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Eólicas no mar: Ministra diz que Portugal pode avançar com "dois projetos de 1 GW" até 2030

Esta tecnologia renovável vai ver a sua capacidade disparar 67 vezes, de 0,03 GW para 2 GW, entre 2025 e 2030, preconiza o PNEC, que aponta a realização do primeiro leilão ainda durante 2024. O documento prevê que o investimento nas turbinas eólicas no mar andará entre 2,3 e 13,1 mil milhões de euros até 2040. 

Até 2030, Portugal tem como meta leiloar 10 GW de energia eólica offshore, o que pode atrair até 40 mil milhões de investimento privado.
Violeta Santos Moura/Reuters
22 de Julho de 2024 às 16:53
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Apesar de a ministra do Ambiente e da Energia, Maria da Graça Carvalho, ter dito que estava a equacionar reduzir a meta do eólico offshore, a versão final revista do Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC 2030) - que entrou esta segunda-feira em consulta pública, até 5 de setembro - manteve intacta a ambição do anterior Governo de ter 2 GW de turbinas eólicas a produzir energia elétrica no mar português, até ao final da década. 

Esta tecnologia vai ver a sua capacidade instalada disparar 67 vezes, de 0,03 GW para 2 GW, entre 2025 e 2030, preconiza o PNEC, que aponta a realização do primeiro leilão de atribuição de capacidade ainda durante 2024. O documento prevê que o investimento nas turbinas eólicas no mar andará entre 2,3 e 13,1 mil milhões de euros até 2040. 

Questionada sobre o que motivou esta manutenção da meta de 2 GW no offshore, a governante disse que essa é a aposta do Governo, explicando que podem tratar-se de "dois projetos de 1 GW, cada um", sem especificar em que zonas do país. 

"Continuamos a manter esse valor. O anterior Governo também tinha falado em 10 GW, depois reduziu para dois. Neste momento  parece-nos que 2 GW é uma meta plausível devido ao grande interesse de investimento em Portugal. O eólico offshore é uma tecnologia ainda cara, porque está no início, mas há muito investimento internacional que pode ajudar neste projeto, nomeadamente fundos soberanos, fundos europeus, como o Fundo de Mobilização. Estamos a olhar para vários pontos de financiamento que possam fazer com que o investimento nesta tecnologia não vá onerar a tarifa mas sim que haja um financiamento europeu", disse Maria da Graça Carvalho. 

O eólico offshore terá um peso cada vez mais relevante, procurando-se aproveitar o recurso existente na zona costeira nacional, mais constante e mais elevado que em terra. Se bem que seja necessário compatibilizar a instalação do eólico offshore com outros interesses e outras atividades económicas (pesca, turismo, navegação), e lidar com grandes profundidades marítimas, é possível desenvolver projetos de energia renovável que sejam sustentáveis e benéficos para todas as partes envolvidas, e o desenvolvimento de sistemas flutuantes deverá conduzir a aumentos de eficiência de conversão e a redução de custos de instalação e operação", refere o PNEC 2030.

O leilão eólico offshore chegou a estar previsto para avançar até ao final de 2023, mas com a queda do Governo ficou adiado. Em março foi ainda apontado que podia avançar até junho de 2024, mas tal também não aconteceu. Já em maio deste ano, a ministra garantiu que o leilão é mesmo para avançar, mas até ao momento não foi definida qualquer data. Agora, o PNEC 2030 diz que "no curto prazo, a estratégia de Portugal passará pelo lançamento de leilões para produção de eletricidade a partir de energia solar e eólica offshore que resultem na atribuição de nova capacidade renovável, incluindo com potencialidade de despachabilidade, tirando proveito do sucesso e experiência de leilões já realizados".

O documento esclarece também que se encontra em preparação o primeiro leilão de atribuição de capacidade de injeção na rede elétrica orientado para projetos offshore, a realizar durante o ano de 2024. "No horizonte de 2030 há o objetivo de criar condições para a atribuição e instalação de 2 GW por via de leilões de capacidade. Posteriormente, e em função da maturidade dos procedimentos e dos projetos a concretizar, poderão ser realizados novos leilões de forma faseada e atribuídas novas capacidades até aos 10 GW".

Metas do hidrogénio foram reduzidas em função de "simulação realista"

 
Quanto à redução de metas no hidrogénio - dos 5,5 GW da versão preliminar enviada a Bruxelas em junho de 2023 para 3 GW no PNEC 2030 final - a ministra garantiu que Portugal continua a apostar neste gás renovável. "O hidrogénio é veículo de energia muito importante para ser usado em setores que são difíceis de eletrificar, para armazenamento", explicou, sublinhando que o país tem "uma grande vantagem, porque o hidrogénio precisa de muita eletricidade renovável, que nós temos".

"O baixar desta meta tem a ver essencialmente com uma simulação que fizemos, de uma forma muito realista, em relação aos eletrolisadores que existem, à investigação tecnológica, considerámos também todos os projetos anunciados, e chegámos ao valor dos 3 GW. De qualquer maneira, o PNEC é sempre um plano.  Se chegarmos a 2030 e tivermos mais hidrogénio do que o que estamos a indicar, ficamos satisfeitos e contentes com isso", disse a ministra .

Na visão da ministra, "o hidrogénio é, essencialmente, neste momento, mais um outro fator para atrair as indústrias que utilizam esse gás renovável nos seus processos produtivos".

"Queremos ter fatores de atração para ter indústria e empregos qualificados no nosso país. Isso passa pela estratégia do hidrogénio, das energia renováveis e pela estratégia das matérias críticas. O conjunto da disponibilidade de matérias primas, hidrogénio e energias renováveis vai fazer de Portugal um país altamente atraente para os investidores estrangeiros", rematou. 

O PNEC 2030 destaca "o papel cada vez mais relevante que o hidrogénio terá no sistema energético nacional, em múltiplos contextos" e avisa que para a instalação de eletrolisadores com 3 GW de capacidade líquida de produção (output) será necessário instalar capacidade adicional dedicada de produção de eletricidade, e designadamente de eólica onshore, eólica offshore, e solar fotovoltaico, totalizando em 2030 cerca de 8,6 GW de capacidade instalada dedicada, o que "corresponderá a cerca de 18% da capacidade total instalada para produção de eletricidade".
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