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Cabelte desperta com 470 trabalhadores e 210 milhões de faturação

Salva da falência no primeiro ano da crise pandémica, a maior produtora nacional de cabos elétricos e para telecomunicações reaparece no palco mediático com a inauguração, pelo ministro da Economia, de uma nova linha de produção que irá permitir quase duplicar as exportações.

20 de Dezembro de 2024 às 16:51
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A 8 de janeiro de 2020, três meses antes de a pandemia de covid-19 sequestrar Portugal, a maior produtora portuguesa de cabos elétricos e telefónicos entrava em Processo Especial de Revitalização (PER) com uma dívida de quase 200 milhões de euros.

A adesão da Cabelte ao PER foi determinada pela entrada em campo de Tiago Neiva de Oliveira, antigo dono da empresa fundada pelo seu avô, que foi afastado, com a entrada de um fundo gerido pela "private equity" Oxy Capital na companhia de Vila Nova Gaia, em 2013.

Tiago Neiva de Oliveira, que em tempos foi cognominado de "rei dos cabos", tinha requerido a insolvência da Cabelte dois meses antes, sendo que a ação judicial viria a ser extinta porque a devedora se apressou a pagar o crédito do empresário, que era inferior a 200 mil euros.

Em sede de PER, a Cabelte, que empregava na altura cerca de cinco centenas de trabalhadores, deu conta que há já vários anos que a exploração da empresa era altamente deficitária, tendo acumulado, nos dois exercício anteriores, prejuízos superiores a 100 milhões de euros, entrando em falência técnica.

"Os resultados e ‘cash-flows’ gerados em 2018 não foram positivos, pelo que afetaram a situação financeira em 2019", exercício fechado com uma faturação estimada de 185,5 milhões de euros, contra 238,8 milhões no ano anterior.

O plano de recuperação da Cabelte, que foi aprovado no verão de 2020, fez sumir mais de metade da dívida de 195 milhões de euros, reduzindo-a para 87 milhões.

Desde então que, sob o controlo da Oxy Capital, a Cabelte desapareceu do palco mediático.

20 de dezembro de 2024: "Ministro da Economia inaugura nova linha da Cabelte e reconhece impacto positivo na economia portuguesa", anuncia a Cabelte, em comunicado.

"A inauguração da linha de produção EP102 representa um marco significativo na aposta da Cabelte na inovação e sustentabilidade, demonstrando a capacidade da empresa em evoluir e continuar a liderar o setor", realça.

Com este novo investimento, a empresa pretende "aumentar a capacidade de produção de 50 mil para 80 mil toneladas por ano e quase duplicar as exportações, reafirmando o seu papel como motor de crescimento industrial de identidade única e nacional", enfatiza a Cabelte, sem revelar qualquer indicador económico-financeiro.

Contactada pelo Negócios, fonte oficial da Cabelte disse apenas que a empresa emprega cerca de 470 pessoas e fechou o exercício de 2023 com uma faturação de 210 milhões de euros

O plano global de investimentos da Cabelte "tem o intuito de acelerar o crescimento e reforçar a posição da empresa no mercado europeu e mundial", com o ministro da Economia a elogiar a empresa, que "deixa um valor grande e forte na economia portuguesa e estão ramificados, porque criam cadeia de valor, e acabam por abrir mercados para muitas outras empresas. Há muito espaço para isso em Portugal. Há espaço para a consolidação empresarial", defendeu Pedro Reis.

"Parabéns por terem acreditado, por terem feito esta reestruturação, parabéns por continuarem a investir, mas, acima de tudo, parabéns por ajudarem a levantar a economia portuguesa", afirmou o ministro, para concluir que "é preciso ter a coragem de reinventar, repensar e, acima de tudo, ter a coragem de reestruturar e crescer. Mesmo dentro da volatilidade dos mercados, dos conflitos e das incertezas, há os túneis da aceleração."

Com foco "no crescimento sustentável e no reforço das suas operações", a Cabelte "reafirma o compromisso de continuar a contribuir significativamente para a economia nacional, enquanto se posiciona como referência no setor de cabos de média e alta tensão".

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