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Web Summit: Cosgrave destaca clima e futuro do trabalho na edição deste ano

Instado a destacar três temas na edição deste ano da cimeira tecnológica, que arranca na segunda-feira, em Lisboa, Paddy Cosgrave considerou que "muita gente se vai interessar pelo período" que se vive relativamente ao meio ambiente.

Paddy Cosgrave, fundador da Web Summit, revelou que a edição deste ano, online, será a mais cara de sempre.
Mariline Alves
31 de Outubro de 2021 às 11:52
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O presidente executivo da Web Summit destacou o clima e o futuro do trabalho como dois dos temas que estarão em destaque na edição deste ano, que conta com mas de 200 'startups' focadas na sustentabilidade.

Instado a destacar três temas na edição deste ano da cimeira tecnológica, que arranca na segunda-feira, em Lisboa, Paddy Cosgrave considerou que "muita gente se vai interessar pelo período" que se vive relativamente ao meio ambiente.

"Temos mais de 200 'startups' com foco na sustentabilidade, elas estão a fazer tudo o que poderia imaginar" para lidar com tudo, "desde a criação ao consumo de energia e tudo mais", acrescentou.

"Além do clima, energia e meio ambiente, temos também um grande foco na cripto", salientou.

A noite de abertura conta com o fundador da plataforma NFT de criptomoedas e a denunciante do Facebook Frances Haugen.

"E encerramos a Web Summit com uma conversa com Tim Berners-Lee, que criou a 'web', sobre o futuro da 'web' e o papel que a descentralização de protocolos e tecnologias podem desempenhar", acrescentou Cosgrave.

O terceiro tema "que estamos a ver a partir dos dados de todos os nossos participantes é o futuro do trabalho", apontou.

"Temos um novo palco inteiramente dedicado a discussões e debates sobre como o trabalho vai ser no futuro", porque "não acho que tudo venha a ser remoto, mas também não acho que vamos voltar aos velhos tempos", considerou.

Por isso, "o que é que vai funcionar para a maioria dos empregados? E para a maioria das empresas? Acho que isso não está claro e que todos estão a tentar descobrir" e este é um tema do interesse de muita gente, salientou o cofundador da Web Summit.

Este ano, a edição contará com 40.000 participantes porque a prioridade "é a saúde e segurança", afirmou, salientando que a organização trabalhou em "estreita colaboração com a DGS.

"Aprovaram a nossa licença há duas semanas e o principal para a aprovação da licença foi que cumpramos todas as regras e regulamentos que aconselharam, incluindo distanciamento social, incluindo como construímos o espaço, que tipo de espaços usamos", explicou.

"Como consequência, a única maneira de o fazer de forma segura e respeitando todas das regras é aumentar o espaço à disposição de todos. Portanto, este ano a capacidade máxima é de 40.000", disse, apontando que o evento está "muito perto de estar cheio".

Questionado se espera duplicar o espaço para o próximo ano, Paddy Cosgrave disse que sim.

"A menos que haja algo que eu não saiba, a minha expectativa é que o espaço seja duplicado, a construção de espaços para convenções é muito, muito rápida", leva cerca de seis meses para ficar concluída, disse.

Com o aumento do espaço, a organização espera acolher mais de 100.000 participantes

"Não tenho dúvidas de que a Web Summit poderá ter várias vezes o tamanho do que é hoje se tivéssemos mais espaço", salientou.

Na edição deste ano haverá "literalmente milhares de 'startups', 1.500 'startups' farão parte do nosso programa. Várias centenas delas irão aparecer no palco. Acho que há um grupo particular de 'startups' que estão na minha mente, as mais entusiasmantes ou mais importantes", disse, apontando as 200 focadas no clima.

Além disso, a "COP26 [conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas] estará a acontecer ao mesmo tempo. E temos líderes políticos de todo mundo e os maiores poluidores. Não sei por que é que eles estão lá. Esperançosamente, esperam que o acordo seja favorável", comentou.

