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Conceição desiste da compra da falida Ricon e despede 140 trabalhadores

A dona da têxtil Sonix, que tinha arrendado parte da fábrica da falida Ricon, desistiu da proposta de compra destas instalações industriais e avançou com o despedimento coletivo de todos os seus trabalhadores.

Conceição Dias, dona da Sonix. Jornal T
Rui Neves ruineves@negocios.pt 15 de Março de 2019 às 19:03

"Antiga costureira toma conta da falida Ricon e já contratou 157 ex-trabalhadores", noticiava o Negócios a 22 de março do ano passado. Um ano depois, Conceição Dias avança com o despedimento coletivo dos cerca de 140 trabalhadores da atual Nocir (Ricon ao contrário), o nome da empresa arrendatária de parte das instalações industriais do único ativo ainda por vender do universo Ricon.

 

De acordo com fontes próximas do processo de insolvência, o grupo Sonix, de Conceição Dias, que tinha sido o único a apresentar uma proposta de compra da fábrica da Ricon Industrial, acabou por recuar, alegando que a comissão de credores demorou muito tempo a tomar uma decisão.

 

A fábrica tinha sido colocada à venda por um valor-base de 3,53 milhões de euros, podendo ser alienada, nos termos do processo de insolvência, por 85% desse montante.

 

Acontece que a Sonix, que apresentava como trunfo o facto de estar já instalada no espaço, com um contrato de arrendamento que acabava este mês, pagando uma renda de 17 mil euros mensais, ofereceu apenas 1,65 milhões de euros pela fábrica, ficando a 1,35 milhões de cumprir o valor mínimo e assim firmar a operação.

 

Consultada a comissão de credores, o Santander votou a favor e o grupo TMG (Têxtil Manuel Gonçalves) contra, enquanto a representante dos ex-trabalhadores se absteve.

 

Face ao impasse, o tribunal determinou, a 25 de fevereiro, dar 60 dias para "apresentação de nova proposta ou que a diligência de liquidação tenha novos desenvolvimentos".

 

Sem mais delongas, a dona da Nocir desistiu do negócio e decidiu avançar com o despedimento coletivo de todos os seus trabalhadores, maioritariamente costureiras, informação que foi inicialmente avançada pelo jornal "Expresso", na noite desta quinta-feira. 

 

"Fomos completamente apanhados de surpresa com esta decisão da D. Conceição", reagiu Francisco Vieira, coordenador do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, em declarações ao Negócios.

 

Lamentando a "falta de informações sobre este assunto", classificou como "muito estranho o não cumprimento pelo grupo Sonix das formalidades inerentes a um despedimento coletivo" , garantindo que ainda não chegou qualquer documento da empresa ao sindicato.

 

O Negócios questionou um dos administradores da Sonix sobre esta matéria, mas o gestor optou pelo silêncio.

 

A falência da Ricon deixou dívidas na ordem dos 33 milhões de euros. A banca (Santander, BPI, Novo Banco e CGD) surge à frente da lista de centenas de credores, que inclui a Gant Company, da qual a produção do grupo português dependia em mais de 70%, que reclamou 4,7 milhões de euros.

 

Fundada em 1973 por Américo Silva, a Ricon passou mais tarde a ser gerida pelos filhos Rui e Pedro, tendo há mais de dez anos passado a ser integralmente controlada por Pedro Silva, em cujas mãos viria a falir.

 

Já Conceição Dias, filha de mãe doméstica e pai emigrante em França, entrou no mundo laboral aos 13 anos como costureira, Uma década mais tarde, arriscou todas as suas poupanças (180 contos, cerca de 900 euros) em cinco máquinas industriais e tornou-se empresária.

 

O grupo Sonix emprega, no seu conjunto, excluindo a Nocir, mais de cinco centenas de pessoas, e factura cerca de 60 milhões de euros, 95% dos quais exportações.

 

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