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Jorge Mendes tem novo senhorio americano no Porto
A Värde Partners comprou à espanhola DosPuntos a sociedade que detém o complexo Burgo, desenhado por Souto Moura na Avenida da Boavista, onde funcionam os escritórios da Gestifute, Luthansa, L’Oreal, KPMG ou Iberdrola.
O complexo de escritórios Burgo, localizado na Avenida da Boavista, foi vendido pelos espanhóis da DosPuntos Asset Management - que detinha a 100% a Burgo Fundiários SA, sociedade dona do imóvel – à Värde Partners, uma sociedade de investimento com sede nos Estados Unidos (Mineápolis) e escritórios também em Londres e Singapura. O montante da operação não foi divulgado pelas partes.
Descrita pela consultora JLL como "uma das maiores operações de investimento em escritórios de sempre na região", que "reforça o crescente apetite de investidores institucionais por este segmento na cidade", este negócio abrange alguns inquilinos famosos. É o caso da Gestifute, do agente desportivo Jorge Mendes, mas também da Lufthansa, L’Oreal, KPMG, Iberdrola, Accenture, Ocidental Seguros, LeasePlan, AON, Arrow Electronics ou da Michael Page, que em 2017 abandonou o histórico Brasília para descer a avenida.
Desenhado pelo arquiteto Eduardo Souto Moura e com uma taxa de ocupação atual superior a 85%, o complexo Burgo foi construído em 2007 e é um dos edifícios que marcam a paisagem nesta conhecida avenida portuense, para onde a Farfetch transferiu 500 pessoas até construir o campus em Matosinhos. Além da torre de 18 pisos acima do solo, conta com um segundo bloco de quatro andares, que inclui espaços comerciais.
De minoritária indireta a dona única
A Värde Partners já era parcialmente dona do imóvel, via Viacelere, que era acionista da DosPuntos Asset Management (DPAM). O que aconteceu nesta transação foi a venda da sociedade Burgo Fundiários SA à companhia americana, que ficou com 100% da empresa única detentora do imóvel. No fundo, passou de "detentora minoritária" (por ser acionista da DPAM) a única detentora da sociedade que detém o imóvel, que foi o objeto da transação (e não o imóvel em si).
Este complexo de escritórios de "classe A" estende-se por uma área total de 29 mil metros quadrados e passa a ser gerido por uma plataforma de gestão de ativos portuguesa que pertence à Värde Partners. A compra foi financiada pelo ING, naquela que foi a primeira transação deste género do banco holandês na cidade Invicta, depois de nos últimos três anos ter financiado 250 milhões de euros em Lisboa também neste segmento.
Fernando Ferreira, responsável da área da "capital markets" da JLL, que em janeiro colocou este imóvel na lista dos mais cobiçados e que poderiam agitar o mercado imobiliário em 2019, antecipa numa nota à imprensa que a procura por complexos de escritórios no Porto não vai abrandar. E prevê um "crescimento continuado" das rendas que aumentará o apetite de investidores com presença ibérica que procuram alternativas e "yields" mais competitivas em relação à capital do país.
"Acreditamos que estamos agora a assistir também a um momento de viragem também no que diz respeito ao investimento imobiliário no Porto, com a entrada de grandes ‘players’ internacionais que até muito recentemente praticamente não tinham presença neste mercado, onde as poucas operações de investimento em escritórios eram protagonizadas sobretudo por investidores domésticos e empresas ocupantes", prevê o porta-voz da consultora.