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Uma mulher cheia de energia a liderar uma empresa do PSI-20

É mulher, jovem e atraente. E, "ainda por cima", loira. Quando se sentou pela primeira na sala do conselho de administração da Galp Energia, em Setembro de 2004, Ana Maria Fernandes tinha 41 anos. E um vestido preto pelo joelho que lhe adornava a segunda

20 de Maio de 2008 às 10:00
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É mulher, jovem e atraente. E, "ainda por cima", loira. Quando se sentou pela primeira na sala do conselho de administração da Galp Energia, em Setembro de 2004, Ana Maria Fernandes tinha 41 anos. E um vestido preto pelo joelho que lhe adornava a segunda gravidez. Era já considerada um dos "homens fortes" de António Mexia. Para o bem e para o mal.

A gestora sempre recusou palavras de ordem ou lamentos feministas. Mas nunca duvidou que, se fosse homem, as portas da gestão de topo ter-se-iam aberto mais rapidamente. "É talvez por isso que casei e fui mãe tarde. Sempre lutei para impulsionar a minha carreira", confessou em entrevista ao Jornal de Negócios, em Setembro de 2004.

Na empresa, dividiam-se as opiniões entre os que lhe louvavam competências e os que apontavam uma ascensão ambiciosa, alicerçada no seu relacionamento com o líder e amigo de anos. O consenso nunca chegou e os comentários mantêm-se ainda hoje. Há-os para todos os gostos.

"Acho que, em alguns momentos, ela sofreu com a dificuldade de fazer respeitar a sua capacidade profissional junto de algumas pessoas. Mas nunca abdicou da sua feminilidade" em troca de uma palmada masculina de aprovação. "É muito corajosa, uma mulher de armas", garante um ex-quadro de topo que com ela trabalhou durante alguns anos na Galp Energia.

Uma senhora cheia de energia

Ana Maria Fernandes nasceu em Moçambique em 1962. Quatorze anos depois rumava ao Porto, onde viria a licenciar-se em Economia pela Faculdade de Economia do Porto. Pouco depois, somava ao seu currículo académico uma pós-graduação em Finanças e um MBA. Tinha já começado a fazer carreira na área da banca de investimentos.

Estreou-se como técnica da Conselhos, empresa do grupo Banco Português do Atlântico, na área de mercado de capitais, investimentos e reestruturação. Passa, pouco depois, para o "corporate finance" da sociedade de investimentos Efisa e daí para a direcção do banco. Seguem-se o Banco de Fomento Exterior e o BPI.

Até que António Mexia lhe lança o desafio que a afastaria da mundo financeiro. É assim que, aos 36 anos, entra na Gás de Portugal como directora de planeamento estratégico e fusões e aquisições. Daí até à administração da Transgás apenas necessitou de um par de anos. E foi meio caminho andado para o "board" da Galp Energia, ficando também a presidir à Galp Power.

Até que Mexia lhe trocou novamente as voltas, recrutando-a para o conselho de administração executivo da EDP, em Março de 2006. Ao atribuir-lhe o pelouro das energias renováveis, abrir-lhe-ia o caminho para que se tornasse na primeira mulher a liderar a presidência executiva de uma cotada nacional com presença no PSI-20, o que deverá acontecer em breve.

Mulher, jovem, atraente "e loira". E que mais? "É uma senhora", garante mesmo quem não morre de amores por Ana Maria Fernandes. "Gestora de porta aberta, é uma pessoa simples que se adapta às pessoas, independentemente do seu estatuto. Ela sabe cativar", diz um colaborador.

Mais de perto, garante-se que tudo o que a gestora conquistou se deve à sua capacidade de análise e de leitura estratégica. À dedicação, empenho e energia que sempre colocou nos projectos em que esteve envolvida.

Terá Ana Maria Fernandes uma relação privilegiada com António Mexia? Claro, pelas melhores razões, acrescenta quem conhece dos dois. "Nenhum líder a escolheria tantas vezes se ela não tivesse competências para tal, pois dos resultados que obtém dependem os resultados do próprio líder. Se ela não fosse competente, Mexia já a teria deixado cair. É uma questão racional. Nas grandes empresas não se brinca às casinhas".

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