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Corticeira Amorim baixa lucros para 64,3 milhões, mas continua a pagar dividendos de 24,6 milhões

A maior empresa de produtos de cortiça do mundo fechou 2020 com lucros de 64,3 milhões de euros, menos 10,7 milhões do que no ano anterior, enquanto as vendas caíram apenas 5,2% para 740,1 milhões. Mantém a tradição de se propor pagar um dividendo bruto de 0,185 euros por ação.

António Rios Amorim, CEO da Corticeira Amorim.
Rui Neves ruineves@negocios.pt 24 de Fevereiro de 2021 às 16:47

A Corticeira Amorim está a mostrar-se bastante resistente aos efeitos da covid-19, tendo encerrado o ano pandémico de 2020 com lucros de 64,3 milhões de euros, apenas menos 14,2% do que no ano anterior.

 

E se se excluir "o evento não recorrente associado à venda da US Floors", em 2019, "e os gastos não recorrentes", o decréscimo dos lucros "seria de 4,8%", realça a empresa, esta quarta-feira, 24 de fevereiro, em comunicado publicado no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

 

Os gastos não recorrentes "sofreram um aumento devido ao pagamento de um prémio extraordinário aos colaboradores" da Corticeira Amorim - no valor de mil euros a cada um dos cerca de 3.500 trabalhadores das empresas que são integralmente detidas pelo grupo - "e por gastos de reestruturação, sobretudo decorrentes de indemnizações pagas nas unidades de negócios de rolhas, revestimentos e aglomerados compósitos", explica a maior empresa de produtos de cortiça do mundo.

 

Apesar da queda dos lucros, a administração da Corticeira Amorim mantém a tradição de propõe a distribuição de um dividendo bruto de 0,185 euros por ação - o mesmo valor pago em 2017, 2018 e 2019 -, no valor de 24,6 milhões de euros.

 

Realce também para o EBITDA (resultado antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) consolidado da Corticeira Amorim, que atingiu os 122,5 milhões de euros em 2020, o que traduz um decréscimo de 1,8% face ao ano anterior, mas bastante inferior ao das vendas, que caíram 5,2% para 740,1 milhões de euros.

 

O rácio EBITDA/Vendas subiu de 16% para 16,6% em 2020, "beneficiando do consumo de matérias-primas adquiridas a preços mais favoráveis, de ganhos de eficiência operacional e de aumentos de preços de venda, que compensaram o efeito negativo de menores níveis de atividade e da desvalorização cambial", esclarece a Corticeira Amorim.

Entretanto, não obstante toda a crise pandémica, destaque para a robustez do balanço do grupo de Mozelos. "Apesar do aumento do investimento em ativo fixo (45 milhões de euros), do pagamento de dividendos (25 milhões) e das aquisições de 10% da Bourrassé (cinco milhões) e de 30% da Elfverson (dois milhões), foi possível reduzir a divida líquida em 50,4 milhões de euros no ano de 2020", para 110,7 milhões de euros.

 

De salientar que a corticeira Amorim efetuou, no final de 2020, a sua primeira emissão de obrigações verdes, no montante de 40 milhões de euros, por subscrição particular, sem garantias e pelo prazo de cinco anos.

Unidade de revestimentos foi a única a registar aumento das vendas

 

Em termos de faturação, "a grave crise sanitária decorrente da pandemia covid-19 e as suas profundas consequências nas economias mundiais condicionaram significativamente a atividade de todas as unidades de negócio (UN) a partir do segundo trimestre do ano", com as vendas da Corticeira Amorim a serem ainda penalizadas "por uma evolução cambial desfavorável, especialmente no segundo semestre do ano"

 

Sem este efeito, ressalva a empresa, as vendas teriam caído apenas 4,2% em vez de 5,2%.

Excluindo a unidade de revestimentos, cujas vendas registaram um crescimento homólogo de 3,2% para 112,1 milhões de euros, todas as restantes fecharam 2020 em baixa.

 

De destacar a unidade de rolhas, que vale mais de 70% das vendas consolidadas do grupo, ao fechar 2020 com uma faturação de 527,3 milhões de euros, menos 5,7% do que no ano anterior.

"Este decréscimo decorreu, essencialmente, da redução do consumo de vinho, particularmente no canal HoReCa [hotéis, restaurantes e cafés], e do encerramento temporário de alguns dos seus clientes", explica a empresa, acrescentando que o ano foi marcado por quedas de vendas "na generalidade dos mercados vinícolas, tendo os Estados Unidos e a Argentina sido exceções".

 

Já a unidade de aglomerados compósitos registou vendas de 95,2 milhões de euros em 2020, menos 8,9% do que no ano anterior.

"Em 2021 o grau de incerteza ainda é elevado"

 

Após um segundo trimestre de 2020 "severamente afetado por condições de mercado muito desfavoráveis", a Corticeira Amorim registou "uma melhoria da atividade" no segundo semestre do ano passado.

 

Mas eis que, "em 2021 o grau de incerteza ainda é elevado, tornando difícil avaliar a dimensão e a extensão dos impactos diretos e indiretos da pandemia por covid-19 no futuro", observa a empresa.

 

"O primeiro trimestre do ano 2021, quando comparado com o primeiro trimestre de 2020, que praticamente não foi afetado pela pandemia, dificilmente deixará de apresentar impactos significativos na atividade da Corticeira Amorim", admite.

 

Já para os trimestres remanescentes de 2021, o grupo presidido por António Rios Amorim atenta que "a evolução e a extensão do processo de vacinação em curso, a eficácia da vacina, contrabalançadas pela eventual necessidade de implementação de medidas de contenção adicionais, determinarão os efeitos sobre a economia global e padrões de consumo e, consequentemente, sobre a atividade da Corticeira Amorim".



(Notícia atualizada às 17:21)

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