Notícia
Israelitas compram convento na Baixa para criar hotel de luxo
O convento Corpus Christi, no coração da Baixa de Lisboa, foi adquirido pelos israelitas Leonardo Hotels para ser convertido num hotel de quatro estrelas.
A compra do edifício à Optylon Krea, empresa de capitais franceses e turcos, foi concluída na passada quinta-feira, dia 30 de janeiro. Os valores da operação não foram revelados.
A aquisição representa a entrada no mercado português da Leonardo Hotels, divisão europeia do grupo israelita Fattal Hotel Group, líder na hotelaria em Israel e que conta com 180 hotéis na Europa, com destaque para a Alemanha, onde possui 60 unidades, e Reino Unido, onde opera 50 hotéis.
O projeto para o imóvel agora adquirido é transformá-lo num hotel de quatro estrelas com 130 quartos e será operado sob a marca Leonardo Royal Hotels.
"Após a abertura nos últimos 18 meses de hotéis em Londres, Amesterdão e Roma, Lisboa é quase a última capital europeia onde não tínhamos presença, por isso estamos muito entusiasmados por poder oferecer num futuro um hotel tão único nesta magnífica cidade", refere Daniel Roger, "managing director" da Leonardo Hotels na Europa & Reino Unido, citado no comunicado.
"Estamos excitados com este projeto espetacular com o qual desembarcamos em Lisboa, uma cidade com enormes possibilidades para a nossa marca e onde andávamos há muito tempo à procura de uma localização atraente para os nossos clientes. A singularidade do hotel, com uma dimensão perfeita para a acomodação de viajantes independentes e grupos e, naturalmente, a localização imbatível, promete oferecer aos hóspedes uma experiência única numa cidade tão atraente para o turismo internacional como é a capital portuguesa", acrescenta Shay Raz, diretor geral da Leonardo Hotels para Espanha e Portugal.
Convento construído em honra de regicídio falhado
A primitiva Igreja do Corpus Christi começou a ser construída em 1648 por ordem da rainha D. Luísa de Gusmão como ação de graças pela tentativa de regicídio ocorrida a 20 de Junho de 1647 contra D. João IV, durante a procissão do Corpo de Deus, e da qual o monarca escapou ileso. O convento anexo foi edificado posteriormente, e entregue aos Carmelitas Descalços em 1661, embora as obras se tenham prolongado pelo menos até à primeira década do século seguinte. O edifício foi praticamente destruído na totalidade no terramoto de 1755. A sua reedificação no mesmo local não terá sido decidida de imediato, já que para aí esteve inicialmente prevista a vizinha Igreja de São Nicolau. A reconstrução acabou por integrar os edifícios na malha ordenada da Baixa Pombalina, e o novo convento, ocupando quase todo o quarteirão, foi parcialmente dividido em lojas e apartamentos para aluguer, destinadas a proporcionar rendimento aos frades. A actual frontaria é o resultado de uma série de alterações posteriores à extinção das ordens religiosas e à consequente venda e remodelação do templo e do convento para usos comerciais.