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Metade das casas novas foram vendidas ainda em planta no primeiro semestre

Das 4.700 novas casas lançadas para venda este ano, 51% já tinham sido vendidas até junho, segundo dados da Confidencial Imobiliário. O número total de novos projetos e fogos lançados no mercado traduz uma quebra face ao ano passado, uma tendência que preocupa o setor e agudiza a crise de habitação.

O aumento do custo de construção de casas tem sido muito inferior ao verificado no nível de preços da habitação.
Miguel Baltazar
06 de Setembro de 2023 às 12:00
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Metade das casas de construção nova que iniciaram o processo de venda este ano foram vendidas ainda em planta, segundo os dados da Confidencial Imobiliário.


Entre janeiro e junho deste ano, a base de dados Edifícios em Comercialização contabilizou o lançamento para venda de cerca de 120 empreendimentos residenciais num total de 4.700 novas casas, das quais 51% se encontram já vendidas. Este sistema de informação monitoriza o mercado de promoção imobiliária institucional, que compreende os edifícios de maior dimensão e cuja lógica de comercialização passa pelo envolvimento das agências de mediação imobiliária ou portais imobiliários mais relevantes no mercado.


Estes números surpreendem o diretor da Confidencial Imobiliário, Ricardo Guimarães, tendo em conta o "quadro macroeconómico adverso, em que seria normal esperar uma forte travagem na dinâmica da procura. Contudo, uma taxa de absorção de 51%, que traduz a aquisição de metade da oferta lançada ainda em planta, é um desempenho muito positivo, que contraria a expetativa de um choque de procura", acrescentou, citado em comunicado emitido esta quarta-feira.

No recente recente inquérito de confiança realizada pela Confidencial Imobiliário - Portuguese Investment Property Survey – os promotores tinham apontado que a menor das suas preocupações era a falta de procura. O grande problema está na oferta, como a atual crise de habitação tem demonstrado. E os números relativos à nova construção não tranquilizam.


Em 2022, a mesma base de dados contabilizou cerca de 185 novos empreendimentos residenciais num total de 8.200 fogos lançados, em média, por semestre, um ritmo que está mais de 50% acima do registado nos primeiros seis meses deste ano. Ou seja, há uma quebra no número de novos projetos e fogos lançados face ao ano passado.

"Estamos numa situação de paradoxo, em que mais de metade da oferta continua a estar tomada, mas em que se constrói bastante menos. Quem avança com os seus projetos regista boas taxas de absorção do produto. Contudo, há muitos promotores a cancelar ou adiar os seus investimentos, reagindo aos constrangimentos de conjuntura", alerta Ricardo Guimarães. Em causa está o aumento dos preços da construção e a falta de mão de obra e, por exemplo, a morosidade na atribuição das licenças, como os agentes do setor têm apontado.


Além disso, segundo o diretor da Confidencial Imobiliário, alguns projetos estão a ser redirecionados para os segmentos mais altos, "não tão afetados pela subida das taxas de juro, na medida em que têm menor necessidade de recorrer a crédito. Isso terá um efeito de agravamento no acesso à habitação". 

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