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Indecisão do Estado leva a nova reserva às contas da gestora do Alqueva
A EDIA registou prejuízos de 14 milhões de euros em 2016. Os capitais próprios são de 419 milhões de euros negativos. A BDO colocou, outra vez, a reserva às contas por não se saber como irá receber 211 milhões.
A EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estrutura do Alqueva – tem sido alvo de inúmeras injecções de capital por parte do Estado mas as contas de 2016 foram aprovadas pela auditora, a BDO, com reservas. Por conta de uma incerteza do próprio Estado, seu accionista.
No ano passado, a gestora obteve um prejuízo de 14 milhões de euros, agravado em relação aos 10,9 milhões registados em 2015. No final de 2016, a companhia que gere a barragem do Alqueva evidenciou um capital próprio de 419 milhões de euros negativos, resultando de um activo de 614 milhões face a um passivo que ascende a mais de mil milhões de euros, segundo dados divulgados em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Neste contexto, a BDO, no relatório de auditoria, coloca uma reserva, ou seja, acredita que há matéria que pode ter efeito nas contas e que não inclui na confirmação de que as demonstrações são apresentadas de forma "verdadeira e apropriada".
A reserva da auditora é relativa ao recebimento de montantes esperados da Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural: 211,4 milhões de euros. Em causa estão valores da gestão, exploração, manutenção e conservação de uma infra-estrutura acordados em 2006 e de investimentos efectuados pela EDIA na rede secundária do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva.
"Não está ainda esclarecida qual a forma de ressarcimento da EDIA pela parte do investimento que não foi subsidiada, que está dependente da decisão do Estado português, subsistindo assim uma importante incerteza quanto à forma e ao valor de realização dos referidos 211,4 milhões de euros", indica a BDO no relatório, divulgado na CMVM.
Esta reserva já é uma repetente, mas em 2016 este valor é superior aos 166,2 milhões enunciados no relatório de auditoria do ano anterior.
A ênfase às contas, também feita pela BDO, deve-se aos capitais próprios negativos, como já tem acontecido. Em Janeiro, o presidente da EDIA, Pedro Salema, assumiu o problema "crónico" de capitalização da empresa, mas admitia que estava a ser feita uma reestruturação de dívida de curto prazo. O Estado tem feito injecções de capital para ir resolvendo aspectos de financiamento da empresa. Este ano foram mais de 20 milhões.