sem o contributo da Saci, a faturação teria aumentado 18% e o resultado líquido 8,6%
"O crescimento orgânico das vendas resultou essencialmente de maiores níveis de atividade, de uma melhoria do mix de produto e da subida de preços", sendo que "o comparativo com o período homólogo é favorecido pelo facto do primeiro trimestre de 2021 ter sido o único trimestre do ano com decréscimo de vendas, afetado pelos efeitos da pandemia de covid-19", explica a empresa, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), esta terça-feira, 3 de maio.
Corte na dívida remunerada líquida para 46 milhões
O grupo liderado por António Rios Amorim esclarece que os lucros obtidos entre janeiro e março deste ano incluem resultados não recorrentes, os quais "referem-se essencialmente à imparidade (inventários e clientes) para refletir uma abordagem mais prudente à exposição à Rússia, Ucrânia e Bielorrússia".
Grande destaque para a robustez do balanço da Corticeira Amorim, que apesar do aumento do investimento (14 milhões de euros) e do primeiro pagamento relativo à aquisição da participação de 50% na Saci (25 milhões de euros) ter sido realizado no primeiro trimestre, no final de março a dívida remunerada líquida totalizava 46 milhões de euros, o que traduz uma redução de dois milhões face ao final do ano do ano passado, "beneficiando da forte geração de fluxos de caixa", frisa o grupo de Mozelos, Santa Maria da Feira.
O EBITDA (resultado antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) consolidado da Corticeira Amorim atingiu 44,1 milhões de euros, mais 37,2% do que no primeiro trimestre do ano passado.
Sem o efeito de consolidação da Saci, o EBITDA aumentou 22,7% - este desempenho "reflete essencialmente o crescimento dos volumes e melhorias do mix, apesar de ter sido penalizado pelo significativo agravamento dos custos de energia, pela subida do preço de algumas matérias-primas não cortiça e pelo aumento dos custos com pessoal", realça a empresa.
Negócio que vale quase três quartos das vendas cresceu 38%
Por unidades de negócio, o grande destaque vai para o segmento das rolhas, que vale mais de 70% das vendas consolidadas da Corticeira Amorim, tendo atingido os 193,6 milhões de euros no primeiro trimestre de 2022, mais 37,8% do que no mesmo período do ano passado. Sem a Saci, o crescimento foi de 17,9%.
O forte aumento das vendas no negócio das rolhas "beneficiou de um forte crescimento dos volumes, da subida de preços implementada no início do ano e do impacto favorável da valorização cambial (excluindo este feito, o aumento das vendas teria sido de 36,6%)", com o EBITDA desta unidade a cifrar-se em 33 milhões de euros, o que representa um acréscimo homólogo de 34,8%.
As vendas da unidade de matérias-primas aumentaram 37,8% para 39,7 milhões de euros, as de revestimentos cresceram 25,7% para 38,4 milhões de euros e as de aglomerados compósitos 7% para 38,4 milhões de euros.
A única unidade de negócio em que a líder mundial da fileira da cortiça viu as vendas baixarem foi a de isolamentos, que fechou o primeiro trimestre deste ano com uma faturação de 3,4 milhões de euros, menos 2,8% do que no mesmo período do ano passado.