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Calçado português vai investir 140 milhões para se tornar mais tech e sexy

Um investimento a realizar nos próximos três anos, com projetos enquadrados no Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), tendo como um dos grandes objetivos tornar-se “a referência internacional no desenvolvimento de soluções sustentáveis”.

04 de Janeiro de 2022 às 11:00
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O setor português do calçado, que se apresenta ao mundo como "a indústria mais sexy da Europa", tem resistido melhor ao impacto da pandemia do que os concorrentes e evidencia já bons sinais de recuperação, tendo no mês de outubro passado exportado mais do que nos dois anos anteriores.

 

Com as recentes estatísticas do comércio internacional para o calçado a mostrarem uma imagem revigorante de recuperação, a industrial nacional do setor anuncia que vai investir 140 milhões de euros nos três próximos anos, com o objetivo de ser "a referência internacional no desenvolvimento de soluções sustentáveis".

 

Através do Cluster do Calçado e Moda, liderado pela associação do setor (APICCAPS) e Centro Tecnológico do Calçado de Portugal (CTCP), esta indústria pretende, também, "reforçar as exportações portuguesas alicerçadas numa base produtiva nacional altamente competitiva, fundada no conhecimento e na inovação".

 

Em dois projetos distintos, mas complementares, enquadrados no PRR (Programa de Recuperação e Resiliência), aquelas duas entidades "reuniram mais de 100 empresas, entre universidades, empresas e entidades do sistema científico e tecnológico e preparam uma nova década de crescimento nos mercados externos", avança a APICCAPS, em comunicado.

 

"As conquistas do passado não são garantias de futuro", assume Luís Onofre. Para o Presidente da APICCAPS, "ainda que na última década o calçado português tenha tido um desempenho assinalável – excluindo o período da pandemia - nos mercados externos para onde exporta mais de 95% da sua produção, sentimos que os negócios mudaram e compete-nos investir numa indústria nova, para permanecer na vanguarda".

 

Este processo de afirmação do calçado português nos mercados externos "deve assentar na sofisticação e na criatividade da oferta portuguesa, ao nível dos biomateriais, dos ecoprodutos, dos processos digitais e ágeis, e dos novos modelos de negócio, permitindo apostar em segmentos de mercado em que a escolha se baseia mais na moda e na tecnicidade do que no preço", preconiza Onofre.

Os dois projetos a executar até ao final de 2024 denominam-se BioShoes4All e FAIST, e estão orçamentados em 80 milhões e 60 milhões de euros, respetivamente.

 

O BioShoes4All será dividido em cinco pilares – Biomateriais, Calçado Ecológico, Economia Circular, Tecnologias Avançadas de Produção e Capacitação e Promoção e pretende "garantir uma base produtiva nacional resiliente para posicionamento no mercado internacional no qual a inovação, a diferenciação, a resposta rápida e eficaz, o serviço, a qualidade dos produtos, a capacitação e a promoção são argumentos competitivos que nos permitem ser superiores à concorrência", garante Maria José Ferreira, do CTCP e coordenadora do projeto.

 

Nesse sentido, sustenta, o setor de calçado "tem a ambição de induzir uma mudança radical nos materiais, tecnologias, processos e produtos".

 

Um dos objetivos deste projeto passa pelo "desenvolvimento e a produção de novos biomateriais e componentes, alicerçados nos princípios da bioeconomia circular e do desenvolvimento sustentável, em todas as suas dimensões, criando soluções diferenciadas, valorizadas pelos clientes e consumidores, contribuindo para catalisar uma nova bioeconomia sustentável, a valorização eficiente de biorecursos regionais e nacionais e a descarbonização".

 

Já com o projeto FAIST pretende-se "aumentar o grau de especialização da indústria portuguesa de calçado para novas tipologias de produto" e potenciar "a capacidade de oferta das empresas portuguesas de calçado através do reforço da capacidade de fabricar médias e grandes encomendas, utilizando processos de montagem mais eficientes", adianta Leandro de Melo, diretor geral do CTCP.

 

"Se hoje as empresas portuguesas são reconhecidas pela sua capacidade de inovação, do fabrico de pequenas encomendas de modo eficiente ou pela flexibilidade, terão agora de otimizar processos e melhorar a eficiência, para assegurar novos ganhos de competitividade", defende.

 

"O setor do calçado sempre assumiu como grande objetivo ser uma grande referência internacional", recorda Luís Onofre. "Este é o momento de preparar uma nova década de crescimento, reforçando competências, acelerando a inserção de novos quadros qualificados nas empresas e aumentar o investimento em I&DT, para que possamos apresentar produtos altamente diferenciadores", conclui o presidente da APICCAPS.

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