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Empresas de combustíveis negam benefícios com aumento das margens
"Não participamos na criação desse preço. Temos uma margem fixa que está contratualizada com as companhias petrolíferas", explicou à Lusa o vice-presidente da associação, Francisco Albuquerque.
A Associação de Revendedores de Combustíveis (Anarec) disse hoje que não tem benefícios com o aumento da margem bruta sobre o preço final antes de impostos dos combustíveis, que o Governo pediu à Autoridade da Concorrência (AdC) que investigue.
"Não participamos na criação desse preço. Temos uma margem fixa que está contratualizada com as companhias petrolíferas, que são os nossos fornecedores, portanto, se aumentar o preço dos combustíveis, a nossa margem mantém-se porque está contratualizado assim", explicou à Lusa o vice-presidente da associação, Francisco Albuquerque.
No pedido do secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, à AdC, que consta de uma carta enviada àquela autoridade, a que a Lusa teve acesso, o governante afirma haver "evidência que fundamenta um esforço na investigação" sobre o preço dos combustíveis.
"Eliminado o efeito da carga fiscal sobre os preços (ISP e IVA), o peso relativo do que poderemos designar margem bruta tem vindo a aumentar de forma particularmente significativa, desviando-se significativamente do que vinha sendo a sua média histórica", afirma o secretário de Estado, na carta enviada à presidente da AdC, Margarida Matos Rosa.
Mas logo após a divulgação pública da carta, a Anarec veio a público para dizer que era necessário "esclarecer de uma vez por todas" que os revendedores de combustíveis "não beneficiam nem lucram nada" com o aumento do preço dos combustíveis.
"As nossas margens de comercialização são, de uma forma geral, fixas e estão contratualizadas com as companhias petrolíferas, que são no fundo os nossos fornecedores", explicou o vice-presidente, salientando que, quando aumenta o preço dos combustíveis, a margem comercial dos revendedores não aumenta.
"Se alguém lucra com esse aumento, certamente não são os revendedores de combustíveis, que de resto há muitos anos lidam com várias dificuldades", afirmou, destacando entre as dificuldades "as magras margens" de comercialização e a "luta" por uma melhor distribuição das margens pela cadeia de valor.
"Somos o último elo da cadeia e não estamos diretamente relacionados com a formação dos preços, isso será a montante e terá implicações a nível também do Governo, do poder político e eventualmente das companhias petrolíferas", acusou.
O Governo, na carta enviada por Jorge Seguro Sanches, lembra que em 2014 a margem bruta da gasolina e do gasóleo era de 19%, do preço final antes de impostos, tendo subido ano após ano, para chegar em 2016 a 28% no caso da gasolina e a 24% no gasóleo.
"É difícil compreender como é possível que em três anos de forte e continuada redução do custo das matérias-primas, a margem bruta por litro vendido tenha resistido de forma tão persistente", conclui o governante.