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"Galp perdeu dinheiro com o gás no ano passado. Isso vai mudar em 2023", diz CEO

A Galp espera aumentar a sua comercialização de gás natural em 15% em 2023, para os 50 TWh, graças ao mercado brasileiro e ao contrato assinado com fornecedores americanos.

Filipe Crisóstomo Silva, CEO da Galp
13 de Fevereiro de 2023 às 12:03
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"2022 foi um ano de desempenho operacional muito forte". Apesar de a Galp ter quase duplicado os lucros em 2022, para 881 milhões de euros, o melhor resultado de sempre da petrolífera portuguesa, o diretor financeiro e agora também CEO, Filipe Silva, falou na sua apresentação em vídeo das contas da empresa de "ventos contrários às atividades de fornecimento de gás na Europa".

"Ao contrário dos nossos concorrentes, a Galp não produz muito gás. Temos que comprar a maior parte a terceiros, que tiveram eles próprios as suas restrições. Enquanto outros tiveram resultados recorde de vendas de gás durante 2022, a Galp, na verdade, perdeu dinheiro. Mas isso vai mudar em 2023", anunciou o administrador, que acumula agora o cargo de CEO depois da saída do britânico Andy Brown. 

De acordo com o outlook que a petrolífera apresentou esta segunda-feira para os próximos dois anos, até 2025, o enfoque principal será em ativos de baixo carbono, com 60% de um envelope total de investimento de três mil millhões de euros (mil milhões por ano) dedicado à descarbonização dos projetos e novas formas de energia. Deste valor, 20% será investido na extração e exploração de petróleo, cerca de 12% em projetos industriais de baixo carbono, 10 a 20% na área comercial, mais de 9% em renováveis e mais de 10% em novos negócios. 

Até 2030, a Galp tem como objetivo reduzir as emissões das suas operações em 40%, face aos valores de 2017.  

Ainda assim, e com este investimento para redesenhar o seu portfólio, a Galp espera aumentar a sua comercialização de gás natural em 15% já em 2023, para os 50 TWh, graças ao mercado brasileiro (4TWh) e ao contrato assinado com fornecedores americanos do Henry Hub (15TWh).      

"Mantemos uma postura conservadora sobre as condições de fornecimento dos nossos fornecedores de longo prazo nos próximos meses. Mas globalmente, o comércio europeu de gás deverá recuperar o seu contributo positivo para a Galp em 2023, também com o apoio das entradas de gás dos EUA no final do ano", referiu o CEO, acrescentando que a contribuição do gás para o Ebitda duplicará de mais de 150 milhões de euros em 2023 para mais de 300 milhões. 
 
Venda de ativos petrolíferos angolanos contribui para menor pegada carbónica

Quanto à produção petrolífera, e com a decisão de venda dos ativos angolanos por 830 milhões de euros, manter-se-à estável acima dos 110 mil barris de petróleo equivalente por dia em 2023 e 2024, mas abaixo dos 127 mil barris diários de 2022. Com a extração petrolífera no campo brasileiro de Bacalhau ainda a lidar com atrasos relacionados com os anos Covid, a entrada em exploração está prevista para 2025, com um aumento de 30% do número diário de barris apontado para 2026. 

"Tomámos a decisão de alienar as nossas participações em Angola e vimos isso como uma oportunidade de melhoria o nosso portfólio, concentrando-nos nos barris de petróleo com menor intensidade carbónica (cerca de 10kg de CO2 por barril). Os lucros da venda serão usados financiar nosso plano de investimento", referiu ainda Filipe Silva, dizendo que a Galp estará de olho no petróleo na Namíbia - no final de 2023, início de 2024 - e também a explorar o seu portfólio em São Tomé e Príncipe. 

Na refinação, as expectativas para 2023 são de cerca de 75 mil barris de petróleo equivalente, com uma margem de refinação de cerca de nove dólares por barril e custos entre três e quatro dólares, refletindo as atividades de manutenção que vão decorrer durante o ano. "Temos vários períodos de manutenção previstos para este ano. Isso reduzirá temporariamente o rendimento e aumentará os custos, mas apenas em 2023", frisou o CEO. 

Renováveis triplicam, lítio avança, biofuel e hidrogénio aguardam investimento

Nas renováveis, a petrolífera expandiu o seu pipeline de novos projetos (cerca de 9 GW no final de 2022) e assumiu o controlo total da Titan Solar, por 220 milhões de euros. "É aqui que se encontra a maior parte do nosso portefólio espanhol de renováveis", diz o CEO. No ano passado a capacidade instalada da Galp aumentou 40% para 1,4 GW, na Península Ibérica, apesar de "desafios persistentes com o licenciamento de projetos". Para este ano está prevista a instalação de apenas 200MW adicinais. 

"Esperamos atingir 1,6 GW de capacidade durante 2023 e iniciar a construção de novos projetos que irão aumentar significativamente este número em 2024. Mantemos nossa meta triplicar o valor atual para ter 4 GW instalados até 2025", disse ainda Filipe Silva.

No lítio, Filipe Silva revelou apenas que a Galp está a "avançar nos trabalhos de engenharia para a instalação de uma refinaria de lítio em Portugal, através da joint venture com a Northvolt".

Para o projeto de produção de biofuel renovável (biodiesel avançado e combustível sustentável para aviação), na refinaria de Sines, com uma capacidade de 270 quilotoneladas, a Galp espera uma decisão final de investimento durante o primeiro semestre de 2023. 

No hidrogénio verde, também em Sines, é também esperada uma decisão de investimento para instalar 100MW de eletrolisadores, "que será o primeiro passo significativo para descarbonizar a refinaria e passar de hidrogénio cinzento para verde". O projeto tem capacidade para escalar até 700MW de eletrolisadores durante esta década. 

Tal como revelou o Negócios, na mobilidade elétrica, a Galp crescer de 2.400 pontos de carregamento elétricos em 2022 para 5.000 pontos em 2023 e chegar aos 10.000 em 2025. 

Na energia descentralizada, as metas passam por aumentar de um total de 11 instalações no final de 2022 para 25 mil durante este ano e mais de 300 MW de energia descentralizada instalada até 2025. 

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