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Cinturão negro de Guimarães faz-se à falida Tegopi
Dono e nome do grupo de Guimarães que emprega mais de 600 pessoas, o karateca que perdeu a corrida à presidência do Vitória, já por duas vezes, quer agora salvar parte da falida metalomecânica de Gaia. Conheça Pinto Brasil, de 61 anos.
Nascido em 1958, em Creixomil, na cidade onde nasceu Portugal, o mais novo de três filhos dos donos da mercearia da freguesia cedo começou a saber fazer uns trocos ao balcão do negócio dos pais.
Quando acabou a escola primária, foi tirar o curso de serralheiro mecânico na Escola Comercial e Industrial de Guimarães. O seu primeiro emprego aconteceu aos 15 anos, numa pequena metalomecânica local, a Laranjeiro & Oliveira, que fabricava máquinas para a indústria têxtil. Ganhava 20 escudos (10 cêntimos) por semana.
Adepto fervoroso do Vitória de Guimarães, foi extremo-esquerdo dos Piratas de Creixomil, tendo depois abraçado o futebol de salão, com passagens pelo Campos, Riba d’Ave e Taipas. E iniciou-se no karaté.
No final dos anos 70, com 21 anos, já ao volante do seu primeiro carro, um Fiat 127, deixa os campos da bola e o karaté, abandona a Laranjeiro e começa a trabalhar por conta própria. O arranque da aventura de pedalar a sua própria bicicleta empresarial aconteceu num anexo alugado em S. João da Ponte, freguesia da mulher com que casou e que lhe deu quatro filhos - Andreia, António Manuel, Pedro e Adriana.
Quatro décadas depois, Manuel Machado Pinto Brasil, de 61 anos, é hoje dono de um grupo que diversificou a sua paleta de ofertas enquanto fornecedor de máquinas e periféricos industriais de empresas líderes dos setores automóvel e aeronáutico, expandindo a sua área de atuação para os serviços, a construção e tecnologias de informação.
Grupo vimaranense Pinto Brasil fatura mais de 40 milhões e exporta 90%
Atualmente, o grupo emprega mais de 600 pessoas, distribuídas pelas empresas Pinto Brasil, Divmac, P.B. Renováveis, MTS Group, Arlógica, Metalpaint, Calmways, Tecnocampo e GenSYS e Marcenaria Monte Cristo.
Fechou o exercício de 2017 com uma faturação superior a 40 milhões de euros, dos quais 90% foram gerados nos mercados internacionais.
Entretanto, esta quinta-feira, 3 de outubro, na assembleia de credores da falida Tegopi, o administrador de insolvência revela que o grupo de Guimarães está interessado em comprar parte da metalomecânica de Gaia.
"Fui contactado por um novo investidor, o Pinto Brasil, que poderá viabilizar parte da empresa. Proponho a liquidação da empresa salvaguardando partes", disse António Dias Seabra, que viu aprovada a sua sugestão sob a figura jurídica "liquidação da empresa com manutenção do estabelecimento".
Em declarações à Lusa, Manuel Brasil confirmou o interesse na Tegopi: "Não posso dizer valores, mas vamos analisar tudo, ver os prós e os contras, e estou confiante que conseguiremos avançar com o negócio", disse o presidente do grupo Pinto Brasil.
O empresário afirmou que "existiram contactos" com o administrador de insolvência da Tegopi e que, "por estar dentro do seu âmbito de negócio e para evitar o despedimento de tantas pessoas", quer investir na empresa de Gaia.
Manuel Pinto Brasil disse que é objetivo do seu grupo, que atualmente tem como principais mercados a Europa, Norte de África e América do Norte, é "crescer no setor e alcançar mercados alternativos", razão pela qual procura "oportunidades de investir junto de empresas cujos trabalhadores têm experiência no setor".
A Tegopi, que é detida em 70% por um fundo público, apresentou-se à insolvência em maio passado com uma dívida de 30,6 milhões de euros a um total de 272 credores, entre os quais a CGD (13,4 milhões de euros) e a Segurança Social, que reclama créditos de 555 mil euros.
Após o anunciado despedimento de 98 trabalhadores, a metalomecânica gaiense tem agora ao serviço 81 pessoas.
Manuel Brasil, com quem o Negócios tentou falar, sem sucesso, ainda não conseguiu concretizar o seu velho sonho de tornar-se presidente do Vitória de Guimarães, tendo averbado duas derrotas nas tentativas de lá chegar, em 2010 e e 2012.
Já no karaté, arte marcial a que regressou quando se tornou quarentão, ganhou o cinto negro.
Algures no site do grupo Pinto Brasil, numa publicação datada de junho de 2017, lê-se: "Após ter marcado presença no estágio de Karaté realizado em Aveiro, o nosso CEO, Manuel Brasil, foi até à Grécia para participar no estágio internacional conduzido pelo Sensei Velibor Dimitrijevic (7Dan)."