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EDP confirma "nível de incerteza" nos EUA sobre o apoio de Trump às renováveis

A mensagem foi agora reforçada pelo CEO, Miguel Stilwell, que já tinha admitido a existência de riscos no país. "É óbvio que existe incerteza nos EUA, por isso reconhecemos que estamos a lidar com esta situação de forma prudente e a fazer um planeamento e uma gestão dos riscos muito cuidadosos".

27 de Março de 2025 às 13:35
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O CEO da EDP, Miguel Stilwell d'Andrade, considera há um "nível de incerteza" sobre o Inflation Reduction Act nos Estados Unidos no contexto da nova Administração no Presidente Donald Trump, ao nível dos incentivos para investimento em renováveis. "Há riscos em torno do Inflation Reduction Act. Esperamos que a parte central do Inflation Reduction Act sobreviva", disse o responsável esta quarta-feira, em entrevista à Bloomberg. 

A mensagem já tinha sido passada pelo responsável recentemente, quando a EDP apresentou os seus resultados anuais de 2024 e admitiu a existência de riscos no país. "É óbvio que existe incerteza nos EUA, por isso reconhecemos que estamos a lidar com esta situação de forma prudente e a fazer um planeamento e uma gestão dos riscos muito cuidadosos".

Sobre o Inflation Reduction Act, Stilwell diz que a lei tem apoio bi-partidário dos EUA. "A aplicação de novas tarifas às importações poderá ter impacto em equipamentos que são importantes para as renováveis, por outro lado, mas também irá estimular positivamente a produção local nos EUA e aumentar a procura de energia".

Em 2024 a EDP instalou 2 gigawatts (GW) de projetos renováveis nos EUA e espera instalar cerca de 1 gigawatt este ano, acrescentou ainda o CEO. A empresa reviu em baixa recentemente o seu ritmo de investimento em novos projetos até 2026, com os gastos em parques eólicos e centrais solares mais focados em mercados de baixo risco, como as Europa e os EUA. Segundo a elétrica, estas continuam a ser as principais regiões para o crescimento da empresa. 

"Os EUA continuam a ser um bom mercado de crescimento. Olhamos para a procura de energia nos próximos dois anos e ela é extremamente forte", disse Stilwell à Bloomberg. Apesar disso, a subida de Trump ao poder em janeiro obrigou a empresa a registar imparidades nos projetos eólicos offshore no país. 

Em 2025 e 2026 a empresa irá "moderar o ritmo de investimento" em nova capacidade renovável instalada, para 3,5 GW nos dois anos, com um investimento de cinco mil milhões de euros nos dois anos, excluindo projetos eólicos offshore.

À Bloomberg, o CEO da EDP disse que a empresa não tem planos para vender a sua parte na joint-ventures Ocean Winds, com a francesa Engie. "É um investimento estratégico para nós", disse. 

No mesmo dia, a EDP comunicou que atingiu 15 GW em contratos de longo prazo (Power Purchase Agreements, ou PPA, em inglês), sobretudo nos setores da energia e empresas de serviços públicos, centros de dados, comércio e retalho, eletricidade e gás e indústria transformadora. A eletricidade renovável contratada através destes contratos (90% dos quais ativos) representa aproximadamente 41,5 TWh, provenientes dos projetos de larga escala da EDP.

O aumento da procura energética das grandes empresas tecnológicas para os seus centros de dados representou 45% dos contratos celebrados pelo grupo EDP em 2024. Neste momento, a empresa garante um total acumulado de 3,2 GW de PPAs para centros de dados a nível global (22% do total acumulado). 

"Só em 2024, a EDP celebrou PPA com 15 clientes, registando um crescimento de 15% na capacidade contratada face a 2023", esclarece a empresa. Os ativos solares e eólicos a representarem a maioria destes contratos, embora os sistemas de armazenamento de energia em baterias (BESS) tenham assumido um "papel relevante" nos PPA assinados no ano passado

Entre os principais contratos fechados no último ano, a elétrica destaca: o PPA de até 200 MWp com a Microsoft em Singapura, no âmbito da iniciativa SolarNova; o PPA de 44 MWp com a Amazon no Japão, no maior projeto solar da EDP no país, em Fukushima; os PPA de 184 MWp na Europa com uma grande empresa tecnológica; ou o acordo de 200 MW no Arizona, nos EUA, com o Salt River Project.

Estes contratos foram assinados nas quatro regiões globais onde a EDP opera - Europa, América do Norte, América do Sul e Ásia-Pacífico.

"Garantir 15 GW de capacidade contratada em PPA é um marco relevante. Estes acordos aumentam a previsibilidade das nossas receitas no longo prazo", afirma Miguel Stilwell d’Andrade, CEO da EDP, que já assinou acordos que cobrem 2,2 GW de capacidade na Europa.

Na mesma entrevista, o responsável garantiu que se trata de "um bom momento em termos de PPA", com uma "forte procura pelos ativos" da empresa e "bons níveis de preços".  

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