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EDP antecipa fecho das centrais a carvão. Sines encerra em 2021
O secretário de Estado da Energia já havia sinalizado que este cenário poderia ocorrer de forma a libertar espaço na rede para a entrada de novos projetos de energia solar.
A EDP anunciou esta quarta-feira, 14 de julho, que vai antecipar o fecho das centrais de Sines, Soto da Ribera e Aboño.
Em relação à maior das três, a de Sines, "é hoje entregue uma declaração de renúncia à licença de produção, para encerramento em janeiro de 2021. Até esta data, a central produzirá o estritamente necessário para a queima do carvão armazenado", lê-se no comunicado publicado pela elétrica na página da Comissão do Mercado e de Valores Mobiliários (CMVM).
A data do enterro estava traçada, no caso da central do Sines, para setembro de 2023, de acordo com o comunicado pelo Governo em outubro do ano passado. Já a do Pego, da Endesa, deverá permanecer operacional até final de 2021.
Esta iniciativa de fecho antecipado deverá tem "custo extraordinário de cerca de 100 milhões de euros (antes de impostos) em 2020", adianta ainda a EDP. Uma quantia inferior aos custos avultados que a EDP assumiu Sines e Pego estavam a ter para o negócio: a perda de competitividade das centrais custou 200 milhões aos lucros da elétrica de 2019. Esta perda de competitividade resultou da "deterioração material das perspetivas de rentabilidade das centrais elétricas a carvão no mercado Ibérico", a "vontade política de antecipação dos prazos de encerramento destas centrais" e a "manutenção de uma elevada carga fiscal sobre estes ativos" explicou, na altura, a empresa.
Por fim, a elétrica garante que "nos referidos processos de encerramento e reconversão a EDP respeitará integralmente todas as responsabilidades de índole laboral".
A reação em bolsa está a ser negativa, com as ações da EDP a liderarem as perdas entre os membros do PSI-20, seguidas da EDP Renováveis. Estas empresas resvalam, respetivamente, 2,87% paara os 4,30 euros e 2,77% para os 13,32 euros. Isto, num dia em que todas as cotadas do PSI-20 se juntam em terreno negativo, e o índice nacional alinha com as principais praças europeias ao mostrar quebras superiores a 1%.
Transição energética na agenda
A EDP realça que, ao mesmo tempo que decide o fecho das centrais a carvão, "está a desenvolver projetos nas regiões destas centrais para potenciais investimentos alinhados com a transição energética". A empresa diz estar a "contribuir ativamente" para que as regiões nas quais se vão dar os encerramentos possam beneficiar do Fundo para a Transição Justa "na sua reconversão económica e ambiental".
"A decisão de antecipar o encerramento de centrais a carvão na Península Ibérica é assim uma consequência natural do processo de transição energética, estando alinhada com as metas europeias de neutralidade carbónica e com a vontade política de antecipar esses prazos", explica Miguel Stilwell d’Andrade, presidente executivo interino da EDP, citado em comunicado.
Em Sines, tal como já era do conhecimento público, a elétrica tem vindo a desenvolver em consórcio um projeto de produção de hidrogénio verde, com possibilidade de exportação por via marítima, e enquadrável num projeto de interesse comum europeu (IPCEI). Em Soto de Ribera estão a ser desenvolvidos " estudos prévios para a implementação de um projeto inovador de armazenamento de energia".
Já em junho de 2019, o primeiro-ministro português, António Costa, havia apontado que "Portugal chegará a 2030 sem centrais a carvão, com metade das emissões em relação a 2005, com 80% da eletricidade consumida de origem renovável".