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Martifer Solar deverá vender negócio nos Estados Unidos em Junho

O pedido de protecção contra credores apresentado em Janeiro em Las Vegas teve desenvolvimentos. A subsidiária norte-americana da Martifer Solar, que em 2013 trouxe prejuízos de vários milhões de euros ao grupo, está a tentar rescindir contratos com os colaboradores e prepara-se para vender o seu negócio.

Record
16 de Abril de 2014 às 13:53
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A Martifer Solar prepara-se para vender a sua subsidiária nos Estados Unidos da América (EUA) em meados de Junho, no âmbito do pedido de protecção contra credores que apresentou à Justiça norte-americana em Janeiro, em rota de colisão com uma das instituições financeiras com que trabalhava, o Cathay Bank.

 

Segundo noticiou a agência Bloomberg, o processo que corre em Las Vegas ao abrigo do “Capítulo 11” vai levar a empresa Martifer Aurora Solar LLC a vender o seu negócio em meados de Junho. A mesma fonte refere que a Martifer pretende apresentar o seu plano até ao final de Abril.

 

Ainda este mês a subsidiária norte-americana do grupo português, liderado pelos irmãos Carlos e Jorge Martins, tenciona ter o seu plano de reestruturação aprovado pelo administrador de insolvência, nomeadamente no que respeita ao pagamento de indemnizações para reduzir o quadro de pessoal. De acordo com a Bloomberg, quando pediu protecção contra os credores a empresa tinha 35 colaboradores e agora tem 27, planeando apresentar um pacote de indemnizações no valor global de 460 mil dólares (333 mil euros ao câmbio actual) para um conjunto de 18 trabalhadores.

 

As dificuldades que precipitaram a entrada da Martifer Solar no “Capítulo 11” nos Estados Unidos prendem-se com atrasos no pagamento por parte de alguns dos seus clientes, segundo a Martifer. Isso provocou dificuldades no reembolso de alguns empréstimos, entre os quais o que a Martifer Solar tinha para com o Cathay Bank, no valor de 6,7 milhões de dólares (4,9 milhões de euros).

 

Segundo a Bloomberg, a subsidiária norte-americana da Martifer Solar contabiliza um activo de 33,7 milhões de dólares (24,4 milhões de euros) e um passivo de 35,1 milhões de dólares (25,4 milhões de euros). 

 

Queremos continuar a aposta neste mercado porque consideramos que será um dos mais importantes neste sector. Além disso, acreditamos que esta reorganização nos vai tornar mais fortes e preparados para o enfrentar com sucesso.
 
Martifer
Janeiro de 2014

 

As receitas da Martifer Solar nos Estados Unidos têm estado em queda nos últimos três anos. Caíram de 71,6 milhões de dólares (51,8 milhões de euros) em 2011 para 42,6 milhões de dólares (30,8 milhões de euros) em 2012. Em 2013 as receitas voltaram a cair, para 16 milhões de dólares (11,6 milhões de euros).

 

Presente nos Estados Unidos há mais de cinco anos, a Martifer já desenvolveu neste mercado mais de 45 megawatts (MW) de centrais solares e tem ainda um “pipeline” elevado, que permitiria viabilizar a actividade futura da empresa.

 

Em Janeiro, o administrador financeiro da Martifer Solar USA, Klaus Bernhart, reportou em tribunal que a empresa tinha 14 projectos em carteira envolvendo um total de 188 MW, com um valor de 280 milhões de dólares (203 milhões de euros), segundo o relato então citado pelo “Wall Street Journal”.

 

Dedo apontado a anteriores gestores 

 

A história contada em tribunal há três meses pelo administrador financeiro da Martifer Solar USA aponta para actos de gestão no passado que acabaram por conduzir a empresa para a difícil situação que tem hoje. Segundo o “Wall Street Journal”, Klaus Bernhart disse na Justiça que os anteriores gestores da empresa davam aos clientes prazos de execução dos projectos “irreais”, sem considerar factores de potencial atraso como as condições meteorológicas, o que levava ao pagamento de compensações por parte da Martifer Solar.

 

“Muitos dos projectos solares estavam consequentemente condenados a criar perdas para a Martifer USA, e essas perdas eram acentuadas pelas compensações [pelos atrasos] e pelas disputas sobre quando e se os projectos seriam concluídos e quais as verbas devidas”, relatou o administrador financeiro da Martifer Solar USA em tribunal, em Las Vegas.

 

As dificuldades vividas pela empresa levaram um dos bancos credores, nomeadamente o Cathay Bank, a exigir que a Martifer Solar USA passasse a ter um administrador externo.

 

Em Janeiro o grupo Martifer havia indicado ao Negócios que o pedido de protecção contra credores nos Estados Unidos foi feito “por falta de entendimento quanto aos termos de um acordo de pagamento com o Cathay Bank”.

 

Ainda assim, a Martifer estava interessada em manter a sua operação no mercado norte-americano. “Queremos continuar a aposta neste mercado porque consideramos que será um dos mais importantes neste sector, além disso, acreditamos que esta reorganização nos vai tornar mais fortes e preparados para o enfrentar com sucesso”, notava a empresa em resposta a questões colocadas pelo Negócios

 
Negócio solar deu prejuízo de 9 milhões no ano passado
O grupo Martifer fechou 2013 com um prejuízo de 9,1 milhões de euros no seu negócio solar, que compara com o lucro de 5 milhões que tinha tido em 2012. Estas perdas foram justificadas pela Martifer com a “performance negativa da Martifer Solar USA, assim como pelo reconhecimento de algumas imparidades em clientes”. Em termos de proveitos, a área solar deu à Martifer receitas de 274,7 milhões de euros em 2013, mais 17,2% do que no ano anterior. O EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) recuou na área solar 26,1%, para 11,8 milhões de euros.
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