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Setor imobiliário com investimento de dois mil milhões por ano graças a benefícios fiscais

Em Portugal, a isenção no imposto sucessório e nas mais-valias dos fundos imobiliários estão a transformar a habitação num investimento apetecível para grandes fortunas, fundos de pensões estrangeiros e bancos.

O agravamento das taxas de juro tem-se feito sentir nas prestações mensais      da casa que as famílias pagam aos bancos.
Sérgio Lemos
09 de Dezembro de 2022 às 09:44
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As isenções e benefícios fiscais nos negócios imobiliários causam uma "afectação desajustada de capital" e, desta forma, atraem investimentos de dois mil milhões de euros por ano que podiam ajudar outros sectores da economia, avança o Público esta sexta-feira, com base em relatos de promotores imobiliários ao coletivo de jornalismo de investigação de 11 países Investigate Europe. 

Estes profissionais confessam não ter de utilizar offshores graças aos benefícios fiscais que existem na Europa e nos EUA. 

Em Portugal, por exemplo, diz o Público, trata-se de benefícios como a isenção no imposto sucessório e nas mais-valias dos fundos imobiliários, por exemplo –, que estão a transformar a habitação num investimento muito apetecível para detentores de grandes fortunas, fundos de pensões estrangeiros e bancos.

No entanto, este sobre "sobreinvestimento" resulta numa "afectação desajustada de capital". Ou seja, os baixos impostos sobre o imobiliário acabam por desviar investimentos noutros setores. 

De acordo com as contas feitas por Susana Peralta, professora na Nova SBE, em Portugal este "desvio" é superior a dois mil milhões de euros por ano (valor "extremamente conservador"), tratando-se na prática de investimento que escolhe o imobiliário apenas porque os impostos favorecem a rentabilidade do negócio.

Na Alemanha, por exemplo, a parte do investimento "desviada" para o imobiliário por razões fiscais oscila entre os 68 e os 110 mil milhões de euros por ano. Em Itália, a má afectação de capital a bens imobiliários situa-se entre 11,9 e 19,2 mil milhões de euros por ano. E na Noruega, "se os privilégios fiscais noruegueses para bens imobiliários fossem abolidos, isso teria levado a um investimento entre 1,24 mil milhões e 6,39 mil milhões de euros a menos no sector imobiliário no ano passado", dizem os especialistas ouvidos. 
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