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Portugueses procuram casas mais pequenas para evitar risco de incumprimento
Mais de 20% dos proprietários que colocaram um imóvel à venda no primeiro trimestre do ano, “fizeram-no para colmatar as necessidades que se acumulam devido à inflação e aumento das taxas de juro”, revela a consultora imobiliária Imovendo.
Numa altura em que a subida das taxas de juro pressiona, cada vez mais, os orçamentos familiares, a Imovendo revela que "cerca de 50% dos portugueses já está a optar por trocar imóvel atual por casas com áreas mais pequenas e valores mais baixos para evitar risco de incumprimento dos empréstimos".
A consultora imobiliária chegou a esta conclusão "após análise de um inquérito a mais de 800 pessoas que, na primeira semana de abril", utilizaram a imobiliária digital para encontrar propriedades.
O mesmo inquérito desta "proptech" sinaliza ainda que 22,2% dos proprietários que colocaram um imóvel à venda no primeiro trimestre do ano, "fizeram-no para colmatar as necessidades que se acumulam devido à inflação e aumento das taxas de juro", avança, em comunicado.
"Muitos proprietários portugueses estão, neste momento, mais focados em garantir que podem pagar o empréstimo à habitação de forma confortável do que comprar a maior ou mais luxuosa propriedade que o orçamento familiar permite", observa Miguel Mascarenhas, cofundador da Imovendo, lembrando que "a tendência de pessoas que procuram trocar para casas menores não é nova, mas acentuou-se significativamente neste primeiro trimestre de 2023".
Apenas 23,3% dos portugueses que consultaram a Imovendo na primeira semana de abril procuravam imóveis com valores e áreas superiores aos que atualmente possuíam, face aos 47,9% que se registaram na primeira semana de janeiro.
"O impacto da subida das taxas de juros tem sido enorme. No meu caso, a minha prestação que iniciou em 2021 com 400 euros, passou em 2023 para 700 euros. Nem todas as famílias terão condições de pagar estes incrementos", confessou um dos inquiridos, "que está a tentar vender casa fora dos grandes centros como Porto e Lisboa", e que preferiu "manter o anonimato" na resposta à Imovendo.
Questionados sobre o motivo da colocação do seu imóvel à venda, só 4,4% dos inquiridos responderam que foi por mudança de emprego e 1,2% por herança.
"Apesar de haver ainda uma parte significativa de proprietários a colocar a casa à venda devido a mudanças familiares (46%), a taxa de pessoas que avançaram por necessidade monetária é já expressiva e preocupante. É preciso que o Governo reflita com seriedade sobre esta mudança, uma vez que o mercado de arrendamento está também bastante inflacionado", alerta o mesmo responsável da Imovendo.