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Vasconcellos sobre caso Berardo: “Espero que não andem à procura de um bode expiatório”

O ex-presidente da Ongoing frisa que “é ponto de honra voltar a Portugal e pagar cada tostão às pessoas”. E aos bancos? "Os bancos são os bancos", responde Nuno Vasconcellos, em entrevista ao Observador.

Pedro Elias/Negócios
05 de Julho de 2021 às 09:12
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Atualmente a viver no Brasil, depois de ter deixado centenas de milhões de euros de dívida aos bancos e também aos trabalhadores das suas empresas falidas, Nuno Vasconcellos garante numa entrevista ao Observador que "é um ponto de honra voltar a Portugal e pagar cada tostão com juros a cada uma dessas pessoas" a quem ficou a dever dinheiro.

 

No entanto, questionado sobre se isso implica também pagar aos bancos, o ex-dono da Ongoing faz questão de separar as águas. "As pessoas são as pessoas. Os bancos são os bancos. Os bancos tinham uma relação de negócio connosco. Os bancos não cumpriram comigo também, muitas coisas. Se o BES tivesse cumprido com a PT nada disto tinha acontecido. Há aqui uma triangulação. A culpa é minha? Não. A culpa foi do banco. Eu fui arrastado. Eu nunca teria ido à falência se não tivesse acontecido o que aconteceu à PT".

 

"Espero que Deus me dê saúde para eu poder voltar. Esse colchãozinho é o primeiro que vou fazer, para pagar a insolvência e depois pagar aos trabalhadores. Penso que será à volta de dez milhões de euros. Bem negociado, com o administrador de insolvência", acrescentou o gestor, que diz viver do seu salário como administrador de várias empresas, sem ser dono de nenhuma, nem no Brasil, nem no Panamá.

 

Sobre eventuais receios de que venha a ser lançada uma investigação judicial mais vasta relacionada com os devedores dos bancos, como aconteceu com Joe Berardo, detido para interrogatório na semana passada, lembra que "já [foi] investigado, em muitos outros casos, de ter ligações ao Ricardo Salgado, no Brasil também por causa dos acionistas da Oi que foram presos", mas não foi "acusado de nada". "Estou de consciência tranquila. Não fiz nada, não desviei ativos ou dinheiro", assegura.

 

"Espero que não andem à procura de um bode expiatório para justificar as péssimas decisões que se fizeram no passado em relação ao BES. Como é que o banco é vendido por mil milhões e depois tem uma linha de crédito de nove mil milhões [apoios públicos ao Novo Banco]? A culpa é do empresário?", completa Nuno Vasconcellos, que está insolvente em Portugal, tal como a mãe

A 20 de maio, a audição parlamentar de Nuno Vasconcellos terminou de forma abrupta. Pouco mais de uma hora depois de ter arrancado a sessão, Fernando Negrão, presidente da comissão de inquérito ao Novo Banco, decidiu dar por terminados os trabalhos perante a constante recusa do ex-presidente da Ongoing em assumir as dívidas contraídas junto do banco.

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