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MoreTextile vende negócio da fiação a empresária de Guimarães
A empresa nortenha de têxteis-lar vendeu a Tearfil ao grupo que detém a marca Fifitex, que garante a manutenção dos 200 postos de trabalho e continuar a investir num negócio que fatura 12 milhões de euros.
A gigante MoreTextile, cujo acionista principal é o Fundo de Recuperação detido pela ECS Capital, anunciou esta segunda-feira, 29 de julho, a alienação da sua atividade de fiação à empresária Maria de Belém Machado, "em linha com o objetivo estabelecido de focar-se na produção de felpos e roupa de cama", com que no ano passado arrecadou receitas de 65 milhões de euros.
Sem avançar com os valores envolvidos nesta operação, o grupo que em 2011 resultou de uma mega-fusão da JMA Felpos, da António Almeida & Filhos e da Coelima, liderado por Artur Soutinho, refere que recebeu nos últimos anos "diversas demonstrações de interesse na aquisição deste negócio ‘non core’". Sustenta que esta acabou por ser "a mais interessante" porque dá à Tearfil "meios para reforçar a sua atividade de fiação".
Fundada em 1973, a Tearfil produz e comercializa fios têxteis em Moreira de Cónegos, passando agora para as mãos da empresária Maria de Belém Machado, que é proprietária da empresa SMBM, criada em 2001 no mesmo concelho. Esta produtora de fios "open-end" e de fios convencionais vende 75% da produção para o setor das malhas e detém a marca Fifitex, "uma referência no negócio da fiação".
Autonomia e empregos garantidos
Segundo a informação disponibilizada pela nortenha MoreTextile, que no final de 2018 empregava mil pessoas e reclama a liderança europeia no segmento do têxtil-lar depois da salvação da falência há oito anos, a unidade industrial agora alienada soma perto de 300 clientes e regista um volume de negócios anual de 12 milhões de euros, dos quais 12% resultam da exportação.
"Esta aquisição permitirá capturar sinergias e potenciar o valor acrescentado desta unidade, garantindo os postos de trabalho e o investimento no seu desenvolvimento. A Tearfil manterá a sua autonomia, de forma a potenciar a sua flexibilidade e agilidade, com benefícios para os clientes e parceiros", lê-se na nota enviada à imprensa.
Com um crescimento homólogo de 5%, os têxteis-lar foram apontados pela principal associação empresarial do setor (ATP) como a categoria "mais dinâmica" nas exportações da indústria têxtil e do vestuário em 2018, um ano em que este setor tradicional voltou a quebrar o máximo de vendas no exterior, que ascenderam a 5.314 milhões de euros.
CEO avisou que "nem tudo [seriam] rosas" em 2019
Em março deste ano, em declarações ao Portugal Têxtil, Artur Soutinho antecipou que 2019 seria "um ano mais complexo e difícil para toda a gente", falando numa "inversão do ciclo económico" e de "desafios pesados" para esta indústria. "O mercado inglês está muito mau, o mercado francês está muito difícil, o espanhol complicado está. Toda esta instabilidade criada pela questão dos EUA com a China, a Turquia que desvalorizou a moeda 50% ou 70% nos últimos três anos – e é o nosso maior concorrente. Tudo isto vai criar-nos algumas dificuldades, sem dúvida. Nem tudo são rosas", descreveu o CEO da MoreTextile.O
(notícia atualizada pela última vez às 12:50 com mais detalhes sobre as empresas)