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EDP antecipa fecho das centrais a carvão. Sines encerra em 2021

O secretário de Estado da Energia já havia sinalizado que este cenário poderia ocorrer de forma a libertar espaço na rede para a entrada de novos projetos de energia solar.

Central em Sines fecha no próximo ano Luís Guerreiro
14 de Julho de 2020 às 08:08
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A EDP anunciou esta quarta-feira, 14 de julho, que vai antecipar o fecho das centrais de Sines, Soto da Ribera e Aboño.

Em relação à maior das três, a de Sines, "é hoje entregue uma declaração de renúncia à licença de produção, para encerramento em janeiro de 2021. Até esta data, a central produzirá o estritamente necessário para a queima do carvão armazenado", lê-se no comunicado publicado pela elétrica na página da Comissão do Mercado e de Valores Mobiliários (CMVM).

No que toca à central Soto de Ribera 3 "será solicitado o encerramento com prazo previsto em 2021". Finalmente, na de Aboño, "prossegue o processo de licenciamento de conversão de carvão para gases siderúrgicos, através da modificação do Grupo 1 (342 MW), prevista para 2022, mantendo-se o Grupo 2 (562 MW) como apoio a indisponibilidades".

A data do enterro estava traçada, no caso da central do Sines, para setembro de 2023, de acordo com o comunicado pelo Governo em outubro do ano passado. Já a do Pego, da Endesa, deverá permanecer operacional até final de 2021.

Esta iniciativa de fecho antecipado deverá tem "custo extraordinário de cerca de 100 milhões de euros (antes de impostos) em 2020", adianta ainda a EDP. Uma quantia inferior aos custos avultados que a EDP assumiu Sines e Pego estavam a ter para o negócio: a perda de competitividade das centrais custou 200 milhões aos lucros da elétrica de 2019. Esta perda de competitividade resultou da "deterioração material das perspetivas de rentabilidade das centrais elétricas a carvão no mercado Ibérico", a "vontade política de antecipação dos prazos de encerramento destas centrais" e a "manutenção de uma elevada carga fiscal sobre estes ativos" explicou, na altura, a empresa.

Por fim, a elétrica garante que "nos referidos processos de encerramento e reconversão a EDP respeitará integralmente todas as responsabilidades de índole laboral".

100milhões de euros
O fecho antecipado das centrais deverá ter custo extraordinário de cerca de 100 milhões de euros (antes de impostos) em 2020.

A reação em bolsa está a ser negativa, com as ações da EDP a liderarem as perdas entre os membros do PSI-20, seguidas da EDP Renováveis. Estas empresas resvalam, respetivamente, 2,87% paara os 4,30 euros e 2,77% para os 13,32 euros. Isto, num dia em que todas as cotadas do PSI-20 se juntam em terreno negativo, e o índice nacional alinha com as principais praças europeias ao mostrar quebras superiores a 1%. 

Transição energética na agenda

A EDP realça que, ao mesmo tempo que decide o fecho das centrais a carvão, "está a desenvolver projetos nas regiões destas centrais para potenciais investimentos alinhados com a transição energética". A empresa diz estar a "contribuir ativamente" para que as regiões nas quais se vão dar os encerramentos possam beneficiar do Fundo para a Transição Justa "na sua reconversão económica e ambiental".

"A decisão de antecipar o encerramento de centrais a carvão na Península Ibérica é assim uma consequência natural do processo de transição energética, estando alinhada com as metas europeias de neutralidade carbónica e com a vontade política de antecipar esses prazos", explica Miguel Stilwell d’Andrade, presidente executivo interino da EDP, citado em comunicado.

Em Sines, tal como já era do conhecimento público, a elétrica tem vindo a desenvolver em consórcio um projeto de produção de hidrogénio verde, com possibilidade de exportação por via marítima, e enquadrável num projeto de interesse comum europeu (IPCEI). Em Soto de Ribera estão a ser desenvolvidos " estudos prévios para a implementação de um projeto inovador de armazenamento de energia".

Contudo, no passado mês de junho, o secretário de Estado da Energia, João Galamba, admitiu que o fecho das centrais poderia acontecer antes do previsto, de modo a libertar capacidade na rede para os projetos de energia solar que deverão arrancar após o novo concurso que está marcado para este verão.  

Já em junho de 2019, o primeiro-ministro português, António Costa, havia apontado que "Portugal chegará a 2030 sem centrais a carvão, com metade das emissões em relação a 2005, com 80% da eletricidade consumida de origem renovável". 

A decisão de antecipar o encerramento de centrais a carvão na Península Ibérica é assim uma consequência natural do processo de transição energética, estando alinhada com as metas europeias de neutralidade carbónica e com a vontade política de antecipar esses prazos Miguel Stilwell d’Andrade, presidente executivo interino da EDP

 

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