"Mas na Web Summit temos vários empreendedores que esperam que as suas empresas e as suas inovações venham a ajudar-nos a criar um planeta mais habitável nos próximos anos, um planeta mais sustentável", disse.

Em termos de países, o Reino Unido lidera, apesar do Brexit, seguido da Alemanha, com o Brasil a ocupar o 'top 5' dos países de origem das 'startups'.

"Acho que há um gigante adormecido na América Latina que está lentamente a acordar e as suas 'startups' estão interessadas em conquistar a Europa e estão a vir à Web Summit em números cada vez maiores", contou.

Empresas de Angola, Moçambique e Cabo Verde também participam na edição deste ano.

"Acho que o continente mais desafiante na participação [desde evento] é África por causa das taxas de vacinação", que estão "abaixo dos 5% na maioria dos países, o que torna impossível, na maioria dos casos, as viagens dessas pessoas", lamentou.

Em termos de media, estão registados 1.500. No que respeita à participação por género, "mais de 40% das participantes" e "mais de 30% dos oradores" são do sexo feminino

Sobre a oradora Frances Haugen, denunciante das práticas do Facebook, cujo tema tem estado na ordem do dia, Paddy Cosgrave disse que todos na Web Summit "são crescidos e compreendem que "estas são as conversas" que é preciso ter no evento.

"Acho que os participantes preferem ouvir estas conversas do que demonstrações sem fim de pequenos produtos de tecnologia que podem ou não funcionar", considerou.

Sobre a expansão de eventos além da Web Summit, Cosgrave apontou que na próxima década os maiores mercados de crescimento para a cimeira são a América do Sul, África, Médio Oriente e Ásia.

"Estamos a planear nos próximos três anos começar eventos regionais Web Summit" nestes mercados, apontando que tal deverá arrancar em 2023.

"Se queremos crescer o evento anual, precisamos de ir a mercados onde o potencial de crescimento existe", porque assim é "mais fácil persuadir" as pessoas a apanhar aviões e voar de outras partes do mundo para vir para Lisboa todos os anos, argumentou.

Paddy Cosgrave salienta que se assistiu a mudanças no ecossistema português: primeiro, os empreendedores eram todos homens, o que hoje já não acontece, e eram todos portugueses, o que também já não é verdade.

"Diria que pelo menos um terço, senão metade dos empresários, são de outros países ao redor do mundo que decidiram" vir para Portugal, apontou.

"Acho que uma das mudanças mais surpreendentes é o número de pessoas que abrem empresas em Portugal, o que diz muito", e quando uma empresa nova decide escolher o país para abrir o negócio, isso "enriquece todo o ecossistema".

Sobre a possibilidade de Portugal criar um 'hub' de inteligência artificial (IA), Paddy Cosgrave salientou que esta é uma área que "obviamente vai ter um enorme papel no futuro da medicina, segurança", em quase todos os aspetos da vida das pessoas.

"Portanto, quanto mais Portugal puder fazer para apoiar investigação de ponta e depois ajudar a agrupar empresas líderes no espaço, acho que acaba por ter um efeito cumulativo positivo no ecossistema", defendeu, embora admita que na área da IA ainda há muitas coisas que não são claras.

"Tenho certeza de que há um futuro, é apenas incerto quão grande será esse futuro e quão grande será o papel que terá para Portugal", rematou.

Quanto as expectativas para a edição deste ano, Cosgrave afirmou que nunca viu tantas pessoas "entusiasmadas" com a Web Summit como agora.

"Acho que as pessoas estão simplesmente animadas por estar de volta", disse, esperando que as expectativas delas correspondam à realidade.

"O que é importante para nós (...) é que garantimos o máximo possível que o evento seja seguro" e que "haja café disponível", disse, a sorrir.

"E, depois disso, toda a magia e toda a 'networking' deverá simplesmente acontecer", concluiu Paddy Cosgrave.
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