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Stilwell: "Não estou muito preocupado com as eleições nos EUA"

O CEO da EDP Renováveis, Miguel Stilwell d'Andrade garante que "os riscos políticos no país estão mitigados" em termos de projetos eólicos e solares.

Em maio, o CEO da EDP, Miguel Stilwell d’Andrade, anunciou uma revisão em baixa dos investimentos.
Miguel Baltazar
26 de Julho de 2024 às 11:43
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Com o ainda Presidente dos EUA Joe Biden fora da corrida à Casa Branca, o ambiente eleitoral a "ferro e fogo" nos EUA e a disputa a centrar-se agora em Donald Trump, que já garantiu a nomeação do Partido Republicano como candidato às presidenciais de novembro, e na vice-presidente Kamala Harris - que ainda terá de ser confirmada pelos democratas até 7 de agosto -, o CEO da EDP Renováveis, Miguel Stilwell d'Andrade garante que "os riscos políticos no país estão mitigados" em termos de projetos eólicos e solares.

A elétrica portuguesa marca presença em solo norte-americano desde 2007 e já passou por várias administrações diferentes, incluindo uma administração Trump, frisou o responsável. 

"Não estou muito preocupado com as eleições nos EUA", garantiu Stilwell esta sexta-feira numa "conference call" com analistas após a apresentação de resultados da EDPR relativos ao primeiro semestre de 2024. Entre janeiro e junho a empresa viu os seus lucros dispararem 163% para 210 milhões de euros. Neste período, a empresa investiu 1,6 mil milhões de euros, com mais de 80% deste valor a ir para a Europa e para a América do Norte, regiões consideradas como "mercados principais de baixo risco".

"Nos EUA, as políticas energéticas são decididas sobretudo a nível de cada estado, e não tanto a nível deferal. Por isso, mesmo com uma nova administração Trump não creio que o Inflation Reduction Act esteja em risco, tendo em conta que recolhe apoio tanto dos democratas como dos republicanos. Talvez possam ser revistos apenas alguns parâmetros no investimento em projetos de hidrogénio verde, por exemplo", disse Stilwell aos analistas.

O CEO sublinhou que continua a existir uma enorme procura de eletricidade limpa no país. "É necessário termos um pipeline forte de renováveis, porque é isso que as grandes tecnológicas que procuram contratos de venda de energia querem e vão continuar a querer. Uma procura forte em termos de PPA por parte das big tech mostram que há oportunidades para crescer", frisou. 

Ainda assim, Stilwell quis mostrar que a EDP Renováveis não está apenas dependente dos EUA. "A empresa tem um grande portefólio em todo o mundo e estamos presentes em várias geografias, das quais escolhemos as melhores para investir e crescer. Sempre nos adaptámos às diferentes dinâmicas nos vários países e construímos o pipeline forte que temos hoje", rematou.

Apesar da confiança no mercado americano, na apresentação dos resultados do primeiro semestre a EDPR deu conta de um "perfil de negócios sólido nos EUA, com  um grande enfoque nos projetos desenvolvidos localmente e resilientes a potenciais mudanças na política tarifária" de apoio ao investimento estrangeiro. A empresa sublinhou ainda que mesmo com administrações republicanas passadas, o seu portefólio renovável desenvolveu-se no país. 

"Cerca de 80% dos investimentos industriais nos EUA foram concedido a distritos liderados pelos republicanos", salienta a EDP, que em 2024 tem já todos os equipamentos solares garantidos para os projetos e no local de instalação, o que deverá acontecer durante 2025. Para 2026 a 2028 a empresa aponta os primeiros 1,8 GW de acordos em termos de energia solar. 

Outra das apostas da EDP no país passa pelo armazenamento de energia através de baterias. Até 2026, a EDPR quer ter 700 MW de capacidade de armazenamento a nível mundial, tendo já fechado contratos de 500 MW ao ao final de junho. Até agora a elétrica tem 57 MW de armazenamento em operação e aponta para 200 MW até ao final do ano, com foco nos mercados "core", como é o caso dos EUA, onde os investimentos contam com o apoio do IRA, e do reino Unido. 

Já em relação aos países da União Europeia, Stilwell diz que não existe ainda regulação suficiente por parte de Bruxelas que permita uma aposta da EDP sem risco no armazenamento com baterias. "Nos EUA é mais fácil", garante.

Do outro lado do Atlântico sopraram também os "bons ventos" de um aumento na produção de energia renovável (+15%) - eólica, sobretudo - a preços mais elevados (media de 61 euros por MWh), enquanto na Europa os preços tenderam a manter-se mais baixos. Stilwell frisou os frequentes preços de energia abaixo dos 5 euros por MWh (60% do mês de abril) na Península Ibérica, o que "implica perdas". O responsável garantiu que a empresa não vai produzir eletricidade com preços negativos.  

No que diz respeito aos contratos de compra de energia (PPA), o CEO diz que continua a existir um forte apetite. Até ao momento a EDPR tem 1,3 GW de capacidade contratada através de PPA, 60% dos quais relativos a grandes tecnológicas como a Google, Microsoft, Meta (dona do Facebook e Instagram), entre outras. "Ainda ontem tivemos a visita de um responsável de uma bif tech á nossa sede em Lisboa. Visitam-nos e pedem a assinatura de PPA para já, ou o mas rapidamente possível. Querem ter os data centers onde estão os seus clientes, seja na Europa ou nos EUA. Na Ibéria há energia limpa em abundãncia, mas oa falta de acesso à rede é um fator crítico", avisa.

Positivos foram também os três negócios de rotação de ativos nos últimos seis meses: 800 MW que irão render ganhos de 171 milhões. Para a segunda metade do ano, Stilwell diz que estão a ser preparadas mais vendas nos Estados Unidos e na Europa (Polónia), mantendo-se as previsões de ganhos anuais na ordem dos 300 milhões de euros.  

Quanto à Colômbia, que pesou negativamente nos resultados da EDPR até junho, o CEO garante que será tomada uma decisão sobre os projetos no país até ao final deste ano. "É fundamental obter as licenças ambientais para avançar, apesar das conversações com o Governo estarem a correr bem. Estamos a explorar parecerias locais para reduzir riscos. Mas não vamos avançar se o projeto não for viável economicamente", garantiu por seu lado o administrador finaceiro, Rui Teixeira. 

Stilwell confirmou: "Vamos tomar uma decisão muito racional na Colômbia". 

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