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CorPower Ocean garante 32 milhões para energia das ondas testada em Portugal

A empresa sueca tem atualmente operações na Suécia, Noruega, Portugal e Escócia, e está a expandir-se para a costa oeste dos EUA.

16 de Outubro de 2024 às 14:19
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A sueca CorPower Ocean anunciou esta quarta-feira o maior investimento individual na sua tecnologia de energia das ondas, após garantir um financiamento da Série B1 de 32 milhões de euros. A desenvolver um projeto piloto no norte de Portugal, ao largo da praia da Aguçadoura (Póvoa do Varzim), a empresa anunciou esta angariação de capital durante o Business Booster do EIT InnoEnergy em Barcelona – um dos principais eventos de energia sustentável da Europa.

O montante será usado pela empresa para passar à fase de comercialização da sua tecnologia. 

A ronda de investimento foi liderada por um consórcio de investidores liderado pela NordicNinja Venture Capital, SEB Greentech, InnoEnergy, Santander Asset Management, Iberis Capital e Cisco Investments. Estas empresas decidiram apostar na tecnologia da CorPower Ocean - que permite gerar eletricidade a partir das ondas, em alto mar - depois de esta ter sobrevivido a algumas das maiores tempestades no oceano Atlântico (ondas de 18 metros na costa portuguesa) e ter demonstrado ser capaz de gerar energia elétrica de forma eficiente em condições marítimas ditas normais.

A empresa sueca tem atualmente operações na Suécia, Noruega, Portugal e Escócia, e está a expandir-se para a costa oeste dos EUA. Fundada em 2012, a CorPower Ocean já garantiu 95 milhões de euros em financiamento de investidores privados e públicos e conseguiu demonstrar com sucesso quatro gerações diferentes da sua tecnologia inovadora. 

O cofundador e CEO da CorPower Ocean, Patrik Möller, disse: "Este anúncio segue os resultados inovadores avançados no início deste ano em relação à demonstração oceânica da tecnologia na unidade instalada na praia da Aguçadoura, no norte de Portugal, onde o CorPower C4 se tornou o primeiro dispositivo de energia das ondas em escala comercial a demonstrar com sucesso a capacidade sobreviver às maiores tempestades do Atlântico combinada com uma grande capacidade de geração de energia em relação ao tamanho e custo dos equipamentos".

Möller acrescentou ainda: "Este importante grupo de investidores traz experiência e capacidade de investimenro, cruciais para apoiar a nossa missão de gerar eletricidade limpa proveniente das ondas do mar. Este financiamento, combinado com o avanço tecnológico dá uma mensagem firme sobre a prontidão da energia das ondas para adoção em larga escala e o seu papel fundamental na transição energética global".
 
Por seu lado, o sócio-gerente da NordicNinja VC, Marek Kiisa, disse: "A capacidade técnica que a CorPower Ocean demonstrou para sobreviver às maiores tempestades do Atlântico foi verdadeiramente impressionante. A energia das ondas finalmente chegará ao nível das expectativas industriais", acrescentou , sócio-gerente da NordicNinja VC.

Os projetos de parques de ondas estão a ser desenvolvidos por clientes que utilizam a tecnologia da CorPower Ocean na Escócia, Irlanda, Portugal e Noruega. Por exemplo, a fase pré-comercial do projeto Saoirse Wave, na Irlanda, envolverá os conversores da CorPower Ocean, como parte de um cluster CorPack. O projeto já garantiu um cofinanciamento de 39,4 milhões de euros do Fundo de Inovação da UE.

"Os recursos de energia das ondas chegam a 500 GW a nível mundial, com disponibilidade e previsibilidade muito acima da eólica e solar. Como essa energia das ondas é essencial para fornecer eletricidade verde 24 horas por dia, sete dias por semana, a CorPower Ocean demonstrou consistentemente resultados em ambientes adversos. Com esta rodada de financiamento, aceleramos a fase de comercialização", disse o CEO da InnoEnergy, Diego Pavia. 

A energia das ondas é uma das maiores fontes de energia limpa ainda por explorar, representando mais do que toda a capacidade hidroeléctrica ou nuclear actual. Os principais recursos encontram-se ao longo do Atlântico Europeu, costa oeste dos EUA, América do Sul, África, Índia, Indonésia, Austrália, Nova Zelândia e Japão. 

Em Portugal, o conversor de energia das ondas da empresa sueca esteve a injetar energia na rede entre agosto e novembro de 2023. Desde 2021 que a CorPower Ocean tem vindo a desenvolver o seu "Wave Energy Converter C4"). Na prática, trata-se de um enorme dispositivo (uma espécie de bóia marítima em tamanho gigante, como se pode ver na foto), flutuante e ancorado ao fundo do mar, que usa a forte ondulação dos oceanos para produzir eletricidade e injetá-la na rede elétrica, através de um cabo submarino.

A promotora não revela para já a quantidade total de energia elétrica produzida nesta primeira fase de testes em ambiente real, e injetada na rede, mas em comunicado revelou ter sido "demostrado um pico de geração de 600 kW", sendo que o protótipo HiWave-5 tem capacidade para produzir de forma constante 300 kW, refere a empresa. 

De acordo com a empresa, este "primeiro dispositivo em escala comercial mostrou resultados inovadores" e foi provada a sua "capacidade de sobrevivência a tempestades, de gerar energia de forma eficiente, incluindo a sua exportação para a rede, tudo isto durante os desafios históricos mais difíceis da energia das ondas". Conclusão: a energia das ondas pode avançar e ser adotada em larga escala, garante a CorPoer Ocean. 

"O mais importante neste tipo de tecnologia é conseguir sobreviver às condições agressivas do mar. Esse desafio foi vencido. E garantir que há de facto produção de energia e que a mesma é injetada na rede, o que também aconteceu", disse ainda Miguel Silva, sublinhando as quatro grandes tempestades que em outubro e novembro atingiram Portugal e permitiram testar o equipamento nas "piores condições possíveis", provando que o mesmo sobrevive a ondas entre 11 e 18,5 metros. "De certa forma tivemos sorte que assim fosse". 

"Trata-se de um marco histórico para a energia das ondas, por terem sido vencidos os dois principais obstáculos que têm dificultado a evolução para uma fase comercial até à data: a capacidade de sobrevivência dos equipamentos no mar e a produção eficiente de energia em condições normais no oceano", refere a empresa. 

O equipamento foi retirado do mar em dezembro de 2023, para manutenção e análise do impacto das condições marítimas. Em 2024 registou-se uma nova fase de testes de mais longo prazo à capacidade de produção de energia elétrica, com vista à certificação. Só em meados de 2026 outros três conversores de energia das ondas se irão juntar à unidade localizada na costa portuguesa.  

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