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Sonae Sierra investe 300 milhões em novos centros comerciais

A empresa está a espetar a "primeira lança" em África e aposta na expansão do NorteShopping e do Colombo. Depois da "crise pesada", Fernando Guedes de Oliveira diz que é tempo de "retomar a actividade de construção".

O Zenata Shopping Center, em Marrocos, será o primeiro centro comercial detido pela Sonae Sierra em África. Representa um investimento de 100 milhões de euros e deve abrir em 2021.
26 de Setembro de 2017 às 17:09
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A Sonae Sierra tem actualmente 14 novos projectos em desenvolvimento, seis deles para clientes externos, que representam um investimento total de 750 milhões de euros. Desse montante, que inclui as expansões do NorteShopping e do Colombo, 300 milhões de euros são aplicados pela empresa portuguesa.

 

É na Colômbia, em Espanha, em Marrocos e na Alemanha que moram os quatro maiores projectos em carteira e que absorvem mais de metade do investimento total. Parte desse dinheiro já está a ser aplicado, como no caso do país da América Latina, sendo que o prazo de conclusão dos mais atrasados, no Norte de África e no maior mercado europeu, está previsto para 2021.

 

Num encontro com jornalistas, no Porto, o presidente executivo, Fernando Guedes de Oliveira, sublinhou que "depois de uma crise pesada, em que [foram] praticamente obrigados a parar a actividade de construção", a Sonae Sierra está "agora, aos poucos e poucos, a reconstituir a sua ‘pipeline’ de novos projectos", acrescentando que a administração quer "que isto seja uma actividade recorrente" na empresa.

 

Os quatro maiores projectos da Sonae Sierra

Zenata Shopping Center (Marrocos): este centro comercial com 90 mil metros quadrados, 250 lojas e 3.650 lugares de estacionamento será o primeiro em África da Sonae Sierra, que detém uma pequena participação (11%) neste investimento a rondar os 100 milhões de euros. A primeira fase, que contempla a loja IKEA, já foi inaugurada. Quando ao resto, o CEO admite que o projecto "tem sofrido alguns atrasos", mas confia que as obras irão arrancar em 2018 e estar prontas três anos depois.

Jardín Plaza Cúcuta (Colômbia): o centro comercial, que começou a ser construído este ano numa parceria com a Central Control, vai ter cerca de 43 mil metros quadrados, 150 lojas e 2.300 lugares de estacionamento. Representa um investimento de 47 milhões de euros e tem inauguração prevista para o final de 2018.

McArthurGlen Designer Outleg Málaga (Espanha): este investimento de 115 milhões, em parceria com a McArthurGlen, especialista em outlets, está também em construção e a primeira fase vai abrir já no próximo ano. Com 30 mil metros quadrados de área bruta locável, uma centena de lojas e 1.200 lugares de estacionamento, é a primeira experiência da Sonae Sierra em formatos outlet e surgiu pela "oportunidade de criar um pólo comercial mais forte" naquela zona, já que fica "pegado" ao seu Plaza Mayor.

Projecto de Nuremberga (Alemanha): para o espaço da antiga sede da falida Quelle, "um dos maiores edifícios" do país (250 mil metros quadrados a serem reabilitados) que comprou há dois anos em sede de insolvência daquele grupo de vendas por catálogo, a Sonae Sierra tem um projecto multiusos, que inclui um centro comercial, escritórios e habitação. Está em fase de licenciamento e ainda não há data para o início da construção. Guedes de Oliveira não adiantou potenciais parceiros, mas há um ano estimou ao Negócios que o investimento total ali poderia ficar entre 300 e 400 milhões de euros.



Nas contas e na classificação da Sonae Sierra, que no primeiro semestre aumentou os lucros em 9%, para 64,2 milhões de euros, nesta rubrica de novos desenvolvimentos entram também duas expansões, pela dimensão dos empreendimentos. É o caso do NorteShopping, em Matosinhos, no qual vão ser investidos 60 milhões de euros para ganhar 15 mil metros quadrados, aumentar o estacionamento e melhorar os acessos rodoviários e pedonais. O licenciamento fica concluído "nas próximas semanas", a primeira fase das obras será inaugurada no final de 2018 e o restante no ano seguinte.

