A carregar o vídeo ...
Em direto Portugal Inspirador

A Indústria no centro da discussão em Braga

Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

CorPower Ocean garante 32 milhões para energia das ondas testada em Portugal

A empresa sueca tem atualmente operações na Suécia, Noruega, Portugal e Escócia, e está a expandir-se para a costa oeste dos EUA.

  • ...

A sueca CorPower Ocean anunciou esta quarta-feira o maior investimento individual na sua tecnologia de energia das ondas, após garantir um financiamento da Série B1 de 32 milhões de euros. A desenvolver um projeto piloto no norte de Portugal, ao largo da praia da Aguçadoura (Póvoa do Varzim), a empresa anunciou esta angariação de capital durante o Business Booster do EIT InnoEnergy em Barcelona – um dos principais eventos de energia sustentável da Europa.

O montante será usado pela empresa para passar à fase de comercialização da sua tecnologia. 

A ronda de investimento foi liderada por um consórcio de investidores liderado pela NordicNinja Venture Capital, SEB Greentech, InnoEnergy, Santander Asset Management, Iberis Capital e Cisco Investments. Estas empresas decidiram apostar na tecnologia da CorPower Ocean - que permite gerar eletricidade a partir das ondas, em alto mar - depois de esta ter sobrevivido a algumas das maiores tempestades no oceano Atlântico (ondas de 18 metros na costa portuguesa) e ter demonstrado ser capaz de gerar energia elétrica de forma eficiente em condições marítimas ditas normais.

A empresa sueca tem atualmente operações na Suécia, Noruega, Portugal e Escócia, e está a expandir-se para a costa oeste dos EUA. Fundada em 2012, a CorPower Ocean já garantiu 95 milhões de euros em financiamento de investidores privados e públicos e conseguiu demonstrar com sucesso quatro gerações diferentes da sua tecnologia inovadora. 

O cofundador e CEO da CorPower Ocean, Patrik Möller, disse: "Este anúncio segue os resultados inovadores avançados no início deste ano em relação à demonstração oceânica da tecnologia na unidade instalada na praia da Aguçadoura, no norte de Portugal, onde o CorPower C4 se tornou o primeiro dispositivo de energia das ondas em escala comercial a demonstrar com sucesso a capacidade sobreviver às maiores tempestades do Atlântico combinada com uma grande capacidade de geração de energia em relação ao tamanho e custo dos equipamentos".

Möller acrescentou ainda: "Este importante grupo de investidores traz experiência e capacidade de investimenro, cruciais para apoiar a nossa missão de gerar eletricidade limpa proveniente das ondas do mar. Este financiamento, combinado com o avanço tecnológico dá uma mensagem firme sobre a prontidão da energia das ondas para adoção em larga escala e o seu papel fundamental na transição energética global".
 
Por seu lado, o sócio-gerente da NordicNinja VC, Marek Kiisa, disse: "A capacidade técnica que a CorPower Ocean demonstrou para sobreviver às maiores tempestades do Atlântico foi verdadeiramente impressionante. A energia das ondas finalmente chegará ao nível das expectativas industriais", acrescentou , sócio-gerente da NordicNinja VC.

Os projetos de parques de ondas estão a ser desenvolvidos por clientes que utilizam a tecnologia da CorPower Ocean na Escócia, Irlanda, Portugal e Noruega. Por exemplo, a fase pré-comercial do projeto Saoirse Wave, na Irlanda, envolverá os conversores da CorPower Ocean, como parte de um cluster CorPack. O projeto já garantiu um cofinanciamento de 39,4 milhões de euros do Fundo de Inovação da UE.

"Os recursos de energia das ondas chegam a 500 GW a nível mundial, com disponibilidade e previsibilidade muito acima da eólica e solar. Como essa energia das ondas é essencial para fornecer eletricidade verde 24 horas por dia, sete dias por semana, a CorPower Ocean demonstrou consistentemente resultados em ambientes adversos. Com esta rodada de financiamento, aceleramos a fase de comercialização", disse o CEO da InnoEnergy, Diego Pavia. 

A energia das ondas é uma das maiores fontes de energia limpa ainda por explorar, representando mais do que toda a capacidade hidroeléctrica ou nuclear actual. Os principais recursos encontram-se ao longo do Atlântico Europeu, costa oeste dos EUA, América do Sul, África, Índia, Indonésia, Austrália, Nova Zelândia e Japão. 

Em Portugal, o conversor de energia das ondas da empresa sueca esteve a injetar energia na rede entre agosto e novembro de 2023. Desde 2021 que a CorPower Ocean tem vindo a desenvolver o seu "Wave Energy Converter C4"). Na prática, trata-se de um enorme dispositivo (uma espécie de bóia marítima em tamanho gigante, como se pode ver na foto), flutuante e ancorado ao fundo do mar, que usa a forte ondulação dos oceanos para produzir eletricidade e injetá-la na rede elétrica, através de um cabo submarino.

A promotora não revela para já a quantidade total de energia elétrica produzida nesta primeira fase de testes em ambiente real, e injetada na rede, mas em comunicado revelou ter sido "demostrado um pico de geração de 600 kW", sendo que o protótipo HiWave-5 tem capacidade para produzir de forma constante 300 kW, refere a empresa. 

De acordo com a empresa, este "primeiro dispositivo em escala comercial mostrou resultados inovadores" e foi provada a sua "capacidade de sobrevivência a tempestades, de gerar energia de forma eficiente, incluindo a sua exportação para a rede, tudo isto durante os desafios históricos mais difíceis da energia das ondas". Conclusão: a energia das ondas pode avançar e ser adotada em larga escala, garante a CorPoer Ocean. 

"O mais importante neste tipo de tecnologia é conseguir sobreviver às condições agressivas do mar. Esse desafio foi vencido. E garantir que há de facto produção de energia e que a mesma é injetada na rede, o que também aconteceu", disse ainda Miguel Silva, sublinhando as quatro grandes tempestades que em outubro e novembro atingiram Portugal e permitiram testar o equipamento nas "piores condições possíveis", provando que o mesmo sobrevive a ondas entre 11 e 18,5 metros. "De certa forma tivemos sorte que assim fosse". 

"Trata-se de um marco histórico para a energia das ondas, por terem sido vencidos os dois principais obstáculos que têm dificultado a evolução para uma fase comercial até à data: a capacidade de sobrevivência dos equipamentos no mar e a produção eficiente de energia em condições normais no oceano", refere a empresa. 

O equipamento foi retirado do mar em dezembro de 2023, para manutenção e análise do impacto das condições marítimas. Em 2024 registou-se uma nova fase de testes de mais longo prazo à capacidade de produção de energia elétrica, com vista à certificação. Só em meados de 2026 outros três conversores de energia das ondas se irão juntar à unidade localizada na costa portuguesa.  

Ver comentários
Saber mais Energia solar Mercado da energia Energia nuclear Energia eólica Portugal União Europeia República da Irlanda Aguçadoura Estados Unidos Venture Capital
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio