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Feira Popular. O "coração de Lisboa" terá novo dono?

Não houve propostas na primeira tentativa de vender os terrenos em Entrecampos. A autarquia pede 135,7 milhões de euros. O futuro só será conhecido em Dezembro.

Pedro Catarino/Correio da Manhã
20 de Outubro de 2015 às 22:00
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28 de Março de 2003. A Feira Popular de Lisboa abria para a sua última temporada. As portas escancararam-se para um futuro de 12 anos de incerteza. Sem carrinhos de choque, rodas gigantes ou algodão doce.

E o ponto final não chegou esta terça-feira, 20 de Outubro, como esperado. A hasta pública do terreno com uma área de construção de 143 mil metros quadrados não recebeu nenhuma proposta.


A alienação foi aprovada em Julho pela autarquia e respectiva Assembleia Municipal. O preço: 135,7 milhões de euros. Acima dos 101 milhões de euros que a Câmara Municipal de Lisboa pagou à Bragaparques no início deste ano pelos terrenos, incluindo-se na conta os do Parque Mayer.


Entre a Avenida das Forças Armadas, da República e a 5 de Outubro bate o "coração de Lisboa". O nome foi dado ao projecto de venda. Um ponto de interesse mas também uma fonte de problemas ao longo dos últimos anos.


Depois do processo judicial entre a autarquia e a Bragaparques, os terrenos estiveram hipotecados na sequência de uma condenação da EPUL, entretanto extinta, por um despedimento sem justa casa de um antigo trabalhador. A autarquia teve que arcar com uma indemnização de 1,1 milhões de euros.


As discussões quanto ao futuro do espaço da antiga feira popular também foram profícuas. E acabaram-se por definir prioridades e limitações: preservação da memória do Teatro Vasco Santana, limites de 25% para construção dedicada a comércio, peso entre 25 e 35% para construção dedicada a serviço e habitação, quase um terço dedicado a áreas verdes.


Como o Negócios avançou, americanos e chineses estavam na corrida por este activo, um dos mais caros no mercado. E a imprensa foi, ao longo dos últimos dias, avançando com nomes de potenciais interessados: a seguradora Fidelidade (detida pelos chineses da Fosun), o grupo sueco Ikea e os fundos americanos Blackstone e Lone Star (que recentemente adquiriu Vilamoura). Nenhum deu o passo em frente.


A proximidade a serviços e vias centrais de Lisboa, bem como ao aeroporto, foram motivos destacados pelos promotores do projecto para conseguirem captar a atenção dos investidores internacionais. Outra das intenções era criar consórcios entre os diversos candidatos, segundo as suas áreas de especialidade.


A segunda tentativa de colocar um fim a este processo está marcada para 3 de Dezembro. São 45 dias para tentar terminar mais de uma década de abandono. Não fossem alguns eventos esporádicos e o esquecimento sobre um espaço sem igual no centro da cidade teria sido maior.

 

Em 2003, o então presidente da Câmara de Lisboa, Pedro Santana Lopes, queria criar um novo parque de diversões, bem mais moderno. A feira popular não voltará a existir. Resta saber em que sentido baterá este coração. Ou se baterá sequer.

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