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Estrangeiros gastaram 895 milhões de euros na compra de casas em Lisboa em 2022
Dados da Confidencial Imobiliário indicam que o número de casas adquiridas por particulares estrangeiros em Lisboa, excluindo Santa Clara, Lumiar e Parque das Nações, diminuiu 10%. O montante gasto recuou 7% face a 2021, o melhor ano de investimento internacional em habitação em montante, operações e nacionalidades.
Investidores particulares estrangeiros gastaram, no ano passado, 894 milhões de euros na compra de 1.655 casas na Área de Reabilitação Urbana de Lisboa (ARU), que abrange todas as freguesias da cidade à exceção de Santa Clara, Lumiar e Parque das Nações, revelam dados apurados pela Confidencial Imobiliário.
Em comunicado, enviado esta quarta-feira às redações, a unidade de "market intelligence" indica que os números do ano passado mostram ainda assim uma diminuição tanto do número de imóveis adquiridos por estrangeiros - menos 10% comparando com as 1.845 frações adquiridas em 2021 -, como do montante investido, que recuou 7%, ficando abaixo dos 957,5 milhões de euros do ano anterior.
2021 foi o "melhor ano de investimento internacional em habitação na ARU de Lisboa em montante, operações e nacionalidades, refletindo um segundo semestre atípico, em que um investimento recorde de 592,5 milhões terá refletido a reação antecipada dos compradores às alterações então anunciadas para os critérios de elegibilidade dos vistos gold, que entrariam em vigor a partir de janeiro de 2022 deixando de abranger Lisboa".
"Os níveis de atividade, em termos de montante investido, imóveis adquiridos e nacionalidades ativas, ficam pouco abaixo de 2021, sendo que este último foi um ano recorde influenciado por um contexto de corrida às aquisições para obtenção dos vistos 'gold', cujas regras seriam alteradas. Deduzindo este efeito, vemos em 2022 uma atividade em níveis superiores a qualquer um dos anos anteriores, o que significa que o interesse internacional não se dissipou depois de Lisboa deixar de ser elegível para os vistos gold", comenta o diretor da Confidencial Imobiliário, citado na mesma nota de imprensa.
Ricardo Guimarães aponta ainda que "isso é visível pela manutenção dos elevados níveis de atividade e da diversidade das nacionalidades ativas, mas também pelo facto de o ticket de investimento internacional ter aumentado, a par da maior dispersão geográfica do investimento, com bastantes mais freguesias fora do centro a captarem o interesse dos estrangeiros".
Olhando para as nacionalidades dos compradores verifica-se que o top 5 se mantém inalterado desde 2018, com os franceses a liderarem, seguidos dos norte-americanmos, dos chineses, dos britânicos e dos brasileiros que, em conjunto, perfizeram quase 60% do investimento internacional. Segundo a Confidencial Imobiliário, os brasileiros são, no entanto, os que mais investem por operação, com um "ticket" médio de quase 700 mil euros, enquanto os franceses investiram, em média, 625,9 mil por transação. Norte-americanos, chineses e britânicos apresentaram "tickets" de investimento no patamar dos 500 mil.
Já em termos de localização, a freguesia de Santo António foi a a campeã, já que ali foram investidos 138 milhões de euros em casas no ano passado, seguindo-se Estrela (135,3 milhões de euros) e Arroios (97,9 milhões de euros).
Os estrangeiros mantiveram a quota de mercado estável, com 37% do montante total investido e 29% dos imóveis comprados na ARU de Lisboa em 2022, tendo o investimento de origem portuguesa evoluido de forma semelhante, com uma ligeira quebra face a 2021.
Segundo a Confidencial Imobiliário, no ano passado, os portugueses investiram 1.513 milhões de euros na compra de 4.090 imóveis residenciais, ou seja menos 4% em valor e menos 8% em número de habitações. Por transação gastaram em média 369,9 mil euros, o que significa que os estrangeiros investiram mais 45% por operação, um fosso idêntico ao do ano passado.
No total, entre estrangeiros e portugueses, foram adquiridos cerca de 5.750 imóveis de habitação na ARU de Lisboa num investimento global de 2.407 milhões em 2022. No global, o montante investido em habitação na ARU de Lisboa caiu 5% em volume de investimento e 9% em número de transações.