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Tegopi faliu com pontes rolantes ao fundo do túnel

Os credores da fabricante gaiense de torres eólicas aprovaram a liquidação da empresa, com o gestor de insolvência a revelar que há uma proposta do grupo Pinto Brasil para a aquisição de uma parte da Tegopi, a de assistência de equipamentos e pontes rolantes.

03 de Outubro de 2019 às 12:51
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A insolvente metalomecânica Tegopi, detida em 70% por um fundo público e que tem a CGD como principal credor, vai para liquidação, de acordo com a proposta do administrador judicial aprovada pelos credores, esta quinta-feira, 3 de outubro, conforme o Negócios avançou na sua última edição.

 

Pelas 12h50, com a assembleia de credores ainda a decorrer, Adão Ferreira, da Comissão de Trabalhadores da Tegopi, confirmou ao Negócios que a esmagadora maioria dos credores votou favoravelmente a proposta de liquidação da empresa, incluindo a CGD, com a abstenção da pequena credora PME Investimentos, a sociedade pública que gere o fundo estatal FACCE, acionista maioritário da companhia insolvente mas que detém apenas 30% dos votos.   

 

Entretanto, o administrador de insolvência revelou que "há um grupo interessado na aquisição de uma pequena parte da empresa, o de assistência e pontes rolantes", adiantou Adão Ferreira, o também dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras Energia e Atividades do Ambiente do Norte (SITE-Norte).

 

Segundo a mesma fonte, o gestor judicial irá agora avaliar a proposta, tendo informado os credores que a operação terá que ser firmada "até ao final da próxima semana", sob pena de a Tegopi ir para liquidação total.

 

"Fui contactado por um novo investidor, o Pinto Brasil, que poderá viabilizar parte da empresa. Proponho a liquidação da empresa salvaguardando partes", disse o administrador de insolvência, António Dias Seabra, tendo sido aprovada pelos credores, sob sua sugestão, a figura jurídica "liquidação da empresa com manutenção do estabelecimento".

 

Em causa está uma fatia muito pequena do negócio da Tegopi, onde a produção de torres eólicas representava cerca de 90% da sua faturação, que foi de 35 milhões de euros no ano passado, um exercício fechado com prejuízos de aproximadamente dois milhões de euros.

 

O grupo CGD, que tem 13,4 milhões de euros a haver na Tegopi, lamenta a forma como o processo de insolvência foi conduzido, quer pelo gestor judicial quer pela administração da insolvente.

 

"A CGD nunca recebeu por parte da empresa ou do seu administrador de insolvência qualquer plano de recuperação para analisar o seu conteúdo", tendo ficado a saber, "passada quinta-feira", que "foi anexo aos autos uma proposta do administrador de insolvência que aponta para a liquidação da empresa", afirmou ao Negócios fonte oficial do banco estatal.

 

"Ao longo do processo de insolvência solicitámos ao administrador de insolvência um conjunto de informações sobre a empresa e a sua atividade, que nunca nos foi disponibilizada", queixou-se a mesma fonte da instituição liderada por Paulo Macedo.

 

Já o presidente da PME Investimentos, ainda ao Negócios, "lamenta a forma como foi feito o aviso de despedimento de trabalhadores" da empresa, na passada sexta-feira, através de uma folha afixada na cantina com o nome dos 98 dispensados. "É algo desumano", classificou Marco Fernandes.

 

A Tegopi apresentou-se à insolvência em maio passado com uma dívida de 30,6 milhões de euros a um total de 272 credores, entre os quais também está a Segurança Social, que reclama créditos de 555 mil euros.

 

Após o anunciado despedimento de 98 trabalhadores, a metalomecânica gaiense tem agora ao serviço 81 pessoas, referiu Adão Ferreira.



(Notícia atualizada às 13:12)

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