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Carro eléctrico ameaça um em cada três postos de trabalho do sector automóvel europeu

A associação europeia do sector alerta para o impacto negativo que o crescimento da mobilidade eléctrica vai ter nos postos de trabalho do sector automóvel, por serem precisas menos pessoas para fabricarem carros eléctricos.

Pedro Elias
21 de Novembro de 2017 às 17:52
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O crescimento do carro eléctrico na Europa ameaça colocar em risco um em cada três postos de trabalho do sector automóvel europeu. As contas são da Associação Europeia de Produtores Automóveis (ACEA, na sigla original) que representa 14 grupos automóveis de todo o mundo que produzem e estão presentes no mercado europeu.

"A electrificação vai ter um impacto em todo o sector automóvel. Primeiro, temos muitos fornecedores, pequenas e médias empresas fornecedoras cujo foco é construir componentes para os motores a combustão interna. Se amanhã deixar de haver motores de combustão interna, estes arriscam-se a ficar sem negócio", começou por explicar o secretário-geral da ACEA, Erik Jonnaert, esta terça-feira, 21 de Novembro.

"Em segundo, o número de pessoas que são necessárias para produzir um automóvel com motor de combustão interna face a um automóvel eléctrico. São precisas menos pessoas", afirmou o responsável durante a conferência "mobilidade no século XXI" organizada pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP).

"Em terceiro, um veículo eléctrico não requer o mesmo nível de manutenção que um carro a combustão interna, o que vai ter grandes implicações para as empresas de reparação e manutenção", disse Erik Jonnaert no evento que teve lugar em Lisboa.

O sector automóvel europeu emprega 12,6 milhões de pessoas incluindo produção, reparação e vendas. Deste total, 3,3 milhões de empregos correspondem à produção automóvel, segundo os dados da ACEA.

A associação europeia garante que a mobilidade eléctrica veio para ficar, mas acredita que os motores a gasolina e gasóleo vão continuar a existir, havendo um maior equilíbrio entre os motores com combustíveis alternativos e os motores a combustão interna.

"Esta tendência para eléctricos e combustíveis alternativos significa o fim dos motores de combustão interna? Não, vai haver um papel no futuro para estes motores", declarou Erik Jonnaert.

"Não vamos resistir à electrificação que já existe e de certeza que vai crescer ainda mais. É preciso que a electrificação automóvel cresça para que a descarbonização avance, e para que a qualidade do ar melhore, o que é uma grande vantagem dos carros eléctricos", afirma.

"É verdade que os carros eléctricos não têm um tubo de escape com emissões poluentes. Mas há outras questões, como é que a electricidade é produzida?", questionou o responsável da ACEA.

"E aqui temos um grande debate : os carros eléctricos não poluem, é verdade. Mas se um destes veículos só consumir electricidade produzida a partir de carvão, então o ciclo de vida de um carro eléctrico não vai ser mais verde do que um automóvel de combustão interna. Eu sei que as pessoas não gostam de ter esta discussão", rematou Erik Jonnaert.

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