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Compradores britânicos andam a ver móveis em Paços de Ferreira
Cinco fornecedores de mobiliário para hotéis, aeroportos, restaurantes e casas de luxos estão de visita a nove indústrias da Capital do Móvel, numa missão inversa para substituir os concorrentes italianos e espanhóis.
Cinco importadores provenientes do Reino Unido andam há uma semana pelo concelho de Paços de Ferreira a visitar e reunir individualmente com várias empresas de mobiliário. O objectivo desta missão inversa, que termina na quarta-feira, 21 de Março, é mostrar que estas indústrias portuguesas "podem perfeitamente substituir fornecedores italianos ou mesmo espanhóis, uma vez que possuem um nível de qualidade equiparável e conseguem ser mais competitivos" no preço.
Segundo adiantou ao Negócios o director-geral executivo da Associação Empresarial de Paços de Ferreira (AEPF), João Pedro Begonha, estes compradores são das zonas de Londres e de Manchester e grandes fornecedores de mobiliário para o mercado britânico – e alguns deles também para outros países europeus. Entre outros clientes, fornecem hotéis de luxo (de 40 a 400 quartos), restaurantes, "spas", habitações de luxo com base em propostas de decoração feitas por designers ou zonas "lounge" de aeroportos, mas ainda são "residuais" as encomendas às empresas da Capital do Móvel.
"Até agora estamos a ter um ‘feedback’ muito positivo das visitas. Os nossos empresários são altamente flexíveis e encontram soluções para o que lhes é pedido. Por sua vez, os importadores já falam em pedir cotações para projectos vindouros ou mesmo a produção de protótipos para análise da qualidade dos produtos", resumiu o responsável, destacando que este é um modelo "muito eficaz" para a concretização de negócios, pois permite aos importadores conhecerem o processo de fabrico, as instalações e testarem os produtos, "aumentando em grande escala a confiança entre as partes".
As indústrias de mobiliário escolhidas para participar nesta iniciativa, apontou João Pedro Begonha, foram as nove que demonstraram interesse na sequência de um "workshop" sobre este mercado organizado por esta associação empresarial, que há um ano acordou a renegociação da dívida com a Caixa Geral de Depósitos: Estofal; AM Furniture; Lino Barros & Ferreira; Portos Mobiliário; Premium Sofá; Época Gold Mobiliário Internacional; Costa Pereira Mobiliário; Made to Last; e Móveis Barbosa Neto.
De acordo com as estatísticas fornecidas pela AEPF, não desagregadas por mercados, as empresas de Paços de Ferreira exportaram cerca de 800 milhões de euros de mobiliário em 2017. No conjunto das vendas de mobiliário e colchoaria nacional ao exterior nos primeiros nove meses do ano passado, compiladas por uma das principais associações do sector (APIMA), o Reino Unido era o terceiro maior destino, com uma quota de 6%. Distante do peso de França (32%) e Espanha (27%), as compras britânicas ascendiam a 84 milhões de euros até Setembro, em resultado de um crescimento homólogo de 16% nesse período.
Com um peso relevante na estrutura das exportações portuguesas de mobiliário e colchoaria, as empresas de Paços de Ferreira têm mais de um milhão de metros quadrados de área de exposição em permanência. É também neste concelho vizinho de Paredes, concorrente na produção de móveis, que se continua a realizar, duas vezes por ano, a feira Capital do Móvel, considerada a mais importante na área do mobiliário e decoração a nível nacional.
Chumbada a deslocalização da Capital do Móvel para Lisboa
A tradicional feira Capital do Móvel vai continuar a ter duas edições anuais, sendo que a 50ª edição já tem data marcada, entre 21 a 29 de Abril, e a seguinte deve voltar a acontecer em Agosto também em Paços de Ferreira. Em Janeiro, a AEPF chegou a propor deslocalizar uma das edições para a Feira Internacional de Lisboa, com o intuito de "permitir aos expositores estarem mais próximos do público-alvo com maior poder de compra no melhor centro de exposições do país". No entanto, essa proposta acabou por ser chumbada pelos associados, que decidiram manter a exibição no parque de exposições local, onde costumam marcar presença entre 75 a 100 expositores e perto de 20 mil pessoas durante uma semana. Entre as novidades prometidas pela organizadora está o apadrinhamento da Capital do Móvel por uma figura pública, a divulgação da marca na loja do aeroporto Sá Carneiro, a integração de mais actividades paralelas durante a feira e ainda a criação de roteiros específicos pelos espaços de exposição de mobiliário no concelho.