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320 milhões, 700 casas, sete anos de obras. Novo projeto da Matinha em consulta pública
Projeto prevê a criação de 400 postos de trabalho na construção e 1.450 na fase de exploração. Não deverá ser concluído antes do início da próxima década. O terreno já foi de Luís Filipe Vieira, ex-presidente do Benfica.
Entrou em consulta pública o Loteamento B do plano de Pormenor da Matinha, que prevê a construção de 702 fogos numa área industrial da capital que ainda por recuperar, junto do Parque das Nações.
A notícia foi inicialmente avançada pelo Observador.
Contando com a descontaminação do terreno e a construção propriamente dita, os trabalhos deverão demorar pelo menos sete anos. "Iniciaremos os trabalhos o mais cedo possível assim que estiverem reunidas todas as condições necessárias aos mesmos", confirma ao Negócios a VIC Properties, promotora do projeto.
O investimento, da responsabilidade da promotora VIC Properties, será de 320 milhões de euros, lê-se nos documentos publicados no portal participa.
A VIC Properties, no entanto, não confirma o valor. "É prematuro responder a esta questão. Apenas poderemos dar valores mais concretos numa fase mais avançada do projeto", esclarece, acrescentando que se trata "da maior reconversão em Portugal de um antigo, e altamente degradado, espaço industrial, com os respetivos problemas de contaminação de solos que o mesmo acarreta, numa das mais sustentáveis e integradas zonas habitacionais em Lisboa".
"Juntamente com o Prata Riverside Village - projeto contiguo à Matinha e localizado na frente ribeirinha de Marvila, também este em fase final de consolidação e conclusão pela VIC Properties -, o projeto da Matinha irá concluir a maior e mais impactante requalificação urbana jamais feita por capitais privados após a Expo 1998 em Lisboa, da qual a VIC terá um enorme orgulho em ser a força motriz por detrás de tão importante iniciativa", conclui.
A operação prevê a reconversão de um total de 127 mil metros quadrados, repartidos entre 92.618 m2 destinados a habitação (73%), 19.928 m2 a terciário (16%) e 15.000 m2 a uso turístico (12%). "O número máximo de fogos para as parcelas abrangidas por este loteamento é de 702", acrescenta a informação disponibilizada.
O projeto vai criar, no total, quase 2 mil postos de trabalho, sendo que parte são temporários. "Prevê-se que as fases de descontaminação dos solos e de construção das infraestruturas gerais e, posteriormente, das infraestruturas e dos edifícios de cada lote previsto empreguem cerca de 400 trabalhadores, embora com caráter temporário", sendo que "o emprego direto previsto para a fase de exploração estima-se em cerca de 1.450 postos de trabalho, orientados sobretudo para a ocupação terciária prevista no loteamento (1400 postos de trabalho) e contemplando também os postos de trabalho associados aos serviços e à manutenção das áreas de habitação (50 postos de trabalho)".
O projeto só estará concluído, na melhor das hipóteses, no início da próxima década, dado que a fase de descontaminação do solo deverá uma duração de cerca de 12 meses, após a qual a fase de construção está estimada em cerca de 6 anos, a desenvolver de forma faseada.
A duração do processo de descontaminação é influenciada pelo uso industrial pesado que teve no passado. "Os terrenos encontram-se severamente afetados pelos processos industriais poluentes do passado recente, sendo que, é necessário efetuar a sua descontaminação e garantir a devolução destes ao uso urbano em condições seguras para a saúde pública e o ambiente. A descontaminação deverá seguir um Plano de Descontaminação que está em elaboração.
"O volume total estimado de solos contaminados é de 49.581m3", estima a fase prévia do estudo de impacte ambiental.
Uma das marcas mais visíveis desse passado é o esqueleto dos gasómetros da antiga fábrica de gás de Lisboa.
A versão prévia do Estudo de Impacte Ambiental propõe, para minimizar os aspetos negativos do projeto, um conjunto de medidas incluindo a elaboração de um "projeto de conservação e restauro dos elementos a preservar nos antigos gasómetros, analisando a viabilidade de preservação máxima da integridade dos gasómetros a relocalizar, para que possam ser integrados em circuitos patrimoniais locais, propondo-se a avaliação, planificação e execução de um projeto interpretativo para os mesmos".
O terreno em causa já foi do antigo presidente do Benfica Luís Filipe Vieira, que o venderia à BES Vida. O ativo passaria para a esfera do Novo Banco. Em maio de 2021, Vieira afirmaria na Comissão de Inquérito às perdas do Novo Banco que esse fora o "pior erro de gestão" da sua vida.
Notícia atualizada às 14h36 com esclarecimentos da promotora.