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Depois do nuclear, Merkel quer acabar com dependência do carvão

Para desligar a energia nuclear, Berlim aumentou a sua dependência do carvão. Apesar da aposta nas energias renováveis, a Alemanha ainda tem um longo caminho para acabar o vício nos combustíveis fósseis

9 de Março – Merkel em dia de reunião de Eurogrupo

“Temos obviamente o objectivo político de manter a Grécia na Zona Euro. Temos estado a trabalhar nisto desde há muitos anos. Mas ao mesmo tempo, existem sempre dois lados para uma moeda por um lado, a solidariedade dos parceiros europeus e, por outro, a prontidão para levar a cabo reformas e compromissos no seu próprio país. Posto isto, nós temos claramente um caminho difícil a percorrer”.
20 de Janeiro de 2016 às 17:24
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A Alemanha precisa de desenhar um plano para acabar com a sua dependência energética do carvão. O apelo foi lançado hoje pela ministra alemã do Ambiente, um mês depois dos líderes mundiais terem sinalizado em Paris que o futuro passa pela redução das emissões de gases poluentes.
 

"O carvão ainda vai ser necessário como ponte a caminho de uma nova era de energia. Mas todos sabemos que esta ponte tem um fim", disse Barbara Hendricks numa conferência em Berlim esta quarta-feira, 20 de Janeiro, citada pela Reuters.

 

"Temos que organizar uma saída do carvão. Para trabalhadores, regiões, investidores e empresas. Estou actualmente em negociações para fazer isso", completou.

 

Foi em 2011 que a Alemanha deu uma volta de 180 graus na sua política energética, depois do desastre na central nuclear japonesa de Fukushima. De um dia para o outro, a opinião pública alemã ficou contra a energia nuclear e a resposta política não tardou, com o Governo de Angela Merkel a desenhar o plano "Energiewende", ou transição energética.

Um dos objectivos principais é desligar todas as centrais nucleares até 2022. Já até 2025, o objectivo é que as renováveis pesem até 45% no total de produção de energia. Até 2020 as emissões dos gases com efeito de estufa deverão recuar 40% face aos níveis de 1990.

 

Mas, na verdade, ainda existe um longo caminho a percorrer. O carvão ainda pesa 18% no total de produção de energia na Alemanha, sendo o segundo combustível mais utilizado. Na liderança, encontra-se a lignite – também conhecida como carvão castanho – responsável por 25% da produção. A fechar o pódio está a energia nuclear, com um peso de 15%. Este valor está longe do registado em 2010 (25%), quando era a energia mais utilizada, mas o seu peso ainda é relevante.

 

No motor da economia europeia, apoiado por uma forte indústria, o preço da energia é um tema sensível e isso explica a aposta na lignite: na Alemanha existem várias minas a céu aberto, ou seja, para extrair esta rocha não é preciso escavar muito, tornando-a barata. Já o carvão regista actualmente um baixo preço, com as minas dos Estados Unidos a abastecerem a Europa.

"Todo este debate é desnecessário", disse o presidente executivo da eléctrica alemã RWE esta semana, referindo-se aos apelos para desligar do carvão.

A Alemanha decidiu assim apostar em mais renováveis e menos nuclear, mas ao mesmo tempo decidiu queimar mais carvão e lignite que são dos combustíveis que mais emissões de gases poluentes emitem, ao contrário da energia nuclear cujas emissões são relativamente baixas.

Ainda sem datas para o fim do carvão

A ministra do Ambiente não avançou com qualquer data para terminar com a dependência do carvão, à semelhança do ministro da Economia, que esta semana também abordou o assunto.

"Quando estamos a falar sobre o futuro do carvão, eu aconselharia a sermos menos ideológicos e a focarmo-nos mais nos objectivos climáticos e nas consequências económicas", disse Sigmar Gabriel na terça-feira, 19 de Janeiro.

Depois, aconselhou o país a não travar o carvão de forma acelerada, à semelhança do que aconteceu com o nuclear, e recordou a importância de um fornecimento estável de energia. Sigmar Gabriel disse que vai convidar este ano todos as partes interessadas no carvão para debater o futuro da energia.

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