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Mexia: "Energia é o bode expiatório dos preguiçosos"

O gestor criticou o presidente da Peugeot Citroën, queixou-se do "arremesso fácil de pedras" à EDP, garantiu que as renováveis vão baixar o preço da energia às indústrias e que está "disponível para ficar ou sair do cargo a qualquer momento".

15º António Mexia, EDP - Energias de Portugal (Entrada Directa)
Bloomberg
25 de Março de 2015 às 19:29
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António Mexia considerou esta quarta-feira, 25 de Março, que o sector da energia precisa de mais tecnologia, mais pedagogia e também de menos demagogia. "Foi durante muito tempo usado erradamente como bode expiatório – e ainda não deixou de o ser – por algumas pessoas e instituições mais preguiçosas. Está ali associada uma certa preguiça e uma certa recusa em olhar para os factos objectivos", atacou o gestor, queixando-se de "um arremesso fácil de pedras" na direcção da EDP.

 

Perante uma plateia constituída maioritariamente por pequenos e médios empresários que participaram num seminário organizado pela empresa na Casa da Música, no Porto, o presidente executivo da EDP repetiu que "não há um problema de competitividade em Portugal com base na energia eléctrica". Além disso, sublinhou, em média, a energia eléctrica representa pouco mais de 2% dos custos da energia transformadora no país. E, comparando pequenas indústrias, os preços em Portugal podem ser 20% ou 30% inferiores aos praticados do outro lado da fronteira.

 

António Mexia criticou abertamente o presidente da PSA Peugeot Citroën, multinacional que tem uma fábrica de produção automóvel em Mangualde, que já disse por mais do que uma vez que "os preços da electricidade em Portugal são 40% mais altos do que na França". Na sua perspectiva, Carlos Tavares "omitiu algo fundamental: a fábrica portuguesa é dez vezes mais pequena do que a espanhola e a de Espanha cinco vezes mais pequena do que a de França. Portanto estamos a comparar alhos com bugalhos. Se compararmos alhos com alhos e bugalhos com bugalhos, a fábrica portuguesa, se tivesse a dimensão da espanhola, pagaria menos", defendeu.

 

Notando que não tem "problema nenhum" em discutir tudo e em qualquer lado, avançou ele próprio com o tema do contributo das energias renováveis, em Portugal, para a descida sustentável, a prazo, do preço, e em particular para aquilo que são os preços industriais. Ou seja, apontou Mexia, as renováveis maduras, como a eólica, "diminuem a factura energética em Portugal, diminuem o volume de importações e são positivas e um contributo para a redução dos preços para os industriais".

 

Estou disponível para ficar ou para sair [da presidência executiva] em qualquer momento, desde que os accionistas queiram. São eles que escolhem
 

António Mexia, presidente executivo da EDP

 

"Se perguntarmos a 90% das pessoas elas dizem o contrário. Agora, a verdade é esta: como o sobrecusto das renováveis do lado do apoio é só pago pelos consumidores domésticos e a pressão que ela faz sobre os preços grossistas beneficia todos, obviamente os primeiros beneficiados das renováveis são os industriais. Não estou a falar da qualidade da vida, em acreditar nas alterações climáticas ou na responsabilidade intergeracional. Estou a falar de preço, de custo", acrescentou o líder da EDP.

 

Manter a liderança no investimento

 

No final da intervenção no seminário, em que esteve sentado ao lado do autarca Rui Moreira e do consultor Augusto Mateus, questionado pelo Negócios sobre a assembleia de accionistas que se realiza a 21 de Abril – em que será eleito novamente para a presidência executiva da EDP –, António Mexia começou por frisar que está "disponível para ficar ou para sair em qualquer momento, desde que os accionistas queiram", pois "são eles que escolhem".

 

Em termos corporativos, o plano da empresa até 2017 aponta para um crescimento médio, de 5% nos resultados operacionais e nos resultados líquidos. Nesse período, projectando volumes de investimento anuais que variam entre 1,2 e 1,6 mil milhões de euros, o gestor sustentou que a EDP vai "continuar a ser o maior investidor em Portugal e também o maior investidor português fora [do País]", e "a crescer essencialmente em energias limpas".

 

Para o mandato que agora vai iniciar, "a questão essencial é como é que a EDP pode, em todas as comunidades em que actua, ajudar a que a energia esteja sempre do lado da solução, seja nas empresas, nos particulares ou em matérias sociais e culturais. "Ou seja, como é que conseguimos (...) constituirmo-nos como um exemplo para a sociedade portuguesa e em todas as comunidades em que actuamos. Com investimento, com criação de emprego, com criação de oportunidades...tudo o que são factores decisivos para que Portugal cresça", concluiu.

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