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Coca-Cola: Azeitão já negoceia em Nova Iorque, Amesterdão e Madrid

Capital espanhola juntou-se esta quinta-feira às praças onde a nova Coca-Cola European Partners passou a estar cotada. Maior engarrafadora mundial da marca de refrigerantes agrega a antiga Refrige, com uma fábrica em Azeitão.

Kiyoshi Ota/Bloomberg
02 de Junho de 2016 às 19:20
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Arrancou esta quinta-feira, 2 de Junho, a negociação das acções da Coca-Cola European Partners (CCEP), um dia depois dos títulos da "maior engarrafadora independente da Coca-Cola do mundo por vendas líquidas" terem ser admitidos em Nova Iorque, Reino Unido e Amesterdão.

 

A companhia fechou a sessão madrilena com o valor de 37,7 euros, melhor do que a referência inicial – dada pelo fecho de Amesterdão um dia antes – de 35,58 euros, e forte candidata a ingressar em breve o Ibex 35, segundo a imprensa económica espanhola. No primeiro dia, mudaram de mãos 387,67 mil títulos da CCEP em Madrid.

 

A CCEP agrega, essencialmente, todos os sete engarrafadores europeus da Coca-Cola na Europa, situados em 13 mercados no continente, fusionando-os com empresa norte-americana. Juntaram-se assim a Coca-Cola Enterprises Inc., que já era cotada em Nova Iorque, a alemã Coca-Cola Erfrischungstgetränke GmbH e a ibérica Coca-Cola Iberian Partners.

 

Antes, e numa iniciativa que começou em Outubro de 2012, a Coca-Cola já tinha procedido a um longo processo de agregar os vários engarrafadores que tinha na Península Ibérica. Foi nessa etapa, que a Refrige – empresa que produz e engarrafa, sob licença da casa-mãe norte-americana, a bebida Coca-Cola em Portugal, na fábrica em Azeitão – passou a fazer parte da Coca-Cola Iberian Partners (nascida em 2013). E agora faz parte da CCEP.

 

Criada a 3 de Março de 1977, em Alfragide, a antiga Refrige é qualificada como "líder no mercado de bebidas refrigerantes em Portugal com instalações em Braga,  Porto, Estarreja, Coimbra, Lisboa, Azeitão e Loulé", de acordo com a informação disponível no seu "site" oficial.  

 

A unidade fabril em Azeitão "dispõe de duas linhas de enchimento de vidro (retornável e não retornável), duas linha de PET (plástico), uma de latas, uma de tanquetes e uma de ‘bag in box’, e produz a maioria dos produtos comercializados em Portugal", é ainda descrito no site. Emprega 400 trabalhadores.

 

"Óptimas notícias para Portugal"

Às 12h de Madrid desta quinta-feira, coube a Sol Daurella o toque de sino simbólico de arranque da negociação dos títulos da CCEP na praça espanhola, completando um ciclo iniciado em 1951. A gestora é neta de Santiago Daurella Rull, que naquele ano conseguiu através da Cobega a primeira licença espanhola para engarrafar a Coca-Cola em Espanha. A primeira fábrica de Coca-Cola na Península Ibérica abriria dois anos mais tarde, em Barcelona.

 

A gestora é por isso, recordava na passada semana o jornal Cinco Días, a face visível da família  Daurella – que como dona da Cobega se tornou uma das accionistas da Coca-Cola Iberian Partners, que detém agora 34% do capital da CCEP. Como os 18% que a Coca-Cola (casa-mãe da marca nos EUA) possui da CCEP, os accionistas- engarrafadores ibéricos não podem vender durante os próximos 12 meses as suas participações na Coca-Cola European Partners.

 

O "free-float" da CCEP que esta semana foi cotada nas praças de Nova Iorque, Reino Unido, Amesterdão e Madrid – de forma directa, sem negociação prévia – vêm da participação de 48% dos anteriores accionistas da antiga Coca-Cola Enterprises. Por cada acção desta receberam um título da CCEP, acrescidos de 14,5 euros em dinheiro. 

 

Sol Daurella, que liderou a Coca-Cola Iberian Partners (CCIP), liderará agora a CCEP, uma empresa que agrega – números oficiais de 2015 – 11 mil milhões de euros de vendas e 1,8 mil milhões de euros de EBITDA. Pessoalmente, a revista Forbes situa-a como a segunda mulher mais rica de Espanha, acumulando em 2015 uma fortuna estimada de 3,7 mil milhões de euros. 

 

Na sessão especial na bolsa de Madrid esta quinta-feira, Sol Daurella afirmou a sua convicção que a companhia "pan-europeia" agora surgida possa aumentar a sua actual quota agregada de 29% num mercado de bebidas cujo negócio avaliou em "100 mil milhões de euros anuais".

 

Mas sublinhou: "o nosso foco local é uma força diferenciadora". "Continuaremos a investir, a empregar, a produzir, e a distribuir em cada país como até agora, mantendo um sólido compromisso económico e social em cada um dos mercados onde operamos".

 

Na plateia, Andrés Curbelo, responsável pelas operações da antiga CCIP e agora da nova CCEP em Portugal, gostou do que ouviu. As palavras da gestora, de manter o que está como está em cada país são "óptimas notícias para Portugal" considerou.

 

O gestor não revelou o valor da facturação realizada pela unidade industrial em Azeitão, mas adiantou que em volume saíram 255,51 milhões de litros de refrigerantes da fábrica portuguesa que engarrafa sob licença a marca Coca-Cola. Destes, "80 a 85%", acrescentou, destinaram-se ao mercado nacional. 

 

No processo de concentração de engarrafadores ibéricos, recorde-se, Portugal ficou de fora da reorganização industrial e laboral. Espanha nem tanto, tendo a disputa laboral levado à reabertura de uma unidade, em Madrid.

*A jornalista viajou a Madrid a convite da Coca-Cola European Partners.

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