 

De igual montante é o investimento no centro comercial Colombo, que crescerá 17 mil metros quadrados e que vai entrar em obras apenas em 2018, já que o processo de licenciamento está "atrasado". O empreendimento lisboeta vai também ter um terceiro edifício de escritórios, com iguais 30 mil metros quadrados distribuídos por nove andares. O prédio será mais baixo do que as outras duas torres e "ainda está em aberto" a escolha do parceiro – nas outras participaram, além dos sócios do Colombo, a Caixa Geral de Depósitos e a Iberdrola.

 

Fora destas contas ficam as expansões mais pequenas e também as renovações em curso ou fechadas já no decorrer deste ano, que totalizaram 50 milhões de euros, 20 deles investidos pela empresa controlada pela Sonae e pela britânica Grosvenor. Foi o caso dos portugueses Vasco da Gama (Lisboa), CascaiShopping, LoureShopping e AlgarveShopping, todos eles concluídos; e do GranCasa, em Zaragoça, e do Plaza Sul, em São Paulo, onde ainda estão obras em curso.

 

Potencial "emergente", apesar da dúvida brasileira

 

A Sonae Sierra detém ou co-detém 48 centros comerciais (23 deles em Portugal) com um valor de mercado que ronda os sete mil milhões de euros, tendo ainda responsabilidade de gestão e/ou comercialização em 77 outros projectos de retalho. No total, são 9.100 lojistas e 427 milhões de visitantes nestes empreendimentos em que está envolvida a empresa do grupo Sonae, que emprega directamente mais de mil pessoas e tem escritórios em 12 países.

 

Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, Grécia, Roménia e Brasil são as geografias onde estão os shoppings em que tem participações. A esta lista somará então Marrocos e Colômbia, onde já está "a pôr a risco capital da Sonae Sierra" e ambiciona ter novos projectos. Guedes de Oliveira declarou mesmo que, face à maturidade nos mercados do Velho Continente onde "há mais dificuldade em encontrar oportunidades para novos projectos", é mesmo pelos mercados emergentes em África e na América Latina que "passará o crescimento" da sociedade nos próximos anos.

 

O caso brasileiro, em que já detém nove centros comerciais, merece um maior destaque. Em Setembro de 2016, o executivo admitia que só avançaria ali com novos projectos quando tivesse "a certeza de que a recuperação" económica fosse sustentável e, por isso, no Brasil estava tudo "um bocado em ‘stand by’". Um ano volvido, fala de "sinais claros" de melhoria e de uma maior esperança de que "o ciclo negativo já tenha sido ultrapassado". Porém, mantém que os planos que continua a acumular na gaveta só saem do papel com uma maior clarificação política no país e quando a empresa se "sentir confiante" para investir.

 

Queremos duplicar em cinco anos [para 140 milhões de euros] as receitas provenientes dos contratos de prestação de serviços. Fernando guedes de oliveira, ceo da sonae sierra

Ao lado do director financeiro, Joaquim Ribeiro, o responsável máximo da Sonae Sierra referiu ainda que os contratos de prestação de serviços, em 14 países, já contribuem com receitas próximas dos 70 milhões de euros. Fixou como meta "duplicar em cinco anos" este valor e notou que África, por ser um mercado emergente nesta indústria, pode ser "fértil" neste domínio da prestação de serviços, que podem ir da arquitectura à comercialização de lojas, passando pela gestão de activos e pela própria gestão operacional dos shoppings.

 

No primeiro semestre deste ano, a Sonae Sierra andou às compras em várias geografias. Foi neste período que, entre outras operações, adquiriu com a Axa um centro comercial em Espanha; através do fundo Iberia Coop, em parceria com a CBRE Global Investiment Partners, comprou o Albufeira Retail Park e as instalações do Continente no AlgarveShopping; ou que fez a aquisição de cinco activos na Península Ibérica (incluindo o Portimão Retail Park e a Media Market Braga) através do OERS, um novo veículo de investimento imobiliário lançado com o Bankinter.

 

A Sonae Sierra detém uma pequena participação (3,75%) e é responsável pela gestão deste fundo, criado no final de 2016 com o objectivo de investir 400 milhões de euros. Explicando que esta Socimi (acrónimo em espanhol para sociedade anónima cotada de investimento imobiliário), mais do que em centros comerciais, está mais focada em hipermercados e supermercados, "retail parks" e comércio de rua em localizações privilegiadas dos dois lados da fronteira, Guedes de Oliveira referiu que "no final de 2018 [quer] ter esgotado" esta dotação.

(Notícia actualizada às 18:08 com mais informação sobre a aposta nos mercados externos, os contratos de prestação de serviços e as aquisições realizadas no primeiro semestre de 2017)

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